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Octavio de Barros, do Bradesco, vê câmbio mais perto de R$ 1,80

O diretor do Departamento de Economia do Bradesco afirmou também que acredita em mais cortes na taxa básica de juros

Barros: “O câmbio dificilmente vai ficar abaixo de R$ 1,70, como imaginávamos antes, e diversos fatores conspiram para um dólar mais para a faixa de R$ 1,80” (Germano Lüders/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2011 às 12h27.

São Paulo - O Banco Bradesco SA revisou para cima sua expectativa de cotação do dólar em relação ao real, segundo o diretor do Departamento de Economia, Octavio de Barros.

“O câmbio dificilmente vai ficar abaixo de R$ 1,70, como imaginávamos antes, e diversos fatores conspiram para um dólar mais para a faixa de R$ 1,80”, disse Barros, em entrevista na sede do banco, em Osasco, São Paulo.

O dólar caiu 6,8 por cento nos cinco dias até ontem, para R$ 1,7632, a maior sequência de baixa em três meses, com a promessa de líderes europeus de um plano para recapitalizar os bancos do continente. A moeda americana havia subido 18,2 por cento em setembro, com o receio de calote da Grécia e após o Banco Central brasileiro reduzir inesperadamente a taxa básica em 0,5 ponto percentual, para 12 por cento, em decisão de 31 de agosto.

O Bradesco publicou em 7 de outubro um relatório a clientes definindo a estimativa para a moeda americana no fim deste ano em R$ 1,80.

A aversão ao risco com a crise internacional, a tributação sobre a entrada de capitais e uma possível deterioração de termos de troca com a redução nos preços das commodities, aliados à queda das taxas de juros internas, ajudam a manter o real mais fraco, disse o diretor do Bradesco.

Efeito da China

Outros fatores podem limitar a depreciação do real, de acordo com Barros. A penúria de oportunidades em um mundo de juros reais negativos persiste, em oposição às vastas possibilidades de negócios em um país previsível e de baixo risco como o Brasil, disse o diretor do Bradesco. São, segundo ele, as “forças gravitacionais” que pressionam a favor da valorização do real.

Relatórios de pesquisa estimando que a China poderia desacelerar mais do que moderadamente, o que não é o cenário principal do Bradesco, estão circulando no mercado, segundo Barros. O Brasil é muito sensível à China, um dos grandes compradores de exportações brasileiras, disse o economista.

“Se a China entrasse na roda da crise, a combinação de queda nos preços das commodities e de redução nas taxas de juros esperada por aqui nos obrigaria a revisar a cotação do real para um nível ainda mais depreciado do que estávamos dispostos a admitir”, segundo ele.

Uma eventual desaceleração do crescimento da China poderia acelerar a queda dos juros no Brasil, disse Octavio de Barros. “Se a China entrar na roda, os juros no Brasil poderão atingir níveis em torno de 9 por cento”, segundo Barros, que disse não considerar este o cenário mais provável.


Desaquecimento moderado

Octavio de Barros disse acreditar em mais cortes de 0,5 ponto percentual na Selic por mais três ou quatro vezes até o final de 2012, para 10 a 10,5 por cento. Ele vê apenas um desaquecimento moderado em curso no Brasil, visto que a indústria não é mais o “driver” do crescimento econômico brasileiro.

A desaceleração mundial, segundo ele, também “tempera” as pressões inflacionárias no Brasil. A inflação de serviços fica à parte disso, pois é “turbinada” por um mercado de trabalho ainda dinâmico, disse o economista.

“A alta inflação dos serviços nos acompanhará por alguns anos, impulsionada pela inclusão social inacabada”, disse o diretor do Bradesco.

Acima do centro da meta

Segundo Barros, a inflação ainda ficará acima do centro da meta de 4,5 por cento em 2012, devendo fechar o ano que vem a 5,8 por cento. A alta dos preços deverá ser menor do que o índice fechado de 2011, de 6,5 por cento, disse Barros.

Para atingir o centro da meta de inflação de 4,5 por cento em 2012 o modelo do BC deve estar contemplando “silenciosa e secretamente” um crescimento abaixo de 3 por cento na economia, segundo o diretor do Bradesco. “É difícil imaginar o governo brasileiro se contentando com um crescimento abaixo de 3 por cento em 2012”, disse Barros.

A inflação ao consumidor brasileiro acelerou pelo terceiro mês seguido, limitando o espaço para o Banco Central ampliar o ritmo de redução do juro básico. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo teve alta de 0,53 por cento em setembro na comparação mensal, disse o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em comunicado distribuído no Rio de Janeiro em 7 de outubro. É o nível mais alto desde abril. O IPCA nos 12 meses até setembro acumulou 7,31 por cento.

