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Medidas do BC para frear real deixam moeda ainda mais atraente

Volatilidade implícita nos contratos de opção de câmbio com prazo de um mês despencou para 8,7 por cento, o menor nível em quatro anos

Alexandre Tombini, presidente do BC: Selic está no nível mais alto em dois anos (Elza Fiúza/AGÊNCIA BRASIL)

Alexandre Tombini, presidente do BC: Selic está no nível mais alto em dois anos (Elza Fiúza/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2011 às 10h31.

Nova York - Os esforços do governo para conter a valorização do real acabam tornando a moeda brasileira ainda mais atraente para investidores.

A volatilidade implícita nos contratos de opção de câmbio com prazo de um mês, que refletem as expectativas de operadores para flutuações do câmbio, despencou para 8,7 por cento ontem, o menor nível em quatro anos. Foi a maior queda de volatilidade entre as principais moedas do mundo em três meses. Com flutuações menores -- uma medida do risco cambial -- aumenta o interesse por ativos de renda fixa denominados em reais. A 5,26 por cento, o juro real brasileiro é o mais elevado entre o dos países do Grupo dos 20.

O Banco Central comprou US$ 8 bilhões no mercado no mês passado, a maior quantia desde setembro, e ao mesmo tempo fez apostas contra o real no mercado de derivativos com os leilões de swap cambial reverso. Essas iniciativas fazem parte dos esforços do governo para conter a entrada de capital estrangeiro no País, que levou a uma disparada de 36 por cento no real em dois anos.

Moedas como a rúpia da Indonésia e o rublo da Rússia também estão com menor volatilidade, dificultando a tarefa das autoridades de afastar os investidores da chamada modalidade carry trade, que compram ativos de alto rendimento com recursos captados em países com juros mais baixos.

“O Banco Central está lutando contra entradas de capital de longo prazo que são tão fortes quanto suas iniciativas, é a parede estrutural de dinheiro”, disse Bhanu Baweja, chefe global de renda fixa para mercados emergentes do UBS AG em Londres. “É isso que está acabando com a volatilidade. Se o real fica mais estável ou forte, as operações de carry ficam muito atraentes em real.”

As aplicações no real tiveram rentabilidade de 5,4 por cento nos últimos três meses, incluindo pagamento de juros e flutuação cambial, o terceiro melhor desempenho entre 36 moedas acompanhadas pela Bloomberg, perdendo somente para o rublo e para a coroa da Suécia.

As Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2012 oferecem rendimento de 12,49 por cento, contra a taxa de 0,28 por cento dos bônus do Tesouro americano com prazo de um ano. A diferença de rendimento de 12,2 pontos percentuais está perto do maior patamar desde janeiro de 2009.

Alta de juros

No mês passado, o presidente do BC, Alexandre Tombini, elevou a Selic em 50 pontos-base, ou 0,5 ponto percentual, para 11,25 por cento, o nível mais alto em dois anos. O juro básico é de 3 por cento na Colômbia e de 1,625 por cento em Taiwan.

Em operações de carry trade, movimentos adversos na moeda podem eliminar os ganhos obtidos com o diferencial de juros.

O dólar acumula uma alta de 0,5 por cento este ano para R$ 1,6698, reagindo às compras da moeda americana pelo BC, ao aumento do depósito compulsório para bancos em operações de câmbio e aos leilões de swap cambial reverso. Nos últimos dois meses, a moeda foi negociada entre R$ 1,65 e R$ 1,70 e ficará nessa faixa no fim de junho e de dezembro, de acordo com a estimativa mediana de 19 analistas ouvidos pela Bloomberg.

“Não compete à autoridade monetária adicionar ou reduzir volatilidade intrínseca ao funcionamento dos mercados”, disse o BC em nota por e-mail. “O Banco Central pauta suas intervenções no mercado de câmbio visando adequar as condições de liquidez desse mercado ao seu melhor funcionamento.”

O ministério da Fazenda disse por e-mail enviado por sua assessoria de imprensa que não comentaria o assunto.

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