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Mercado de capitais brasileiro impõe novos desafios para empresas e contadores

Com o interesse dos estrangeiros por ações de empresas brasileiras, conhecer as normas internacionais de contabilidade é decisivo para os negócios e para a carreira

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 11h06.

Nos últimos anos, temos verificado um volume significativo de empresas brasileiras acessando o mercado de capitais na busca por novas alternativas de financiamento para crescimento e conquistas de novos mercados. Em 2006, 26 companhias abriram o capital e a expectativa para 2007 é de que no mínimo 50 novas empresas passem a ter as suas ações negociadas em Bolsa. Embora termos vivenciado recentemente uma turbulência nos mercados financeiros, em especial o americano, o cenário aqui no Brasil demonstra que investir em ações já é uma realidade na vida das pessoas; ainda que o país careça da tradição demonstrada pelos mercados norte-americanos e da Europa Ocidental.

Para que as empresas possam acessar o mercado de capitais, além da implementação de governança corporativa, adequada estrutura de controles internos e gestão de riscos, é importante prestar informações contábeis consistentes, tempestivas e com qualidade, e também seguir as práticas contábeis internacionais. Como o volume de investimento que vem de fora do país é relevante, o investidor estrangeiro quer analisar e tomar decisões baseadas em informações internacionalmente reconhecidas.

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Neste contexto, já faz algum tempo que a harmonização das normas contábeis passou a fazer parte da vida de uma grande parcela de empresas e profissionais que elaboram, analisam e regulamentam os critérios a serem adotados para apresentar as demonstrações contábeis. Esse assunto ficou bem evidente com a crise asiática, em 1997. Organismos multilaterais, passaram a exigir a implementação de padrões reconhecidos internacionalmente, com o objetivo de alinhar os demonstrativos contábeis e, conseqüentemente, a situação patrimonial e financeira das empresas.

Aqui no Brasil, os principais órgãos de regulamentação já deram o pontapé inicial. O Banco Central emitiu, em março de 2006, o Comunicado 14.259 estabelecendo que as instituições financeiras passem a publicar a partir de 2.010 demonstrações contábeis consolidadas de acordo com o IFRS - Internacional Financial Reporting Standards, lembrando que o próprio BC já iniciou o processo de conversão de suas demonstrações contábeis para o IFRS. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por sua vez também emitiu recentemente a Instrução Normativa CVM 457, exigindo das empresas abertas brasileiras a publicação de demonstrações contábeis consolidadas de acordo com o Internacional Financial Reporting Standards a partir de 2.010, facultando a sua adoção imediata.

Como se pode ver, os profissionais da contabilidade que dominarem os conhecimentos necessários para atender à nova realidade terão uma vantagem competitiva determinante para alcançar o sucesso na carreira de contabilista. Mas para que esse conhecimento não fique restrito a um pequeno grupo de profissionais é necessário que as instituições de ensino adaptem rapidamente seus currículos e invistam na formação do corpo docente adequado.

Para se ter uma idéia dessa necessidade, pesquisa realizada durante seminário promovido pela KPMG, este ano, sobre elaboração de demonstrações contábeis, mostrou que dos participantes - em sua maioria contadores e gestores de informações - 53% "não tinham nenhum" conhecimento sobre o IFRS, 24% avaliaram que tinham um "bom" conhecimento, e somente 4% responderam que tinham um "ótimo" conhecimento.

Ao mesmo tempo em que as novas regras impõem desafios aos contadores, certamente as empresas também terão que se preparar, já que suas operações e processos terão que ser revistos, para reconhecimento contábil de acordo com as normas contábeis internacionais, além da adaptação de determinados sistemas operacionais e investimentos com qualificação.

E quais os benefícios no futuro? Para as empresas, melhor transparência, acesso mais fácil a linhas de crédito nacionais e internacionais, menor custo de captação, novas parcerias e maior visibilidade, entre outros. Para os profissionais, maior qualificação, valorização perante o mercado e vantagens competitivas para crescimento da carreira.

As fichas estão na mesa e cabe a cada empresa e profissional iniciar a corrida para a implementação das práticas contábeis internacionais.

*Gerente sênior de auditoria da KPMG

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