Nubank: vale a pena entrar? BTG divulga sua recomendação para o BDR
Analistas do banco de investimento elencam fatores que pesam a favor e contra a compra do papel; conheça os principais pontos
Beatriz Quesada
Publicado em 17 de dezembro de 2021 às 16h23.
Última atualização em 18 de dezembro de 2021 às 14h08.
Protagonista do IPO do ano de uma empresa brasileira, o Nubank (NUBR33) continua a dividir opiniões sobre o seu valor de mercado e o preço da ação. A boa notícia para o investidor é que o número de análises está aumentando.
O BTG Pactual (BPAC11) iniciou sua cobertura do banco digitalcom recomendação neutra, com preço-alvo de 9,30 reais para o BDR. É um potencial de valorização (upside) de 3,9% em relação ao preço de fechamento desta sexta-feira, 17, que ficou em 8,95 reais. O BDR começou a ser negociado no último dia 9 ao preçode 8,36 reais.
Já para as ações da companhia listadas na Bolsa de Nova York (NYSE), o preço-alvo é de 10 dólares. O valor representa um potencial de valorização de 2% em comparação ao preço de fechamento do pregão de hoje, de 9,80 dólares. O papel foi precificado a 9,00 dólares no IPO
Os Brazilian Depositary Receipt (BDRs) são um certificado de depósito emitido e negociado no Brasil que representa ações de empresas listadas em bolsas estrangeiras. No caso do Nubank, cada BDR representa ⅙ de uma ação negociada nos Estados Unidos.
Em relatório distribuído nesta sexta-feira, dia 17, os analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura, do BTG Pactual, comentam que não estão seguros para recomendar a compra do papel, apesar de enxergarem pontos positivos na tese.
Entre os pontos fortes do Nubank estão a forte satisfação dos clientes: a fintech tem níveis de NPS (Net Promoter Score, métrica de satisfação do consumidor) acima de 90 pontos. Além disso, a empresa tem baixo custo operacional na aquisição de clientes e custos em geral estruturalmente menores que os dos grandes bancos.
O desafio é transformar essas vantagens em um lucro que justifique um valor de mercado de 46 bilhões de dólares – o maior entre todas as instituições financeiras do Brasil.
“Em termos de métrica, o Nubank precifica um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 30%. Só que hoje o ROE do Nubank é praticamente zero. O investidor está pagando por uma expansão de rentabilidade no futuro”, explica Bruno Lima, analista do BTG Pactual.
Outro obstáculo é o momento atual do mercado, que está desfavorável para empresas de alto crescimento. Isso porque a taxa de juro deve subir nas principais economias do mundo em 2022, incluindo nos Estados Unidos, onde a fintech é listada. Por lá, integrantes do banco central americano já projetam três elevações no juro no próximo ano.
“A combinação entre o valuation extremamente alto e o momento macroeconômico ruim torna arriscada uma recomendação de compra. Não conseguimos conversar com a administração ainda e temos nossas dúvidas se um valuation tão alto poderia ‘aceitar’ um crescimento mais controlado em 2022, o que parece ser o adequado dado o cenário macro desafiador”, afirma o relatório.
Ainda assim, o banco destaca que o Nubank pode ser mais eficiente e alcançar maior lucratividade por cliente à medida que ganha escala, o que significa ter custos estruturalmente mais baixos, especialmente em termos de aquisição de clientes e serviços. “Pode ser um motivador muito importante para o grupo eventualmente alcançar uma lucratividade maior do que a da indústria”, dizem os analistas.