Louise Barsi ensina como investir como o pai bilionário
Filha do megainvestidor Luiz Barsi, Louise destacou as melhores oportunidades para quem quer investir na Bolsa
Karla Mamona
Publicado em 25 de maio de 2019 às 08h41.
Última atualização em 2 de março de 2021 às 15h37.
Quero investir igual ao Luiz Brasi. Esta é a frase que Louise Barsi, filha do bilionário da bolsa brasileira, mais escuta por onde passa. Pensando nisso, a economista e analista CNPI, juntamente com mais dois investidores criou um curso “As ações que garantem o futuro.” A ideia é ensinar ao investidor principiante identificar boas oportunidades na Bolsa. Confira abaixo a entrevista de Louise ao site EXAME.
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EXAME - O que deve se atentar ao montar uma carteira de investimentos?
Louise Barsi - O primeiro fato que investidor deve estar atento é ao histórico da empresa em relação aos seus números, como ela tem performado, seja em relação ao lucro, seja em relação ao fluxo de caixa. Tem que olhar se o caixa gerado é compatível com o crescimento dela, como é a política de distribuição de dividendos. Todos estes são indicadores da análise fundamentalista.
Barsi é conhecido pelo estratégia buy and hold (em que se compra um ativo e segura por longo prazo). Concorda?
Não é bem assim. Muita gente generaliza. Ele costuma dizer que “o jacaré está de boca aberta”, ou seja, ele identifica uma boa empresa e fica esperando para comprar em um momento que seja oportuno. Neste momento ele faz as aquisições.
Depois de analisar o cenário e a empresa, Barsi compra o que está barato?
Sim, mas para isso é preciso ter paciência e disciplina. Um milhão de ações na Bolsa não é nada. Não vão gerar dividendos que possam lhe sustentar. É melhor tem 100 mil ações de x empresas.
Então, em vez de você pensar em um número de aporte (em dinheiro, moeda) pense em um número de ações, de acúmulo de dinheiro. E quando você for ver lá na frente, isso estará lhe dando uma boa renda.
E como escolher as empresas para investir?
Olhe para bons números de projetos e empresas. Os maiores investidores se orgulham em dizer que as melhores escolhas foram baseadas na sua vivência do dia a dia. Um exemplo: Lojas Renner, eu gosto do serviço, é melhor do que a Guararapes. No final, você acaba incorporando aquela filosofia do investidor parceiro. Esta empresa aqui é melhor por isso, isso e isso.
Tem que ler e se informar. Se não você passará a vida toda sendo mandado comprar ou vender alguma ação. Tem que ter a consciência no que se está investindo. Você não está comprando um negócio piscando na tela. Você está comprando um projeto da empresa. Você se tornou sócio de alguém.
Na “vida real”, você não se associa a quem você não conhece. É preciso pesquisar o histórico dele, se ele já deu calote em alguém, a idoneidade da pessoa. E é a mesma coisa quando você vai comprar uma ação. É preciso ter o mínimo possível de discernimento. Não é só porque o analista falou ou o Barsi falou.
Hoje, o que é uma boa oportunidade na Bolsa?
As maiores oportunidades estão nos setores de energia, especificamente no setor de geração e transmissão de energia. Destacaria também o setor de saneamento.
São setores muito perenes, com uma demanda crescente e consistentes. Veja bem, só na parte de saneamento, mais de 50% da população ainda não têm acesso ao saneamento básico. E nos níveis de investimento que temos hoje só vamos chegar em 100% das pessoas atendidas no mínimo em 2060.
Se o investidor pensar deste jeito, nota-se que até 2060 tem uma possibilidade de crescimento gigantesco no setor de saneamento. A mesma coisa vale para o setor de energia elétrica. Grande parte da nossa matriz energética está concentrada na hidrelétrica. Mas e eólica, a solar e a nuclear? Elas têm um espaço gigantesco para crescer.
Estes dois setores (energia e saneamento) estão no foco da privatização?
No ano passado, já tinha este purpurino que ia privatizar e começou a chover pouco, a ação da Sabesp despencou para 22 reais. Mas isso é algo circunstancial. Uma hora vai voltar a chover. Tem que pensar no contexto geral e não no ruído. Tem que ir na evidência. Tem que saber distinguir o que é ruído e o que é evidência.
É porque o mercado é bem sensível a isso.
E o investidor pode se aproveitar disso. Você constrói sua opinião na evidência (pensando que isso é bom para ter na carteira) e compra no ruído. Quando todo mundo reclamava que não chovia, você compra a ação da Sabesp a 22 reais. Hoje, está 46 reais. Isso não quer dizer que você vai vender, só vai parar de comprar.
E o setor bancário, é uma boa oportunidade?
É um setor muito bom. O banco nunca perde, então se você não pode com eles, lucre com eles. O Itaú, por exemplo, deu 23% de ROE (rentabilidade) isso não existe em nenhum lugar do mundo.
Mas o setor financeiro está passando por transformações, com a chegada das fintechs?
Quem tiver capacidade de se adaptar irá crescer com isso. Os bancos estão lançando fintechs próprias. Ou você se adapta ou morre. É meio darwinista.