O DIREITO A PORTAR ARMAS: enquanto aumentam os debates sobre proibir armas, as vendas de armamentos crescem / (Kevork Djansezian/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 15 de junho de 2016 às 21h10.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h26.
Se existe algum beneficiado inconteste do ataque à boate gay em Orlando, este é a indústria armamentista americana. Na segunda-feira, o dia após o massacre, as ações da Smith & Wesson e da Sturm Ruger, duas das principais fabricantes de armas do país, subiram, respectivamente, 6,8% e 8,5%.
Para as empresas, enquanto não houver uma restrição à venda, discutir o endurecimento à política de armas é sinal de lucro. É um jogo de cartas marcadas: acontece um crime chocante com armas de fogo, o presidente Barack Obama afirma que é preciso aumentar o controle para a compra de armas, os americanos correm para renovar seus estoques, as ações e as vendas sobem.
Só em 2016, foram 142 tiroteios em massa, resultando em 213 mortes. O presidente da Sturm Ruger, Michael Fifer, “celebrou” em seu discurso na última reunião anual da companhia o fato de que os ataques terroristas em San Bernardino e em Paris aumentaram as vendas de armas e munição. A Smith & Wesson apresenta hoje seu relatório anual. No trimestre que terminou em janeiro, a companhia divulgou um aumento de quase 61,5% nas vendas, de 130,5 milhões de dólares para 210,7 milhões. Os lucros dobraram.
Após o ataque de Orlando, a candidata democrata Hillary Clinton e o presidente Barack Obama voltaram a afirmar que são favoráveis ao controle de armas e vieram a público dizer que o lobby da Associação Nacional de Rifles no congresso tem que acabar. Ironicamente, analistas de Wall Street têm dito que eles são os melhores lobistas da indústria.