Otimismo do mercado começa ser testado nesta quarta-feira
O mercado vê um cenário favorável à aprovação da reforma, mas o prazo de tramitação gera angústia
Karla Mamona
Publicado em 13 de março de 2019 às 07h30.
Última atualização em 13 de março de 2019 às 08h00.
(Bloomberg) -- O bom humor do mercado, que se reflete na 3ª queda seguida do dólar e do CDS brasileiro, deve ser testado já nesta quarta-feira, com a tentativa da Câmara de criar a Comissão de Constituição e Justiça - que marcará o início da tramitação da ambiciosa reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro .
O mercado não conta com dificuldades para a aprovação da reforma na CCJ, mas a comissão será importante para dar a largada no processo e evitar o pessimismo com o prazo para aprovação da reforma. A possibilidade de instalação ainda antes do carnaval não foi confirmada e um novo atraso poderia ser mal recebido pelo mercado. “A CCJ é crucial, embora seja apenas o início do jogo”, diz Tony Volpon, economista-chefe do UBS Brasil, em entrevista por telefone.
O mercado vê um cenário favorável à aprovação da reforma, mas o prazo de tramitação gera angústia. Isso porque o primeiro mandato de um novo presidente é visto como o melhor momento para se aprovar propostas potencialmente impopulares, dado que o governo ainda não sofreu muito desgaste. Além disso, 2019 é um ano sem eleições, o que favorece o voto deste tipo de matéria, ao contrário de 2020, que terá eleição de prefeitos.
Um prazo estendido da tramitação ainda traria o risco de abrir um flanco para algum fato totalmente inesperado, que pudesse minar o capital político do governo, como ocorreu com Temer e o caso JBS, diz Volpon. O ex-presidente, recorde-se, estava perto de aprovar sua PEC de reforma quando foi surpreendido pela delação dos irmãos Batista, da JBS.
Em termos de discussão dos detalhes da reforma, a comissão temática terá maior peso que a CCJ. Será na comissão específica da PEC da Previdência que os deputados devem debater a esperada desidratação da proposta. Para o economista do UBS, mesmo que a economia diminua dos R$ 1,1 trilhão previstos originalmente para cerca de R$ 800 bilhões, a reforma ainda deverá ser vista pelo mercado como robusta.