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Lojas Quero-Quero tem prejuízo de R$ 7,6 milhões no terceiro trimestre

Dificuldades com cenário mais desafiador pressionaram margens e lucro da companhia, como já projetado pelo mercado

Lojas Quero-Quero: expansão continua, mesmo com revisão de guidance (Ricardo Jaeger/Exame)

Lojas Quero-Quero: expansão continua, mesmo com revisão de guidance (Ricardo Jaeger/Exame)

KS

Karina Souza

Publicado em 31 de outubro de 2022 às 19h28.

Última atualização em 31 de outubro de 2022 às 19h36.

O balanço da Lojas Quero-Quero refletiu o que o mercado já esperava: um cenário mais duro de vendas, com efeitos negativos em margem e em lucro, mesmo com discreto crescimento de receita. Nos três meses encerrados em setembro, a companhia teve prejuízo de R$ 7,6 milhões, revertendo lucro de R$ 15,6 milhões no mesmo período do ano anterior (um cenário atípico o de doze meses atrás, ainda sob efeitos da pandemia, não custa lembrar). 

Na demonstração financeira mais recente, a última linha negativa é reflexo principalmente da demanda menor do que a companhia projetava. A receita líquida do período até cresceu (3,6% na comparação anual), para R$ 691,9 milhões, mas com muito esforço da companhia. “Esse trimestre foi muito parecido com o primeiro. Nós esperávamos um desempenho melhor em todo o segmento, mas todo o setor enfrentou dificuldades”, afirma Peter Furukawa, CEO da Lojas Quero-Quero, à Exame Invest.

O índice de vendas em mesmas lojas (SSS) registrou queda de 7,6% no trimestre, uma melhora, ainda que sutil, em relção ao segundo trimestre deste ano. As vendas pela no modelo figital (que mistura on-line e presencial) foram responsáveis por 19% do total, um patamar que deve se manter com crescimento de 1 ponto percentual a cada trimestre daqui para frente, sem grandes mudanças em relação ao histórico, segundo o CEO.  

Para chegar ao crescimento de faturamento em meio ao cenário geral mais duro, a companhia partiu para uma estratégia de promoções, no intuito de acelerar as vendas. Mas, durou pouco. Diante dos resultados abaixo do esperado, a Lojas Quero-Quero retomou ainda em setembro a estratégia original de precificação.

O teste, entretanto, mostrou seus efeitos no balanço. A margem bruta da companhia ficou em 27,3%, 3,7 pontos percentuais menor do que a registrada no mesmo período do ano passado. De novo, não é uma surpresa em relação às expectativas de mercado para o período, uma vez que a queda já estava na conta de analistas.

O Ebitda no período foi de R$ 43,1 milhões, resultado 35,4% menor do que o do mesmo período de 2021 e uma das poucas linhas do balanço que fica abaixo do resultado comparável de 2019 (-10,4%). 

“É muito importante dizer que geramos caixa neste período, mesmo com todos os investimentos que fizemos e com o lucro bem abaixo do ano passado. Vamos fechar o ano gerando caixa e continuar com a dívida líquida muito parecida com a do ano passado. Nossa resiliência é maior em caixa do que em Ebitda ou lucro líquido”, diz Furukawa.

No período, a companhia teve uma geração de caixa de R$ 198 milhões, uma das principais responsáveis pela redução da dívida no período. No detalhe, a dívida líquida passou de R$ 230,9 milhões no segundo trimestre para R$ 196,4 milhões nos três meses encerrados em setembro. A alavancagem da empesa está, atualmente, em 1,7 vez.

Na prática, os resultados atuais não freiam os planos de expansão da companhia, mas fazem apenas uma leve correção de rota. A Lojas Quero-Quero, que havia anunciado guidance de 70 novas lojas até o fim do ano, revisou a estimativa para abrir de 60 a 70 lojas até dezembro de 2022.

“É uma revisão que está relacionada principalmente aos aluguéis mais caros. Não queremos abrir pagando mais, estamos negociando. Mas, de novo, é uma diferença sutil em relação ao que havíamos anunciado anteriormente”, diz Furukawa.

No trimestre, a companhia investiu R$ 8,9 milhões em novas lojas e em reformas e projetos de lojas. No período, foram abertas 16 novas lojas, comparado a 19 no mesmo período do ano passado e a 16 no segundo trimestre deste ano. 

Outro ponto que impacta a última linha do balanço da empresa é o resultado financeiro. No terceiro trimestre, foi uma despesa de R$ 26,9 milhões, 41% maior do que a registrada no mesmo período de 2021.

Questionado a respeito do impacto da eleição recém-concluída para os negócios, o CEO afirma que nada muda na estratégia do dia a dia da companhia. "Ontem o Lula falou sobre Minha Casa, Minha Vida, talvez faça um investimento maior em moradia, algo que é bom para o segmento de construção em geral", afirma.

Crédito

A receita de serviços financeiros foi de R$ 154,3 milhões no trimestre, aumento de 16,9% na comparação anual. A vertical de crédito da empresa se manteve consistente ao longo do ano, retomando o crescimento da demanda, ao mesmo tempo que não deixa a inadimplência subir demais.

O volume transacionado no cartão VerdeCard foi de R$ 584 milhões no trimestre, aumento de 11,1% na comparação anual. Os atrasos com mais de 90 dias na carteira estão em 11,8%, levemente abaixo do trimestre anterior e apenas 0,3% maior do que a companhia esperava. No entanto, está maior do que o registrado ao longo do ano anterior, em que a taxa oscilou de 7,9% a 9,8%. 

Prêmios em RH

No trimestre, a empresa foi reconhecida no ranking da Great Place to Work como uma das 150 melhores empresas do Brasil para se trabalhar e ficou em primeiro lugar no Ranking Ibevar - FIA 2022 como empresa mais admirada pelos colaboradores no setor.

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