Operadores revertem aposta e veem 1ª queda da Selic em dois anos
O BC aumentou a Selic cinco vezes este ano para conter a inflação, mas o desaquecimento da economia global pode levar à redução do juro básico
Da Redação
Publicado em 5 de agosto de 2011 às 09h03.
Nova York e Brasília - Operadores do mercado de futuros, que há três semanas previam aumento da taxa Selic, agora esperam que o Banco Central reduza o juro básico pela primeira vez em dois anos com o desaquecimento da economia mundial.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro de 2012 caiu ontem cinco pontos-base, ou 0,05 ponto percentual, a maior queda desde 30 de março, para 12,39 por cento. A movimentação sugere que o mercado espera que o Comitê de Política Monetária reduza a Selic, atualmente em 12,5 por cento, até dezembro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Seria o primeiro corte desde janeiro de 2009. Ainda em 15 de julho, o mercado previa que o Copom subiria o juro este mês. A última aposta do mercado na redução da Selic foi em janeiro.
Bancos centrais da Suíça e Turquia fizeram cortes inesperados nos juros nos últimos dois dias e o Ibovespa desabou para a menor pontuação em dois anos ontem, com temores de que a economia americana volte à recessão. A probabilidade de redução de juros na Austrália no mês que vem subiu de 4 por cento em 1º de agosto para 36 por cento, segundo o Credit Suisse Group AG. O presidente do BC, Alexandre Tombini, aumentou a Selic cinco vezes este ano para conter a maior inflação em seis anos.
O mercado de juros futuros está “precificando algum risco de materialização de um cenário catastrófico”, disse Gustavo Rangel, economista-chefe para Brasil do ING Financial Markets em Nova York, em entrevista por telefone. “Dá pra sentir um ajuste do sentimento em relação à recuperação global. Se os Estados Unidos realmente caminharem nessa direção e houver uma grande implosão na Europa, é de se esperar uma reação do Brasil.”
‘Mais confortável’
Os títulos da dívida pública brasileira avançaram esta semana, com especulações de que a desaceleração do crescimento vai ajudar a reduzir a inflação em 12 meses dos atuais 6,75 por cento. O rendimento das Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2021 caiu 29 pontos-base, a maior baixa desde fevereiro, para 12,55 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Tombini afirmou ontem que o BC se sente “mais confortável” com a inflação porque o avanço dos preços ao consumidor vai se desacelerar em setembro. O BC afirmou em comunicado enviado ontem por e-mail que não comenta sobre movimentos de mercado.
A produção industrial caiu 1,6 por cento em junho, a segunda maior queda desde 2008, segundo relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2 de agosto. De acordo com pesquisa do BC com o mercado publicada esta semana, a economia vai crescer 3,96 por cento este ano, após uma expansão de 7,5 por cento em 2010 que foi a mais forte em mais de duas décadas.
‘Liquidando’
Bolsas no mundo inteiro desabaram ontem, eliminando US$ 2 trilhões em valor de mercado em uma semana, em resposta a indicadores mostrando queda do gasto do consumidor nos EUA em junho, retração da produção industrial no Reino Unido e na Austrália e desaceleração da atividade nas fábricas na Europa e na China. O rendimento dos títulos públicos com prazo de 10 anos de Itália e Espanha ultrapassou os 6 por cento, maior patamar desde a adoção do euro em 1999, reforçando receios de agravamento da crise de dívida na Europa, que já dura 21 meses.
“As pessoas estão liquidando o que têm”, disse Maurício Junqueira, que ajuda a administrar cerca de US$ 300 milhões na Squanto Investimentos, em entrevista por telefone de São Paulo. “Os mercados no mundo todo estão precificando a possibilidade de recessão.”
Para Roberto Padovani, economista-chefe do Banco WestLB do Brasil SA em São Paulo, o BC vai manter os juros inalterados durante todo o ano que vem em meio à pressão do aumento de crédito e da queda do desemprego sobre a inflação.
“Nos países avancados poderá ter corte de juros, mas nas economias emergentes, com o mercado doméstico aquecido, vai levar algum tempo, provavelmente em 2013”, disse Padovani em entrevista por telefone.
O volume de crédito no País subiu 1,6 por cento em junho, na comparação com maio, disse do BC em 27 de julho. O desemprego caiu para 6,2 por cento em junho, contra a taxa média de 8,3 por cento desde agosto de 2005.
