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O risco sobre o rating de 11 empresas brasileiras com operações na Argentina

Agência de classificação de risco aponta as companhias que mais possuem atividades no país vizinho

Situação da Argentina é tão triste quanto a letra de um tango (Getty Images)

Situação da Argentina é tão triste quanto a letra de um tango (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2012 às 11h35.

São Paulo – O cenário econômico na Argentina parece tão triste quanto a história de agonia contada em famosas letras de tango. Um relatório da agência de classificação de riscos Fitch lembra que as empresas do país têm lidado bem, com uma forte estrutura de capital, para mitigar os efeitos da alta inflação, intervenção governamental, incertezas econômicas e limitações ao mercado de crédito.

A situação complicada do país, porém, não afeta apenas companhias argentinas. Segundo uma pesquisa da Fitch, 33 empresas analisadas tem forte presença por meio de subsidiárias no país, sendo que para 16 delas, os ativos na Argentina tem correspondência relevante na operação total da empresa (ativos com valor acima de 500 milhões de dólares).

Apesar de terem desafios pela frente, a Fitch avalia que os ratings da maior parte dessas empresas não correm risco de rebaixamento mesmo no pior dos cenários, inclusive de expropriação. O Brasil tem 11 representantes na lista de empresas latinas expostas à Argentina:

América Latina Logística (ALLL3)

A ALL, com uma série de acordos de concessão, tem uma exposição muito limitada à Argentina. De acordo com a Fitch, apenas 6% da receita e 2% do ebitda (lucros antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa são gerados no país.

A Fitch lembra que a ALL tem duas empresas que opera concessões na Argentina, a ALL Meso e a ALL Central. “O esforço da ALL para apoiar esses negócios é moderado e ela pode eventualmente vender essas companhias”, afirmam os analistas da Fitch.


Os ajustes tarifários que influenciam nos contratos dessas empresas estão sujeitos a uma possível interferência governamental e os volumes negociados dependem do agronegócio, que tem uma performance volátil de acordo com condições climáticas.

O rating de longo prazo em moeda estrangeira da ALL é BB-

Brasil Foods (BRFS3)

A Fitch lembra que a BRF vê a Argentina como uma região estratégica para expandir, as operações atuais no país representam apenas 1% do total de ativos da empresa. A agência lembra que a companhia comprou no ano passado a Quickfoods, uma empresa argentina com receitas de 380 milhões de dólares no ano passado. “Mesmo com essa recente aquisição, a contribuição da Argentina para a receita da BRF continua abaixo de 4%”, dizem os analistas.

O rating de longo prazo em moeda estrangeira da Brasil Foods é BBB-

Camargo Corrêa

Embora mantenha negócios na Argentina por meio de sua subsidiária Loma Negra, a Fitch ressalta que, em 2011, 88% do ebitda da Camargo Corrêa foi gerado fora daquele país. A Loma Negra é uma empresa importante e líder do setor na Argentina. “O gasto de capital da Camargo em sua operação na Argentina é pequeno por conta da atual situação econômica”, afirma a Fitch.

O rating de longo prazo em moeda estrangeira da Camargo Corrêa é BB+

Ambev (AMBV4)

A Fitch avalia que a posição de forte geração de caixa da Ambev faz com que mesmo que a empresa perdesse todo seu negócio na Argentina, não seria suficiente para causar um rebaixamento no rating da empresa. A Ambev tem seus negócios no país por meio da Cerveceria y Malteria Quilmes, que, de acordo com estimativas da Fitch, contribuiu com aproximadamente 8% da receita da cervejaria em 2011.

O rating de longo prazo em moeda estrangeira da Ambev é A

Construtora Norberto Odebrecht

A empresa tem cinco projetos na Argentina, a maioria com empresas privadas, Segundo a Fitch. Como a estratégia da empresa é não concentrar atividades em nenhum país, a Fitch não espera que a exposição à Argentina aumente e ponha ratings em risco.

O rating de longo prazo em moeda estrangeira da Odebrecht é BBB-

JBS (JBSS3)

Mais uma empresa do setor de proteínas que não sofre muito com a situação na Argentina. Segundo a Fitch, as operações da JBS naquele país representam menos de 1% das receitas. Os ativos que a empresa mantém no país estão limitados a um centro de distribuição e cinco centrais de processamento, sendo apenas uma operacional.

O rating de longo prazo em moeda estrangeira da JBS é BB-

Marfrig (MRFG3)

As operações da Marfrig na Argentina já são limitadas e devem diminuir com a troca de ativos com a BRF durante este ano. Após essa operação, a expectativa é de que os negócios na Argentina representam apenas 1% da receita e dos ativos.

O rating de longo prazo em moeda estrangeira da Marfrig é B+

Natura (NATU3)

Como a principal fonte de receitas da Natura vem do Brasil, as notas de crédito da empresa não devem ter impacto em nenhum cenário de piora na Argentina. 


Segundo a Fitch, as operações daquele país somadas com Chile e Peru responderam por cerca de apenas 3% do ebitda consolidado da empresa em 2011.

O rating de longo prazo em moeda estrangeira da Natura é BBB

Petrobras (PETR3, PETR4)

Após o governo argentina expropriar a YPF da espanhola Repsol, as preocupações caíram sobre a Petrobras. A Fitch, porém, afirma que a empresa brasileira não está sujeita a ver rebaixamentos em sua nota de crédito. A empresa tem operações no país por meio da Petrobras Argentina, mas a contribuição para os resultados é pequena, afirma a Fitch.

O rating de longo prazo em moeda estrangeira da Petrobras é BBB

TAM (TAMM4)

“O ativo-chave da TAM são os aviões, que não podem ser nacionalizados”, resume a Fitch. Além disso, a Argentina corresponde a uma parte pequena da geração de receita da TAM e a situação deve continuar assim mesmo após a fusão com a chilena LAN.

O rating de longo prazo em moeda estrangeira da TAM é B+

Vale (VALE3, VALE5)

“Não existe um impacto na nota de crédito da Vale sob qualquer cenário, a empresa, porém, tem planos de investimentos fortes naquele país”, lembram os analistas da Vale. A Fitch afirma que a empresa planeja investir 5,9 bilhões de dólares em atividades de potássio na Argentina mas, até agora, apenas 608 milhões de dólares foram investidos.

O rating de longo prazo em moeda estrangeira da Vale é BBB+

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