Segundo o diretor do Bradesco, “uma agressiva redução de juros pelo Banco Central, caso se revele uma aventura, poderá nos surpreender se o custo dessa aventura não for tão elevado”. Ele disse que será a intensidade da crise que vai definir quem acertou e quem errou na avaliação sobre a tendência para a taxa de juros.

“Só não vale torcer para que a crise se transforme em uma hecatombe”, disse ele.

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“O câmbio dificilmente vai ficar abaixo de R$ 1,70, como imaginávamos antes, e diversos fatores conspiram para um dólar mais para a faixa de R$ 1,80”, disse Barros, em entrevista na sede do banco, em Osasco, São Paulo.

O dólar caiu 6,8 por cento nos cinco dias até ontem, para R$ 1,7632, a maior sequência de baixa em três meses, com a promessa de líderes europeus de um plano para recapitalizar os bancos do continente. A moeda americana havia subido 18,2 por cento em setembro, com o receio de calote da Grécia e após o Banco Central brasileiro reduzir inesperadamente a taxa básica em 0,5 ponto percentual, para 12 por cento, em decisão de 31 de agosto.

O Bradesco publicou em 7 de outubro um relatório a clientes definindo a estimativa para a moeda americana no fim deste ano em R$ 1,80.

A aversão ao risco com a crise internacional, a tributação sobre a entrada de capitais e uma possível deterioração de termos de troca com a redução nos preços das commodities, aliados à queda das taxas de juros internas, ajudam a manter o real mais fraco, disse o diretor do Bradesco.

Efeito da China

Outros fatores podem limitar a depreciação do real, de acordo com Barros. A penúria de oportunidades em um mundo de juros reais negativos persiste, em oposição às vastas possibilidades de negócios em um país previsível e de baixo risco como o Brasil, disse o diretor do Bradesco. São, segundo ele, as “forças gravitacionais” que pressionam a favor da valorização do real.

Relatórios de pesquisa estimando que a China poderia desacelerar mais do que moderadamente, o que não é o cenário principal do Bradesco, estão circulando no mercado, segundo Barros. O Brasil é muito sensível à China, um dos grandes compradores de exportações brasileiras, disse o economista.

“Se a China entrasse na roda da crise, a combinação de queda nos preços das commodities e de redução nas taxas de juros esperada por aqui nos obrigaria a revisar a cotação do real para um nível ainda mais depreciado do que estávamos dispostos a admitir”, segundo ele.

Uma eventual desaceleração do crescimento da China poderia acelerar a queda dos juros no Brasil, disse Octavio de Barros. “Se a China entrar na roda, os juros no Brasil poderão atingir níveis em torno de 9 por cento”, segundo Barros, que disse não considerar este o cenário mais provável.


Desaquecimento moderado

Octavio de Barros disse acreditar em mais cortes de 0,5 ponto percentual na Selic por mais três ou quatro vezes até o final de 2012, para 10 a 10,5 por cento. Ele vê apenas um desaquecimento moderado em curso no Brasil, visto que a indústria não é mais o “driver” do crescimento econômico brasileiro.

A desaceleração mundial, segundo ele, também “tempera” as pressões inflacionárias no Brasil. A inflação de serviços fica à parte disso, pois é “turbinada” por um mercado de trabalho ainda dinâmico, disse o economista.

“A alta inflação dos serviços nos acompanhará por alguns anos, impulsionada pela inclusão social inacabada”, disse o diretor do Bradesco.

Acima do centro da meta

Segundo Barros, a inflação ainda ficará acima do centro da meta de 4,5 por cento em 2012, devendo fechar o ano que vem a 5,8 por cento. A alta dos preços deverá ser menor do que o índice fechado de 2011, de 6,5 por cento, disse Barros.

Para atingir o centro da meta de inflação de 4,5 por cento em 2012 o modelo do BC deve estar contemplando “silenciosa e secretamente” um crescimento abaixo de 3 por cento na economia, segundo o diretor do Bradesco. “É difícil imaginar o governo brasileiro se contentando com um crescimento abaixo de 3 por cento em 2012”, disse Barros.

A inflação ao consumidor brasileiro acelerou pelo terceiro mês seguido, limitando o espaço para o Banco Central ampliar o ritmo de redução do juro básico. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo teve alta de 0,53 por cento em setembro na comparação mensal, disse o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em comunicado distribuído no Rio de Janeiro em 7 de outubro. É o nível mais alto desde abril. O IPCA nos 12 meses até setembro acumulou 7,31 por cento.

Segundo o diretor do Bradesco, “uma agressiva redução de juros pelo Banco Central, caso se revele uma aventura, poderá nos surpreender se o custo dessa aventura não for tão elevado”. Ele disse que será a intensidade da crise que vai definir quem acertou e quem errou na avaliação sobre a tendência para a taxa de juros.

“Só não vale torcer para que a crise se transforme em uma hecatombe”, disse ele.

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