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Mudanças de estrutura no Itaú agradam e ação ganha fôlego

Além da divisão do banco em duas diretorias-gerais, a grande mudança foi a ampliação da idade mínima de aposentadoria do presidente da Itaú Unibanco Holding

Alguns analistas, porém, viram com receio essa divisão da estrutura em duas presidências, lembrando da experiência ruim do Unibanco, que tentou esse modelo há dez anos (ITACI)
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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2013 às 17h15.

Demorou um pouco mais, mas o Itaú divulgou a grande reestruturação esperada pelos analistas. O anúncio não saiu com o balanço, como alguns previram, mas abordou os principais pontos esperados. E agradou.

Além da divisão do banco em duas diretorias-gerais, uma de varejo e outra de atacado, a grande mudança foi a ampliação da idade mínima de aposentadoria do presidente da Itaú Unibanco Holding, de 60 para 62 anos.

Com isso, o atual presidente executivo do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, que faz 60 anos em 2015, ganha mais dois anos no comando da instituição ao passar para a holding. Antes, ele ficará mais dois anos como diretor-geral de varejo, ao lado de Cândido Bracher, hoje do Itaú BBA, que ficará com a diretoria-geral de atacado.

Poder mais diluído

As mudanças devem ser aprovadas na assembléia de acionistas do banco, marcada para 19 de abril, e jogam um balde de água fria na discussão sobre a sucessão no maior banco privado do país, afirmam analistas do mercado. “Setubal tem agora mais quatro anos pela frente e, até lá, muita coisa pode acontecer com o banco e com o mercado”, diz um analista, que pediu para não ter seu nome citado. Ao mesmo tempo, com a estrutura de dois diretores gerais, na prática, dois presidentes, o poder fica mais diluído e deixa de ser necessária a figura de um novo Setubal para tocar o banco no futuro.

Risco de duas presidências

Alguns analistas, porém, viram com receio essa divisão da estrutura em duas presidências, lembrando da experiência ruim do Unibanco, que tentou esse modelo há dez anos. Um consultor observa, porém, que a situação era diferente, e que já havia uma divisão de poder dentro do Unibanco antes da separação oficial da área de varejo, comandada por Joaquim Francisco de Castro Neto, da de atacado, chefiada por Fernando Sotelino.


“Os dois executivos tinham personalidades difíceis e o Pedro (Moreira Salles, então presidente do Unibanco e hoje presidente do Conselho do Itaú Unibanco) havia assumido o banco havia pouco tempo, e isso tudo inviabilizou o projeto”, afirma esse consultor.

Ele lembra que as áreas não se falavam, chegando ao ponto de cada uma ter sua estrutura de suporte independente, o que aumentava o custo de todo o banco e impedia uma integração dos negócios.

Estrutura mais transparente

No Itaú, o desenho é diferente, o presidente do conselho do banco tem poder e, na prática, Setubal deverá continuar no comando por pelo menos quatro anos, o que deve garantir a eficiência do modelo. “Além disso, a mudança faz sentido, tudo que é relativo à rede de agências está embaixo de uma pessoa só, os negócios fora das agências com outro e o atacado com outro”, observa um executivo do setor. “Fica mais fácil entender o banco, o que é varejo, o que é grande cliente, o que são outros negócios, e isso deve ajudar nos controles e nos ajustes que precisam ser feitos”, afirma.

Para Luís Miguel Santacreu, analista de bancos da consultoria Austin Ratins, Setubal ainda tem algum dever de casa para concluir a fusão com o Unibanco. Para isso, dois anos extras são importantes. “Além disso, ele terá tempo para preparar o sucessor”, afirma.

Para o analista, esse sucessor, ao que tudo indica, não deverá ser ligado às famílias Vilella, Setubal ou Moreira Salles, mas alguém de confiança dos quadros do banco.

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“E esse prazo de dois anos é importante para o banco finalizar a integração das estruturas, reduzir despesas e até fazer alguma aquisição, assunto em que a presença do Roberto Setubal é importante pela experiência”, afirma Santacreu. “Em paralelo, ele pode ir preparando a pessoa para sucedê-lo à altura”, diz. A divisão das diretorias também deve ser positiva, avalia, pois incentiva a descentralização e melhora a autonomia dos executivos.

Fim das especulações

Mas a grande mudança foi mesmo a solução para a sucessão, que elimina as especulações do mercado e seu peso sobre as ações. Analistas lembram que o papel do Itaú tinha uma valorização menor que a do Bradesco, o que mudou com a compra do Unibanco. Depois, o Bradesco voltou a passar o Itaú no mercado do ano passado para cá com as perdas com crédito.

Agora, após o resultado do último trimestre e as mudanças anunciadas, as ações estão equilibradas. No ano, até ontem, a ação preferencial (PN, sem voto) do Itaú subia 8%, para 3% da preferencial do Bradesco.


Nomes fortes

Para quem ainda quer especular com a sucessão, porém, um nome que aparece como candidato ao lugar de Roberto Setubal é Cândido Bracher, responsável pela área de atacado e um dos mais experientes executivos do banco.

Com 53 anos hoje, ele terá 57 quando Setubal se aposentar, o que lhe daria mais cinco anos como presidente. “Mas até lá muita coisa pode acontecer, outros nomes podem surgir”, diz um analista.

Já Marcio Schettini, responsável pelas áreas de produtos vendidos fora das agências, como cartões, seguros, financiamento de veículos e crédito imobiliário, ganhou espaço no banco e é visto como candidato no futuro ao comando do varejo do banco, que hoje está com o vice-presidente Marco Bonomi.

Bonomi passou a ter também a área de micro e pequenas empresas sob seu comando, enquanto a área de médias empresas, de José Roberto Haym, foi para a área de atacado.

Eduardo Vassimon, que voltou ao banco este ano como vice-presidente de riscos, assumirá também a área de controles internos. Caio Ibrahim David, responsável pela área de finanças, e Claudia Politanski, responsável pela área jurídica, foram promovidos a vice-presidentes, integrando o Comitê Executivo do Itaú Unibanco.

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