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Mercados em queda após medida “drástica” de Trump em banir Europa

Presidente americano anunciou que viagens entre Europa e EUA estão suspensas por 30 dias para evitar disseminação de coronavírus

Aeroporto em Roma: Itália tem mais de 800 mortes (Yara Nandi/Reuters)

Aeroporto em Roma: Itália tem mais de 800 mortes (Yara Nandi/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2020 às 06h55.

Última atualização em 12 de março de 2020 às 07h43.

São Paulo — O presidente americano Donald Trump pegou os mercados de surpresa na noite de quarta-feira, 11, ao anunciar que iria proibir viagens entre Europa e EUA por 30 dias.

Os impactos começaram a vir nesta quinta-feira, 12, com bolsas asiáticas fechando o pregão em queda e índices europeus em baixa acentuada, puxados pela queda de mais de 10% nas ações de companhias aéreas.

Analistas descreveram a medida de Trump como inesperada e algo que não estava nos cálculos de prejuízo do mercado — o banimento pode trazer imensas perdas a companhias aéreas de EUA e Europa, por exemplo. Além da restrição a viagens, o pacote de Trump menos impostos e juros mais baixos para empresas afetadas.

Com medo dos potenciais impactos, as bolsas da Ásia fecharam em mais um dia de queda na semana. O japonês Nikkei caiu 4,4%, voltando a patamares de 2017. O índice MSCI de ações Ásia-Pacífico (com exceção do Japão) caiu 4,7%.

Na Áustralia, ações caíram 7,4%, enquanto na Coreia do Sul, o principal índice teve queda de 4,8%. Em Hong Kong, baixa de 3,66%. Na China, os índices de Shenzhen e Xangai caíram 2,31% e 1,52%, respectivamente. A queda chinesa menor que nos vizinhos é impactada, entre outros fatores, por declaração do governo chinês ontem afirmando que “o pico da epidemia” passou na China.

Na Europa, onde uma série de empresas será afetada pela restrição a viagens, as quedas tendem a ser bruscas ao longo do dia. O europeu Stoxx 600 caía pouco mais de 6% às 7h desta quinta-feira. O FTSE 100, em Londres, caía 5,7%. A Europa é o continente mais afetado pelo coronavírus fora da Ásia. O número de casos de coronavírus bateu mais de 126.400 pacientes na manhã desta quinta-feira, mais de 46.000 fora da China. Só a Itália tem mais de 12.400 infectados e 827 mortes.

Além da decisão americana, os mercados refletem também as quedas no dia anterior depois que a Organização Mundial de Saúde (OMS) mudou na tarde de ontem a classificação do coronavírus para pandemia, o que oficializa a leitura de que a doença é um problema global e presente em todo o mundo. Logo após o anúncio, o brasileiro Ibovespa chegou a cair mais de 10%, o que fez a bolsa entrar no chamado “circuit breaker” e paralisar as negociações por meia hora.

O Ibovespa terminou o pregão de quarta-feira em queda de 7,64%. O S&P 500 teve queda de 4,89%. Na manhã desta quinta-feira, o petróleo, que chegou a cair mais de 20% na segunda-feira, apresentava nova queda de 5,61%, à medida em que Rússia e Arábia Saudita ainda não aparentam estar próximas de um acordo para os preços da commodity.

Na prática, analistas ouvidos pela agência Reuters avaliam que Trump ajudou a piorar um cenário já ruim. Os EUA também haviam anunciado neste mês um plano de mais de 8 bilhões de dólares contra o coronavírus, mas faltavam detalhes sobre como medidas de contenção seriam colocadas em prática — no estado de Washington, onde mais de 20 pessoas já morreram, americanos reclamam de falta de testes, sobretudo na população idosa. O que o presidente chamou de “o mais agressivo e abrangente esforço para confrontar um vírus estrangeiro na história moderna” não foi nem de longe o que os mercados — e os cidadãos afetados — esperavam.

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