Exame Logo

Os artesãos das finanças

Conheça os gestores de fundos especialistas que foram premiados nesta edição do Guia EXAME de Investimentos Pessoais

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2010 às 21h02.

Se há uma área do mercado financeiro que não sucumbiu à onda de consolidações, essa área é a de gestão de fundos de investimento. A administração de recursos não depende de grandes estruturas ou de escalas gigantescas. Seu grande alicerce são profissionais de primeira linha, espécie de artesãos das finanças, capazes de fazer o dinheiro de seus clientes crescer de maneira muito mais acelerada do que a maioria dos grandes bancos seria capaz.

É exatamente em reconhecimento ao trabalho desses profissionais que EXAME premia -- pelo quarto ano consecutivo -- os gestores de fundos especialistas. Chamá-los de "pequenos" gestores seria não só depreciativo como também incorreto. "Não é possível comparar o trabalho de um especialista com o de um banco com milhares de agências", diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (Eaesp/FGV), responsável pela elaboração do guia. "O perfil e as necessidades dos clientes são muito diferentes."

Veja também

Para ser considerado especialista, um gestor tem de administrar um patrimônio inferior a 0,5% do total de uma determinada categoria de fundos analisada pelo guia. Por exemplo, o patrimônio total dos fundos de ações analisados é de 9,3 bilhões de reais. Assim, gestores com até 465 milhões de reais em fundos de ações analisados são considerados especialistas para fins de premiação. Neste ano, foram analisados 177 fundos geridos por 81 especialistas, representando um patrimônio de 20 bilhões de reais. Nesta edição, o prêmio vai para seis especialistas. Dois deles demonstraram uma excepcional constância e mantiveram a premiação obtida no ano anterior.

A GESTORA CARIOCA MERCATTO foi escolhida a especialista do ano, devido à consistência de seu trabalho. Em 2006, foram analisados cinco de seus fundos. Todos eles ficaram entre os melhores do mercado: quatro receberam o prêmio máximo de cinco estrelas e um recebeu quatro estrelas. A Mercatto é uma empresa pequena -- tem 30 funcionários, dos quais seis são gestores, responsáveis por administrar 30 fundos, de renda fixa, ações e multimercados. "Somos especialistas nos nichos em que atuamos. Em renda fixa, nosso foco são os títulos privados. Quase 100% do patrimônio do fundo Mercatto Top Crédito RF, por exemplo, está investido em papéis de dívida de empresas. São títulos como debêntures, CDBs, fundos de recebíveis (FIDCs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs)", diz Regis Abreu, sócio da Mercatto responsável pela gestão. Eles também estão entre os únicos gestores que investem nos novos títulos do agronegócio, os Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).

Melhores gestores especialistas
Gestor Patrimônio no Guia
(R$ milhões)
Nota Final(1)
1 - Mercatto
333,0
34,7%
2 - Fator
1 144,8
25,0%
3 - Sumitomo
99,6
20,0%
4 - Alfa
1 165,9
19,7%
5 - ARX
714,9
19,1%
6 - Concórdia
340,8
17,5%
7 - Geração
85,9
14,7%
8 - Credit Agricole
937,4
14,6%
9 - Mellon Global
1 273,2
14,2%
10 - Nito
109,7
13,2%
(1) Anota de um gestor varia de 0% a 100% e é calculada pela relação entre o patrimônio premiado com 5 e 4 estrelas e o patrimônio total administrado
Fonte: Centro de Estudos em Finanças da FGV/Eaesp

Nos fundos de ações, a estratégia é fundamentalista. "Buscamos entender a empresa e até participar de algumas decisões. Não interferimos na gestão nem nomeamos diretores, mas nos interessamos em conhecer mais do negócio, participando de reuniões estratégicas com os controladores", afirma Abreu. Os gestores também procuram investir em grandes empresas, como Gerdau, Itaú e Sadia -- tanto na renda fixa como na renda variável. Segundo Abreu, essas empresas reúnem três características consideradas essenciais, de acordo com a filosofia de gestão da Mercatto: elas têm uma posição de liderança nos setores em que atuam, apresentam bons resultados e são bem administradas e transparentes.

Especialista do ano | Mercatto
Regis Lemos de Abreu Filho
Idade: 35
Formação: economia na Universidade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro
Tempo de mercado: 15 anos
Trabalhos anteriores: Bozano, Simonsen, Montreal e SRL

A MELLON GLOBAL FOI ESCOLHIDA a melhor gestora especialista de fundos alavancados. Subsidiária de uma das maiores empresas de administração do mundo, com 850 bilhões de dólares em ativos, a empresa administra cerca de 4 bilhões de reais no Brasil, onde está desde o ano de 1998. Inicialmente, a Mellon atuou em parceria com o grupo Brascan, mas decidiu trabalhar sozinha em 2004. No guia, ela participa com três fundos, num total de 1,3 bilhão de reais. Sua premiação deveu-se ao bom desempenho do fundo Mellon Hedge Multimercado, que rendeu cerca de 21% nos 12 meses encerrados no dia 30 de junho. A estratégia por trás desse desempenho foi uma avaliação correta e em tempo hábil das turbulências de maio, segundo Dellano Franco, responsável pela administração de recursos da empresa. "Quando o mercado internacional começou a dar sinais de estresse, tomamos a decisão de reduzir o risco de nossas carteiras", diz Franco. "Tomamos a possibilidade de crise mais seriamente que o restante do mercado, o que nos defendeu da turbulência."