“O mundo está caminhando para o cenário de risco de todos os BCs”, disse Diego Donadio, estrategista para a América Latina do Banco BNP Paribas Brasil SA em São Paulo, em entrevista por telefone. “Todos os BCs estão agindo de forma mais dovish.”
Nova York e Brasília - Operadores do mercado de futuros, que há três semanas previam aumento da taxa Selic, agora esperam que o Banco Central reduza o juro básico pela primeira vez em dois anos com o desaquecimento da economia mundial.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro de 2012 caiu ontem cinco pontos-base, ou 0,05 ponto percentual, a maior queda desde 30 de março, para 12,39 por cento. A movimentação sugere que o mercado espera que o Comitê de Política Monetária reduza a Selic, atualmente em 12,5 por cento, até dezembro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Seria o primeiro corte desde janeiro de 2009. Ainda em 15 de julho, o mercado previa que o Copom subiria o juro este mês. A última aposta do mercado na redução da Selic foi em janeiro.
Bancos centrais da Suíça e Turquia fizeram cortes inesperados nos juros nos últimos dois dias e o Ibovespa desabou para a menor pontuação em dois anos ontem, com temores de que a economia americana volte à recessão. A probabilidade de redução de juros na Austrália no mês que vem subiu de 4 por cento em 1º de agosto para 36 por cento, segundo o Credit Suisse Group AG. O presidente do BC, Alexandre Tombini, aumentou a Selic cinco vezes este ano para conter a maior inflação em seis anos.
O mercado de juros futuros está “precificando algum risco de materialização de um cenário catastrófico”, disse Gustavo Rangel, economista-chefe para Brasil do ING Financial Markets em Nova York, em entrevista por telefone. “Dá pra sentir um ajuste do sentimento em relação à recuperação global. Se os Estados Unidos realmente caminharem nessa direção e houver uma grande implosão na Europa, é de se esperar uma reação do Brasil.”
‘Mais confortável’
Os títulos da dívida pública brasileira avançaram esta semana, com especulações de que a desaceleração do crescimento vai ajudar a reduzir a inflação em 12 meses dos atuais 6,75 por cento. O rendimento das Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2021 caiu 29 pontos-base, a maior baixa desde fevereiro, para 12,55 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Tombini afirmou ontem que o BC se sente “mais confortável” com a inflação porque o avanço dos preços ao consumidor vai se desacelerar em setembro. O BC afirmou em comunicado enviado ontem por e-mail que não comenta sobre movimentos de mercado.
A produção industrial caiu 1,6 por cento em junho, a segunda maior queda desde 2008, segundo relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2 de agosto. De acordo com pesquisa do BC com o mercado publicada esta semana, a economia vai crescer 3,96 por cento este ano, após uma expansão de 7,5 por cento em 2010 que foi a mais forte em mais de duas décadas.
‘Liquidando’
Bolsas no mundo inteiro desabaram ontem, eliminando US$ 2 trilhões em valor de mercado em uma semana, em resposta a indicadores mostrando queda do gasto do consumidor nos EUA em junho, retração da produção industrial no Reino Unido e na Austrália e desaceleração da atividade nas fábricas na Europa e na China. O rendimento dos títulos públicos com prazo de 10 anos de Itália e Espanha ultrapassou os 6 por cento, maior patamar desde a adoção do euro em 1999, reforçando receios de agravamento da crise de dívida na Europa, que já dura 21 meses.
“As pessoas estão liquidando o que têm”, disse Maurício Junqueira, que ajuda a administrar cerca de US$ 300 milhões na Squanto Investimentos, em entrevista por telefone de São Paulo. “Os mercados no mundo todo estão precificando a possibilidade de recessão.”
Para Roberto Padovani, economista-chefe do Banco WestLB do Brasil SA em São Paulo, o BC vai manter os juros inalterados durante todo o ano que vem em meio à pressão do aumento de crédito e da queda do desemprego sobre a inflação.
“Nos países avancados poderá ter corte de juros, mas nas economias emergentes, com o mercado doméstico aquecido, vai levar algum tempo, provavelmente em 2013”, disse Padovani em entrevista por telefone.
O volume de crédito no País subiu 1,6 por cento em junho, na comparação com maio, disse do BC em 27 de julho. O desemprego caiu para 6,2 por cento em junho, contra a taxa média de 8,3 por cento desde agosto de 2005.
“O mundo está caminhando para o cenário de risco de todos os BCs”, disse Diego Donadio, estrategista para a América Latina do Banco BNP Paribas Brasil SA em São Paulo, em entrevista por telefone. “Todos os BCs estão agindo de forma mais dovish.”