Mudanças no Fed: EXAME Research explica impactos no dólar e no mercado
Banco Central dos EUA passará a admitir inflação mais alta e isso vai trazer impactos para os juros no Brasil e para a taxa de câmbio
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2020 às 17h50.
Última atualização em 27 de agosto de 2020 às 19h17.
As novas diretrizes do banco central mais poderoso do mundo, o Federal Reserve, não trazem consequências apenas para a economia americana e global. Ao afirmar que o Fed será mais tolerante com a inflação média de 2% ao ano, Jerome Powell traz implicâncias para o mercado.
"É uma questão aritmética: como a inflação ficou abaixo da meta de 2% ao ano no ciclo recente [ mesmo antes da pandemia ], é necessário que ela fique acima de 2% à frente para que, na média do ciclo, a meta tenha sido atingida [ por isso, average inflation targeting ]", escrevem Arthur Mota e Renato Mimica, respectivamente economista e executivo-chefe de investimentos (CIO) da EXAME Research.
"É basicamente licença para inflação mais alta, dando liberdade para a política monetária conviver com crescimento de preços mais elevados", completam os dois especialistas.
E como isso se reflete sobre o mercado no mundo e, em particular, no Brasil? Mota e Mimica inicialmente explicam o contexto dessa repercussão causada pelo juro americano.
"Trazendo para a nossa realidade, mudanças no juro americano provocam impacto tanto nos juros brasileiros como na própria taxa de câmbio em si. O juro deprimido por mais tempo lá fora (...) resulta num diferencial de juros maior — o que torna mais atrativo os títulos domésticos", avaliam.
Em seguida, eles afirmam: "Isso pode trazer um fluxo de investimentos financeiros que valorizariam o Real". Eles reiteram que a projeção deles para o câmbio ao fim deste ano e de 2021 já contempla esse movimento de queda do dólar para baixo do patamar atual de 5,60 reais.
"Por fim, esses impactos no juro e mudança na taxa de câmbio devem impactar outros mercados, como o de ações, no geral de forma positiva, sendo que os papéis de algumas empresas são sensíveis a esses dois preços", escrevem Mota e Mimica no relatório especial da EXAME Research. São exemplos empresas exportadoras e aquelas mais sensíveis aos juros, como as de varejo e de construção.