Para mercado, ação do BC contra alta do dólar ainda é improvável
Banco Central pode evitar vender dólares mesmo com a valorização da moeda, segundo analistas do mercado
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2011 às 14h05.
São Paulo - O Banco Central (BC) provavelmente continuará fora do mercado de câmbio por ora, evitando vender dólares mesmo após a rápida valorização da moeda, que encostou em 1,80 real, avaliam profissionais de mercado.
Embora o dólar tenha subido cerca de 12 por cento neste mês, para o maior nível desde julho de 2010, o fluxo de capitais para o país continua positivo e a taxa de câmbio ainda não ameaça a estabilidade econômica do país, ao contrário da última crise financeira, argumentam os agentes de mercado.
"Não vislumbro essa possibilidade", disse o diretor de câmbio da Fair Corretora, Mario Battistel. "Quando a gente fala em ele (BC) vender, é que se imagina que o dólar esteja muito alto. Mas na verdade o consenso é de que está baixo."
O gerente de operações da Banif Securities, Arnaldo Puccinelli, lembra que a última vez em que o governo queimou reservas para aumentar a oferta de dólares foi em 3 de fevereiro de 2009, quando o dólar estava acima de 2,30 reais.
Naquela ocasião, o mercado global ainda sofria com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers poucos meses antes, que derrubou o mundo em recessão e provocou um colapso momentâneo nas linhas de crédito interbancário, provocando uma fuga de capitais de países emergentes como o Brasil.
Uma repetição desse cenário poderia ocorrer com um eventual calote da Grécia, afirmam operadores. "Acho que ainda está um pouco longe (para o BC vender dólares). Só se a Grécia der 'default'", disse o operador de uma corretora em São Paulo.
Até semana passada, BC ainda comprava
Mas, por enquanto, a entrada de dólares no país continua. Os dados mais recentes do BC revelam fluxo positivo de 8,120 bilhões de dólares em setembro até dia 9, com entrada líquida de 67,933 bilhões de dólares neste ano.
Na opinião do chefe da tesouraria de um banco dealer de câmbio, que preferiu não ser identificado, somente uma rápida reversão no cenário faria o BC intervir no mercado antes de 1,90 real. "O fluxo e o nível (cotação) ainda estão 'ok'."
O BC vinha intervindo no mercado de câmbio no sentido contrário, comprando dólares de forma ininterrupta este ano até a semana passada, quando a moeda era cotada a 1,71 real.
Com a compra de dólares no mercado, o Brasil acumula mais de 350 bilhões de dólares em reservas internacionais, recorde histórico. Autoridades enaltecem as reservas como uma importante proteção contra crises internacionais.
Uma possível intervenção antes da venda de dólares no mercado à vista poderia ser no mercado futuro, via contratos de swap cambial, afirmou o tesoureiro do banco dealer. A principal pressão para a alta recente do dólar é oriunda do mercado futuro, onde investidores estrangeiros têm ajustado posições após apostarem com força no começo do ano pela queda do dólar.
"Só nesse mês vencem 2 bilhões de dólares (em swap cambial reverso) que ele (BC) deve deixar vencer e poderia antecipar os outros vencimentos, como já fez no passado. Isso é melhor que vender reserva", disse o tesoureiro, mencionando o menor custo de carregamento da posição para o governo.
São Paulo - O Banco Central (BC) provavelmente continuará fora do mercado de câmbio por ora, evitando vender dólares mesmo após a rápida valorização da moeda, que encostou em 1,80 real, avaliam profissionais de mercado.
Embora o dólar tenha subido cerca de 12 por cento neste mês, para o maior nível desde julho de 2010, o fluxo de capitais para o país continua positivo e a taxa de câmbio ainda não ameaça a estabilidade econômica do país, ao contrário da última crise financeira, argumentam os agentes de mercado.
"Não vislumbro essa possibilidade", disse o diretor de câmbio da Fair Corretora, Mario Battistel. "Quando a gente fala em ele (BC) vender, é que se imagina que o dólar esteja muito alto. Mas na verdade o consenso é de que está baixo."
O gerente de operações da Banif Securities, Arnaldo Puccinelli, lembra que a última vez em que o governo queimou reservas para aumentar a oferta de dólares foi em 3 de fevereiro de 2009, quando o dólar estava acima de 2,30 reais.
Naquela ocasião, o mercado global ainda sofria com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers poucos meses antes, que derrubou o mundo em recessão e provocou um colapso momentâneo nas linhas de crédito interbancário, provocando uma fuga de capitais de países emergentes como o Brasil.
Uma repetição desse cenário poderia ocorrer com um eventual calote da Grécia, afirmam operadores. "Acho que ainda está um pouco longe (para o BC vender dólares). Só se a Grécia der 'default'", disse o operador de uma corretora em São Paulo.
Até semana passada, BC ainda comprava
Mas, por enquanto, a entrada de dólares no país continua. Os dados mais recentes do BC revelam fluxo positivo de 8,120 bilhões de dólares em setembro até dia 9, com entrada líquida de 67,933 bilhões de dólares neste ano.
Na opinião do chefe da tesouraria de um banco dealer de câmbio, que preferiu não ser identificado, somente uma rápida reversão no cenário faria o BC intervir no mercado antes de 1,90 real. "O fluxo e o nível (cotação) ainda estão 'ok'."
O BC vinha intervindo no mercado de câmbio no sentido contrário, comprando dólares de forma ininterrupta este ano até a semana passada, quando a moeda era cotada a 1,71 real.
Com a compra de dólares no mercado, o Brasil acumula mais de 350 bilhões de dólares em reservas internacionais, recorde histórico. Autoridades enaltecem as reservas como uma importante proteção contra crises internacionais.
Uma possível intervenção antes da venda de dólares no mercado à vista poderia ser no mercado futuro, via contratos de swap cambial, afirmou o tesoureiro do banco dealer. A principal pressão para a alta recente do dólar é oriunda do mercado futuro, onde investidores estrangeiros têm ajustado posições após apostarem com força no começo do ano pela queda do dólar.
"Só nesse mês vencem 2 bilhões de dólares (em swap cambial reverso) que ele (BC) deve deixar vencer e poderia antecipar os outros vencimentos, como já fez no passado. Isso é melhor que vender reserva", disse o tesoureiro, mencionando o menor custo de carregamento da posição para o governo.