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Otimismo para 2021, mas ‘consenso é perigoso’, diz Calabresi, da Garde

Em evento anual da gestora, especialistas veem ano de retomada após a crise, mas alertam que situação de amplo otimismo remete ao início de 2020

A bolsa é uma apostas da gestora Garde para o próximo ano (Germano Lüders/Exame)

A bolsa é uma apostas da gestora Garde para o próximo ano (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 07h50.

Última atualização em 9 de dezembro de 2020 às 09h56.

A pandemia que relegou a maioria das pessoas ao confinamento ao longo de 2020 também fez a Garde, uma das mais tradicionais gestoras de recursos do país, a realizar o seu evento anual com investidores pela primeira vez à distância. E, ao longo de quase duas horas de evento, um dos pontos de atenção levantados pela casa foi em relação aos cenários do mercado para 2021: todos estão muito parecidos, o que acaba se tornando bastante perigoso, segundo o diretor de investimentos (CIO) da Garde, Carlos Calabresi.

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“Espera-se uma normalização da economia [no ano que vem], com juro baixo, liquidez alta e provavelmente um crescimento forte, saindo de um ano muito ruim, o que é bom para as empresas. O problema é que o cenário está muito parecido: todo mundo tem mais ou menos essa visão e o consenso é sempre algo bastante perigoso. Todo mundo investe nos mesmos ativos, as posições podem ficar esticadas e, se algo sai errado, isso pode ser um problema”, disse ele.

Calabresi afirma que esse desenho é semelhante, inclusive, ao que se viu justamente na virada de 2019 para 2020, quando as expectativas também eram as de deixar anos de crescimento minguado para trás e passar para um período de recuperação no Brasil, sobretudo com a menor pressão externa vinda da guerra comercial após o primeiro acordo comercial entre China e EUA. Àquela altura, lembra, apenas as eleições americanas no fim do ano eram o grande ponto de atenção. “Esse cenário resistiu dois meses. Caiu um meteoro na cabeça do mercado”, recorda.

A despeito do risco, porém, o diretor da Garde pontuou fatores diversos que dão amparo a uma perspectiva mais favorável para 2021. Segundo ele, a primeira grande questão é em relação à própria pandemia porque, mesmo com o receio de uma segunda onda de contaminações, também surgem com força as notícias sobre avanços e planos de vacinação da população, no Brasil e no mundo.

Soma-se a isso a transição na Casa Branca, com a chegada de Joe Biden como novo presidente americano, que provavelmente adotará uma retórica mais moderada nas disputas por hegemonia global com a China e com nomeações de cargos ao gosto do mercado, caso de Janet Yellen, ex-Fed (banco central americano), para a Secretaria do Tesouro.

Para dosar o otimismo, numa ponta, com os riscos de correção de preços, na outra, a Garde mantém posições compradas em bolsa brasileira mais do que americana e também em moedas do G7 (grupo que reúne sete dos países mais ricos do mundo) e da Ásia (com exceção do Japão), além de atuar “vendida” (apostando na queda) em moedas latino-americanas e euro.

A gestora está ainda comprada em real e carrega posições em NTN-Bs (títulos ligados à inflação), além de ter posições em juros americanos com vencimento de longo prazo, um típico investimento entre os mais seguros do mundo.

Além de Calabresi, falaram no evento os consultores políticos Luciano Dias e José Luiz Portela, o economista-chefe da Garde, Daniel Weeks, e o CEO da gestora, Marcelo Giufrida. A apresentação do evento, que está disponível no canal da Garde no YouTube, foi realizada por Nathalia Cataldo.

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