Alavancados | Mellon
Dellano Franco
Idade: 33
Formação: economia e mestre em economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro
Tempo de mercado: 13 anos
Trabalho anterior: Banco Icatu

O BANCO CALYON, que surgiu da fusão entre os franceses Crédit Agricole e Crédit Lyonnais, foi escolhido o melhor gestor especialista na categoria de fundos de renda fixa. Seus dois maiores fundos referenciados DI no guia receberam cinco e quatro estrelas. A receita foi diversificar o patrimônio dos fundos. "Os prêmios de risco dos títulos públicos estão caindo, por isso, buscamos mais crédito privado", diz Fábio Faria, diretor da empresa de gestão do Calyon. "Temos um comitê que avalia o risco de crédito das companhias e também sua liquidez, já que nossos fundos têm liquidez diária e não pensamos em mudar isso." O Calyon participa com oito fundos no guia, num total de 937 milhões de reais. Para permitir os resgates diários dos cotistas, sua estratégia é mesclar títulos menos negociados, como debêntures de empresas, com papéis mais líquidos, como os Certificados de Depósito Bancário (CDB) dos bancos. "Também estamos avaliando fundos de recebíveis e podemos começar a colocá-los em nossas carteiras", diz Ricardo Colin, gestor de fundos de renda fixa do banco.

Renda Fixa | Calyon
Fábio Faria
Idade: 44
Formação: engenharia na Universidade Mackenzie, de São Paulo
Tempo de mercado: 18 anos
Trabalho anterior: Lloyds Bank

A PALAVRA ARX, DO LATIM, quer dizer "fortaleza". O nome reflete a filosofia de gestão da empresa carioca ARX Capital, que foi escolhida pelo segundo ano consecutivo o melhor gestor especialista de fundos de ações. "Nossa estratégia preferida é comprar ações baratas e nos beneficiarmos de um cenário macroeconômico favorável", diz José Alberto Tovar, sócio da empresa. Até agora, a fortaleza tem resistido bem. Seu fundo premiado, o ARX FIA, recebeu cinco estrelas em 2006, em 2005 e nos três anos encerrados em 30 de junho de 2006. As ações escolhidas são de empresas conhecidas, como Itaúsa, controladora do banco Itaú, Petrobras, Gerdau e ALL. Um investimento recente são as ações da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). "A empresa deverá ser beneficiada tanto pelo esperado aumento dos preços da energia quanto pela forte redução em seu endividamento", diz Bruno Garcia, gestor de fundos de ações da ARX.

Ações | ARX
José Alberto Tovar
Idade: 46
Formação: economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro
Tempo de mercado: 22 anos
Trabalho anterior: J.P. Morgan
Carlos Eduardo Ramos
Idade: 46
Formação: engenharia pela Escola de Engenharia Veiga de Almeida (já extinta)
Tempo de mercado: 21 anos
Trabalhos anteriores: Banco Graphus, Opportunity e Schain Cury

O BANCO SUMITOMO é, pelo segundo ano consecutivo, o melhor gestor especialista de fundos cambiais. Seus fundos cambiais têm uma estratégia curiosa: só aplicam em títulos públicos federais indexados ao dólar. Além de curiosa, complicada, já que o governo praticamente zerou a parcela de sua dívida atrelada à moeda americana -- em 2004, a participação de papéis cambiais no total da dívida pública era de quase 25%. Mesmo assim, o banco não alterou sua estratégia. "Continuamos sendo bastante conservadores, porque seguimos a orientação da matriz", diz Edson Eiji Takakura, responsável pela gestão dos fundos cambiais do banco. "Além disso, esse é o perfil dos nossos clientes: a maioria são empresas japonesas que buscam hedge investindo num fundo cambial." Segundo Takakura, os cotistas do fundo não costumam movimentar muito a carteira, o que não pressiona a liquidez. Os números mostram que o interesse pelo fundo cambial do banco é crescente: seu patrimônio, que era de 7 milhões de reais no início deste ano, hoje está próximo de 20 milhões de reais.

Cambial | Sumitomo
Edson Eiji Takakura
Idade: 41
Formação: matemática na Universidade de São Paulo
Tempo de mercado: 21 anos
Trabalhos anteriores: começou a carreira no Sumitomo

O BANCO ALFA, escolhido melhor gestor de fundos multirriscos, tem 3,4 bilhões de reais sob administração, dos quais 1,1 bilhão de reais em 11 fundos analisados no guia. "Começamos como um banco focado em operações de crédito e mercado de capitais", diz Fábio Amorosino, responsável pela empresa de gestão de recursos do Alfa. "Agora, queremos consolidar nossa imagem como administradores de recursos." O principal fundo premiado, o Alfa Termo Multimercado, rendeu 19,25% nos 12 meses encerrados em junho. Não foi o fundo mais rentável de sua categoria, mas foi um dos mais estáveis. "Nossa estratégia é buscar rentabilidade sem volatilidade exagerada", diz Amorosino. Para isso, os gestores -- Juscelino Florido e Benny Fiterman -- mantiveram o risco do fundo sob vigilância, investindo em títulos públicos de curto prazo. "Evitamos a volatilidade dos títulos públicos indexados a índices de preço, que oscilaram muito em maio", diz Amorosino. "O risco não compensava, por isso ficamos de fora."

Multirriscos | Banco Alfa
Benny Fiterman
Idade: 45
Formação: engenharia na FEI, de São Paulo
Tempo de mercado: 6 anos
Trabalho anterior: não informado
Fábio Amorosino
Idade: 40
Formação: administração na FAAP
Tempo de mercado: 17 anos
Trabalho anterior: Citibank e Banco ING
Juscelino Florido
Idade: 46
Formação: economia na Universidade São Judas
Tempo de mercado: 22 anos
Trabalho anterior: iniciou a carreira no Alfa
Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mercados

Mais na Exame