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Medo de rebaixamento faz vendas de títulos caírem 25%

As vendas de títulos públicos devem atingir sua maior queda em cinco anos

Moody´s: 39% dos analistas dizem que a nota do Brasil certamente será rebaixada depois que o Moody's e a Standard Poor’s reduziram suas perspectivas para o país  (Mike Segar/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2013 às 13h40.

Nova York - As vendas de títulos do Brasil no exterior caminham para sua maior queda em cinco anos diante da perspectiva de rebaixamento da nota de crédito da dívida soberana que provoca um aumento nos custos dos empréstimos.

Os mutuários brasileiros emitiram somente US$ 553 milhões em dívidas em novembro, deixando as vendas de 2013, 25 por cento menores do que as de 2012, quando as ofertas alcançaram o recorde de US$ 50,7 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg. A emissão de títulos dos mercados emergentes subiu 11 por cento neste ano, totalizando US$ 406 bilhões.

A especulação de que o Brasil terá um corte da nota de crédito pela primeira vez em uma década está aumentando porque o crescimento econômico está estagnado e o déficit orçamentário do País se expande para o patamar mais alto em quatro anos.

Os rendimentos da dívida corporativa brasileira aumentaram 1,47 ponto porcentual neste ano, acima da média de 1,07 ponto porcentual de aumento nos países em desenvolvimento, segundo dados compilados pelo JPMorgan Chase Co.

“A festa do Brasil acabou”, disse Marco Aurélio de Sá, diretor de operações com renda fixa da corretora de Miami da Crédit Agricole SA, em entrevista por telefone de Miami. “Os investidores estão preocupados com que o País possa ser rebaixado”.

Investidores pessimistas

Trinta e nove por cento dos analistas dizem que a nota do Brasil provavelmente ou certamente será rebaixada depois que o Moody’s Investors Service e a Standard Poor’s reduziram suas perspectivas para o País neste ano, segundo uma Pesquisa Global da Bloomberg publicada na semana passada, comparados com 10 por cento que dizem que o País evitará um rebaixamento da nota de crédito.


Cinquenta e um por cento dos 750 consultados mostraram-se pessimistas sobre as políticas da presidente Dilma Rousseff, frente a 13 por cento que foram otimistas. O Banco Central reduziu sua estimativa de crescimento para 2013 de 3,1 por cento para 2,5 por cento neste ano. O Brasil expandiu-se somente 0,9 por cento no ano passado, abaixo de 2,7 por cento em 2011 e 7,5 por cento em 2010.

O déficit orçamentário do País cresceu para 3,3 por cento do PIB nos 12 meses finalizados em setembro, o maior desde 2009, disse o governo no mês passado.

Joaquín Almeyra, operador na Bulltick Securities LLC, sediada em Miami, diz que a corretora reduziu suas posses de dívida brasileira diante da falta de confiança no governo.

“Isto não é algo temporário”, disse Almeyra em entrevista por telefone. “Há problemas demais. Eles têm um grande problema de déficit fiscal. Há o risco de um rebaixamento da nota de crédito”.

Emissão da Petrobrás

O Banco do Brasil SA e a fabricante de armas CBC Ammo foram as únicas duas companhias que emitiram dívida no exterior neste mês.

Shamaila Khan, gestora de recursos da AllianceBernstein LP, que supervisiona cerca de US$ 445 bilhões, disse que o Brasil continuará sendo o maior emissor da região porque companhias como a Petróleo Brasileiro SA recorrem ao mercado para financiar investimentos. A Petrobrás vendeu US$ 11 bilhões em dívidas no exterior neste ano.

“Ainda pode haver uma quantidade decente de emissões”, disse Khan em entrevista desde Nova York. “Talvez não vejamos esse tipo de crescimento percentual porque já é um grande emissor e não há catalisador para que este mercado cresça tão rápido quanto os outros”.

