Nômade digital e do interior de SP: quem é a gestora de 27 anos que vai lançar seu 1º ETF na bolsa
Verônica Pimentel está à frente da Oryx Capital e pretende se tornar uma máquina de fundos passivos no mercado brasileiro
Repórter
Publicado em 11 de setembro de 2024 às 16h37.
Última atualização em 11 de setembro de 2024 às 16h49.
De escola pública, do interior de São Paulo e mulher, Verônica Pimentel desafiou as estatísticas para alcançar o sucesso no mercado financeiro. Aos 27 anos, após uma ascensão rápida em corretoras e gestoras internacionais, ela se prepara para romper barreiras novamente, desta vez no mercado de ETFs,com o lançamento de seu primeiro fundo.
Pimentel é fundadora da Oryx Capital, que trará ao Brasil o ETFDBOA11, atrelado ao mercado americano de debêntures conversíveis. O índice de referência é o Bloomberg US Convertible Liquid Bond, que rendeu cerca de 32% nos últimos cinco anos Esse fundo segue uma dinâmica semelhante ao IMAB-5, ajustada à realidade dos Estados Unidos, oferecendo retorno em dólar e menor risco.
“Queremos oferecer ao investidor brasileiro mais acesso a produtos internacionais. Esse ETF está alinhado com o atual interesse em renda fixa. Já temos um fundo em análise na CVM e planejamos lançar muitos outros”, disse em entrevista à EXAME Invest.
O ETF DBOA11, com estreia prevista para o dia 27 de setembro, será mais uma adição ao crescente número de ETFs na B3, em um cenário em que os IPOs diminuíram, mas os fundos negociados em bolsa seguem ganhando espaço. Desde 2022, quando começou a escassez de IPOs, o número ETFs listados cresceu 38% para 91.
ETFs, do inglês Exchange Traded Funds, são fundos negociados em bolsa que oferecem liquidez imediata e custos mais baixos. No Brasil, todos os ETFs precisam seguir algum índice, garantindo transparência e menor custo de gestão.
A ideia de criar uma "máquina de ETFs" surgiu quando Pimentel era head de distribuição do ETC Group para a América Latina, empresa especializada em ETFs de criptomoedas. Foi ali que identificou o espaço no mercado brasileiro para novos fundos.
Entre 2018 e 2021, o número de investidores em ETFs na B3 cresceu 12 vezes, mas desde então se estabilizou em torno de 630 mil. Ainda assim, o mercado segue competitivo, com novos players, como Investo, Buena Vista, Hashdex e Nubank, entrando no jogo.
O plano de Pimentel é se destacar pela quantidade. "Queremos ser uma máquina de ETFs no Brasil", afirma. Nos EUA, os ETFs representam cerca de 30% dos fundos de investimento, enquanto no Brasil essa fatia é de apenas 0,5%, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Pimentel acredita que essa participação tende a crescer: “O mercado brasileiro segue os passos do americano, apenas com alguns anos de atraso.”
De Limeira para mundo
Antes de enfrentar gigantes como BlackRock e Itaú, Verônica precisou superar grandes desafios. Nascida no interior de São Paulo, começou seu primeiro negócio ainda no Ensino Médio, na ETEC de Limeira, vendendo doces feitos com frutas. O sucesso foi tanto que ela chegou a ter 20 funcionários antes de vender a marca para a cantina da escola.
Com o dinheiro, Pimentel se mudou para São Paulo aos 16 anos, e se transferiu para a ETEC Getúlio Vargas. Posteriormente, escolheu cursar economia no Mackenzie, onde conseguiu uma bolsa de estudo, após negociar com a diretoria da universidade.
Outro ponto de virada em sua carreira foi sua entrada na corretora sul-coreana Mirae Asset, onde trabalhou na mesa de operações e cresceu rapidamente na empresa.
Apesar de seu sucesso, Pimentel foge ao estereótipo do mercado financeiro da Faria Lima. Nômade digital e aventureira, já visitou mais de 60 países. “O mais importante é sempre se ajustar ao fuso horário e reservar um período do dia para o trabalho, independentemente de onde estiver."
Embora leve uma vida em movimento, Verônica mantém um escritório da Oryx na Faria Lima, com um ambiente mais descontraído do que o de seus vizinhos. “Aqui o home office é liberado, e a roupa social só é exigida para reuniões com clientes.”