O que o abalo da imagem de Lula significa para o mercado
Investigações envolvendo imóveis supostamente pertencentes a Lula entraram no radar do mercado por seus potenciais impactos no cenário político e econômico
Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2016 às 21h16.
As investigações envolvendo imóveis supostamente pertencentes ao ex-presidente Lula entraram no radar do mercado por seus potenciais impactos no cenário político e econômico.
O enfraquecimento político do ex-presidente e principal líder do PT gera algum otimismo no mercado com a possibilidade de mudança de trajetória no País.
Contudo, este entusiasmo pode ser excessivo, segundo a consultoria Eurasia, de Nova York, que segue colocando o Brasil como um dos oito maiores riscos do mundo, ao lado da economia da China e do Estado Islâmico.
Lula como alvo das investigações da Operação Lava Jato significa que tanto o ex-presidente quanto Dilma Rousseff tendem a se aproximar da esquerda como tática de sobrevivência, diz João Augusto de Castro Neves, diretor para América Latina do Eurasia Group. O discurso mais radical de Lula nos últimos meses, quando ele pressionou pela saída de Levy e por mudanças na política econômica, já seria um sinal de busca de apoio dos seus aliados tradicionais: o PT e os sindicatos. O mesmo movimento tem sido feito pela presidente Dilma, sucessora de Lula, diz Castro Neves.
À medida que a Lava Jato avança, a prioridade de Dilma passa a ser sobreviver ao processo de impeachment. Por isso, a tendência é de que ela continue com os ”sinais erráticos”, ora acenando ao mercado com a reforma da Previdência, ora aos sindicatos com estímulos econômicos, diz o consultor. “O governo tem de acender duas velas, uma para o mercado, outra para a esquerda.”
O desdobramento mais positivo das investigações da Lava Jato, pela ótica do mercado, não é de curto prazo, segundo Castro Neves. Trata-se do aumento da perspectiva de derrota do PT na eleição presidencial de 2018. “Mesmo que Lula não seja condenado, o desgaste será grande. Acabou a imagem de um líder imbatível”, diz Castro Neves.
O Instituto Lula diz em nota publicada em seu website que "são infundadas as suspeitas dos promotores e são levianas as acusações de suposta ocultação de patrimônio por parte do ex- presidente Lula ou seus familiares."
Enfraquecido, Lula perde o poder de moderador que exercia sobre Dilma, que ajuda em negociações com a base aliada. Dilma não deve retomar as políticas intervencionistas do primeiro mandato, mas também não deve aprofundar as reformas como defende o mercado, diz Castro Neves. ”O equilíbrio ficou mais instável.”
Outro possível desdobramento considerado no mercado, segundo Castro Neves, e que representaria uma visão ”ingênua”, é o de que, com Lula fora de combate, aumentaria a chance de um pacto nacional entre o Congresso e Dilma. A ideia seria que, com o PT ”morto” para 2018, a oposição perderia a resistência que tem hoje em colaborar. Essa visão é ingênua, segundo Neves, porque dificilmente o PT e as demais forças de esquerda aceitariam um acordo no caso, por exemplo, de Lula ser condenado na Lava Jato. A tendência seria de radicalização, e não o oposto.
Para a Eurasia, a Lava Jato ainda deve trazer muitas manchetes negativas e a tendência é de piora da crise em 2016, seja na política, seja na economia. ”A crise ainda não chegou ao fundo do poço”, diz Castro Neves.
As investigações envolvendo imóveis supostamente pertencentes ao ex-presidente Lula entraram no radar do mercado por seus potenciais impactos no cenário político e econômico.
O enfraquecimento político do ex-presidente e principal líder do PT gera algum otimismo no mercado com a possibilidade de mudança de trajetória no País.
Contudo, este entusiasmo pode ser excessivo, segundo a consultoria Eurasia, de Nova York, que segue colocando o Brasil como um dos oito maiores riscos do mundo, ao lado da economia da China e do Estado Islâmico.
Lula como alvo das investigações da Operação Lava Jato significa que tanto o ex-presidente quanto Dilma Rousseff tendem a se aproximar da esquerda como tática de sobrevivência, diz João Augusto de Castro Neves, diretor para América Latina do Eurasia Group. O discurso mais radical de Lula nos últimos meses, quando ele pressionou pela saída de Levy e por mudanças na política econômica, já seria um sinal de busca de apoio dos seus aliados tradicionais: o PT e os sindicatos. O mesmo movimento tem sido feito pela presidente Dilma, sucessora de Lula, diz Castro Neves.
À medida que a Lava Jato avança, a prioridade de Dilma passa a ser sobreviver ao processo de impeachment. Por isso, a tendência é de que ela continue com os ”sinais erráticos”, ora acenando ao mercado com a reforma da Previdência, ora aos sindicatos com estímulos econômicos, diz o consultor. “O governo tem de acender duas velas, uma para o mercado, outra para a esquerda.”
O desdobramento mais positivo das investigações da Lava Jato, pela ótica do mercado, não é de curto prazo, segundo Castro Neves. Trata-se do aumento da perspectiva de derrota do PT na eleição presidencial de 2018. “Mesmo que Lula não seja condenado, o desgaste será grande. Acabou a imagem de um líder imbatível”, diz Castro Neves.
O Instituto Lula diz em nota publicada em seu website que "são infundadas as suspeitas dos promotores e são levianas as acusações de suposta ocultação de patrimônio por parte do ex- presidente Lula ou seus familiares."
Enfraquecido, Lula perde o poder de moderador que exercia sobre Dilma, que ajuda em negociações com a base aliada. Dilma não deve retomar as políticas intervencionistas do primeiro mandato, mas também não deve aprofundar as reformas como defende o mercado, diz Castro Neves. ”O equilíbrio ficou mais instável.”
Outro possível desdobramento considerado no mercado, segundo Castro Neves, e que representaria uma visão ”ingênua”, é o de que, com Lula fora de combate, aumentaria a chance de um pacto nacional entre o Congresso e Dilma. A ideia seria que, com o PT ”morto” para 2018, a oposição perderia a resistência que tem hoje em colaborar. Essa visão é ingênua, segundo Neves, porque dificilmente o PT e as demais forças de esquerda aceitariam um acordo no caso, por exemplo, de Lula ser condenado na Lava Jato. A tendência seria de radicalização, e não o oposto.
Para a Eurasia, a Lava Jato ainda deve trazer muitas manchetes negativas e a tendência é de piora da crise em 2016, seja na política, seja na economia. ”A crise ainda não chegou ao fundo do poço”, diz Castro Neves.