“Expectativas de crescimento menores levarão a águas mais calmas por parte das companhias”, disse Almeyra da Bulltick. “Mesmo que ainda existam algumas necessidades de financiamento, as novas emissões serão moderadas devido à mudança na confiança. Você não vai a uma festa se souber que não é bem-vindo por lá”.

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Nova York - As vendas de títulos do Brasil no exterior caminham para sua maior queda em cinco anos diante da perspectiva de rebaixamento da nota de crédito da dívida soberana que provoca um aumento nos custos dos empréstimos.

Os mutuários brasileiros emitiram somente US$ 553 milhões em dívidas em novembro, deixando as vendas de 2013, 25 por cento menores do que as de 2012, quando as ofertas alcançaram o recorde de US$ 50,7 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg. A emissão de títulos dos mercados emergentes subiu 11 por cento neste ano, totalizando US$ 406 bilhões.

A especulação de que o Brasil terá um corte da nota de crédito pela primeira vez em uma década está aumentando porque o crescimento econômico está estagnado e o déficit orçamentário do País se expande para o patamar mais alto em quatro anos.

Os rendimentos da dívida corporativa brasileira aumentaram 1,47 ponto porcentual neste ano, acima da média de 1,07 ponto porcentual de aumento nos países em desenvolvimento, segundo dados compilados pelo JPMorgan Chase Co.

“A festa do Brasil acabou”, disse Marco Aurélio de Sá, diretor de operações com renda fixa da corretora de Miami da Crédit Agricole SA, em entrevista por telefone de Miami. “Os investidores estão preocupados com que o País possa ser rebaixado”.

Investidores pessimistas

Trinta e nove por cento dos analistas dizem que a nota do Brasil provavelmente ou certamente será rebaixada depois que o Moody’s Investors Service e a Standard Poor’s reduziram suas perspectivas para o País neste ano, segundo uma Pesquisa Global da Bloomberg publicada na semana passada, comparados com 10 por cento que dizem que o País evitará um rebaixamento da nota de crédito.


Cinquenta e um por cento dos 750 consultados mostraram-se pessimistas sobre as políticas da presidente Dilma Rousseff, frente a 13 por cento que foram otimistas. O Banco Central reduziu sua estimativa de crescimento para 2013 de 3,1 por cento para 2,5 por cento neste ano. O Brasil expandiu-se somente 0,9 por cento no ano passado, abaixo de 2,7 por cento em 2011 e 7,5 por cento em 2010.

O déficit orçamentário do País cresceu para 3,3 por cento do PIB nos 12 meses finalizados em setembro, o maior desde 2009, disse o governo no mês passado.

Joaquín Almeyra, operador na Bulltick Securities LLC, sediada em Miami, diz que a corretora reduziu suas posses de dívida brasileira diante da falta de confiança no governo.

“Isto não é algo temporário”, disse Almeyra em entrevista por telefone. “Há problemas demais. Eles têm um grande problema de déficit fiscal. Há o risco de um rebaixamento da nota de crédito”.

Emissão da Petrobrás

O Banco do Brasil SA e a fabricante de armas CBC Ammo foram as únicas duas companhias que emitiram dívida no exterior neste mês.

Shamaila Khan, gestora de recursos da AllianceBernstein LP, que supervisiona cerca de US$ 445 bilhões, disse que o Brasil continuará sendo o maior emissor da região porque companhias como a Petróleo Brasileiro SA recorrem ao mercado para financiar investimentos. A Petrobrás vendeu US$ 11 bilhões em dívidas no exterior neste ano.

“Ainda pode haver uma quantidade decente de emissões”, disse Khan em entrevista desde Nova York. “Talvez não vejamos esse tipo de crescimento percentual porque já é um grande emissor e não há catalisador para que este mercado cresça tão rápido quanto os outros”.

“Expectativas de crescimento menores levarão a águas mais calmas por parte das companhias”, disse Almeyra da Bulltick. “Mesmo que ainda existam algumas necessidades de financiamento, as novas emissões serão moderadas devido à mudança na confiança. Você não vai a uma festa se souber que não é bem-vindo por lá”.

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