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O capitalismo com propósito da BlackRock já dá resultado?

No início do ano, maior gestora de ativos do mundo comprometeu-se a sair de setores poluentes, como a indústria de carvão

Bolsa de Nova York: otimismo no mercado americano está animando o investidor na bolsa brasileira (Brendan McDermid/Reuters Brazil)

Bolsa de Nova York: otimismo no mercado americano está animando o investidor na bolsa brasileira (Brendan McDermid/Reuters Brazil)

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Leo Branco

Publicado em 17 de julho de 2020 às 06h45.

Última atualização em 17 de julho de 2020 às 09h52.

Maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock divulga nesta sexta os resultados do segundo trimestre de 2020. A expectativa do mercado é de uma recuperação em relação ao início do ano. Já afetada pelo avanço da pandemia, o valor dos ativos na carteira ficou em 6,4 trilhões de dólares, algo como 10% menos do que valiam no quarto trimestre de 2019.

Uma parte do otimismo reflete o bom desempenho da bolsa americana, que subiu 20% no segundo trimestre. Também conta a favor da BlackRock o empenho da gestora em abraçar o capitalismo de stakeholder, modelo de gestão de empresas que coloca o impacto gerado pelas companhias à frente do lucro. Nesse novo capitalismo, o lucro é o resultado de boas práticas ambientais ou de relacionamento com os diferentes públicos de um negócio, como funcionários, fornecedores e acionistas. É o chamado capitalismo com “propósito”.

Em janeiro, numa mensagem enviada a CEOs mundo afora, o americano Larry Fink, presidente global da BlackRock, fez compromissos importantes, como o de desinvestir em setores intensivos em carbono, a exemplo da indústria de carvão térmico.

Dois meses mais tarde Fink publicou um novo texto, em que praticamente dobra a aposta na sustentabilidade. “Quando emergirmos dessa crise, e à medida que os gestores reequilibrem seus portfólios, teremos a oportunidade de acelerar a transição para um mundo mais sustentável”, disse.

Por ora, no entanto, os planos seguem no papel, apesar da pressão vinda de todos os lados. Em março, uma coalizão de 32 entidades ambientalistas pediu ao fundo para vender a participação na Drax, operadora de usinas térmicas no Reino Unido.

Em maio, a ONG americana NLPC, apoiadora de causas da direita libertária, pediu à gestora o fim dos investimentos em indústrias chinesas. Pela lógica da ONG, empresas oriundas de um país sob regime comunista também são responsáveis pela falta de liberdade de expressão – e, por isso, também estão longe de serem sustentáveis. Até agora, contudo, nenhum desinvestimento de porte saiu do papel.

Num mundo cada vez mais preocupado com ameaças derivadas da ação do homem sobre a natureza, como as pandemias, o aquecimento global e a desigualdade, a BlackRock está na liderança de um movimento para refundar o capitalismo. Resta saber se a virada ambiciosa de fato vai sair do chão – e o dinheiro continuar entrando nos cofres da gestora.

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