Mobius evita ações de bancos brasileiros em seus fundos
Para o gestor, não dá para saber quais instituições vão sofrer com a concorrência das fintechs. Ele aposta nas Lojas Americanas e na Iochpe Maxion
Natália Flach
Publicado em 7 de maio de 2019 às 14h54.
Última atualização em 11 de julho de 2019 às 17h19.
São Paulo -Um dos maiores especialistas em mercados emergentes do mundo, o gestor Mark Mobius, da Mobius Capital Partners, é um otimista nato. Enxerga oportunidades onde outros veem problemas. Por isso, chama a atenção o fato de ele querer distância das ações de bancos brasileiros, mesmo tendo apresentado resultados bastante positivos no primeiro trimestre. "Não tenho dúvidas de que o Itaú é um excelente banco, mas temos de olhar crescimento. Não dá para saber quais instituições vão sofrer mais com a competição com as fintechs", disse Mobius, durante evento do BTG Pactual, na capital paulista.
Mobius, que tem US$ 180 milhões sob gestão em dois fundos (um baseado na Inglaterra e outro em Luxemburgo), tem dado preferência a papéis de varejistas, como os das Lojas Americanas, por sua atuação no comércio eletrônico, e de empresas com atuação global, como os da Iochpe Maxion, fabricante de componentes automotivos. "Hoje, a nossa exposição a Brasil é de 5%, mas é possível que a gente aumente essa fatia. Não só daqui mas de todos os BRICS", afirmou, em referência ao acrônimo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Para o gestor americano, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem feito um bom trabalho ao colocar "pessoas especializadas nas áreas certas". Ele se referia principalmente a Salim Mattar, secretário de Desestatização e Desinvestimentos do Ministério da Economia. "Ele vai vender muita coisa ainda", disse rindo para a plateia de clientes do BTG. "Os investidores estão comprando Brasil, porque o país está indo na direção certa." Mobius acredita que a reforma da Previdência será aprovada - mesmo que seja pela metade do valor esperado pelo governo, de R$ 1 trilhão.
Riscos
Por mais que a guerra comercial entre Estados Unidos e China esteja no radar dos investidores globais, Mobius diz que não se preocupa, pois o jeito de agir do presidente americano, Donald Trump, é típico dos nova-iorquinos: é assim que eles barganham.
"Trump vai elevar o tom, mas no fim vai acabar apertando as mãos dos chineses. Ambos precisam desse acordo: Trump por causa da eleição e os chineses porque o índice de confiança no país está caindo", afirmou.
Para Mobius, o risco é a saída do Reino Unido da União Europeia. "O impacto econômico será enorme."