Manter uma empresa na Bolsa sai muito caro, diz CEO da Tectoy
Fabricante de videogames tem ações negociadas no mercado brasileiro há mais de 23 anos, mas deve deixar a Bolsa até o final de 2016
Rita Azevedo
Publicado em 3 de novembro de 2016 às 17h08.
Última atualização em 3 de novembro de 2016 às 17h45.
São Paulo — Até o início do próximo ano, a fabricante de brinquedos Tectoy deve dar adeus à Bolsa. A companhia, que tem papéis negociados no mercado brasileiro há mais de 23 anos, publicou nesta quinta-feira o edital da Oferta Pública de Ações (OPA) para o fechamento de capital.
O leilão para a compra das ações deve acontecer no dia 12 de dezembro. O preço é de 2,1786 reais para cada papel ordinário reais e 1,4515 real para os preferenciais. De acordo com o documento apresentado hoje, são pouco mais de 444 mil ações preferenciais e cerca de 302 mil ordinárias.
Em entrevista a EXAME.com, o CEO da Tectoy, Tomás Diettrich, disse que o principal motivo para a companhia fechar capital está relacionado aos custos para manter a listagem, como a manutenção de um departamento de Relação com Investidores, a publicação de demonstrativos financeiros e o pagamento da custódia à Bolsa.
“Hoje a empresa é talvez 20% do que era há alguns anos e os custos se tornaram ainda mais significativos”, disse Diettrich. “Além de a Tectoy ser muito menor do que quando estreou na Bolsa , não temos perspectiva no curto prazo de captação de novos recursos”. A companhia encerrou 2015 com prejuízo de 35,6 milhões de reais.
Em março deste ano, quando anunciaram a intenção de deixar a Bolsa, os controladores da Tectoy disseram que a decisão foi tomada diante do risco que um eventual grupamento de ações traria aos acionistas. Em agosto de 2015, as ações da empresa foram grupadas na razão de 1 milhão para 1, após meses sendo negociadas a menos de dez centavos.
No pregão desta quinta-feira, tanto as ações ordinárias quanto as preferenciais eram cotadas na casa dos 4 reais. Desde segunda-feira, os papéis registraram ganhos de mais de 60%. O bom desempenho dos papéis pode estar relacionado tanto à saída da empresa da Bolsa quanto ao recente relançamento do console Mega Drive, sucesso da década de 1990.
Se o fechamento de capital da Tectoy for concluído até o final de dezembro, ela poderá ser a 14ª empresa a abandonar o mercado de ações neste ano, segundo dados da BM&FBovespa. Há, ainda, outros nove processos desse tipo em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Como funciona uma OPA
Uma oferta pública de aquisição é feita quando uma companhia deseja adquirir uma determinada quantidade de seus papéis a um preço pré-determinado e em um prazo específico.
Ela pode ser realizada por diversos motivos: quando o controlador planeja mudanças na estrutura societária da empresa, quando quer aproveitar o desconto nos preços das ações para aumentar a sua participação ou, como no caso da Tectoy, quando deseja fechar o capital.
Ao decidir sair da Bolsa, a companhia comunica sua intenção ao mercado por meio de fato relevante. A partir daí, a empresa tem um prazo de até 30 dias para protocolar na CVM seu pedido. Junto a ele, é apresentado um laudo elaborado por empresa especializada com informações como o preço que será pago aos acionistas
Para chegar ao chamado valor justo, são analisados alguns fatores como o valor econômico da empresa, o preço médio da cotação no último ano e o patrimônio líquido por ação.
Se a CVM der sinal verde para a operação , a empresa deve divulgar a OPA em jornais de grande circulação em até dez dias. O leilão para a compra das ações é feito em um prazo mínimo de 30 dias e máximo de 45 dias a partir da publicação do edital.