Juros: taxas têm novo dia de alta com escalada dos Treasuries e dólar a R$ 5,15
Taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro para janeiro de 2025 fechou em 11,175%, de 11,004% ontem no ajuste
Agência de notícias
Publicado em 3 de outubro de 2023 às 18h45.
Os juros futuros tiveram novo dia de alta expressiva, mais uma vez determinada pelo exterior. Os yields dos Treasuries escalaram para novas máximas e o dólar saltou a R$ 5,15, levando a reboque os juros futuros na B3.
Pela manhã, as taxas locais chegaram a ensaiar um ajuste em baixa, após já terem subido bastante ontem, mas o movimento não evoluiu. Logo veio o relatório Jolts, sobre o mercado de trabalho nos EUA, espalhando aversão ao risco. A abertura de vagas inesperadamente saltou de 8,92 milhões para 9,61 milhões em agosto. O mercado passou a precificar chance majoritária de aumento de juros pelo Fed até janeiro.
O gerente de Renda Fixa e Distribuição de Fundos da Nova Futura Investimentos, André Alírio, afirma que a resiliência da economia americana tem reforçado as preocupações com o cenário para os preços, puxando marcas históricas nos Treasuries e as curvas no mundo todo. "A dúvida é em que medida esse cenário que está precificado vai se materializar e qual será efetivamente a ação do Fed na política monetária. Isso vai se concretizar ou vão suavizar a retórica?", questiona.
A taxa da T-Note de 10 anos chegou hoje aos 4,80% e a do T-Bond de 30 anos, na máxima, aproximou-se de 4,95%. O movimento contaminou o câmbio, com o dólar no Brasil rompendo R$ 5,15, num dia em que também o petróleo subiu e que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, confirmou que a companhia avalia a possibilidade de reajustar combustíveis antes do fim do ano.
Analistas da Levante Investimentos afirmam que há receios de que no Brasil, o ciclo de cortes da Selic seja interrompido mais cedo, em função do diferencial de juros, que tende a desincentivar a entrada de divisas estrangeiras - principalmente via capital financeiro. Para os profissionais, "não é trivial" pensar no futuro da política monetária brasileira no caso de uma depreciação mais acelerada do real. "Caso tal cenário se concretize, espera-se mudanças substanciais para a economia doméstica , influenciadas pela pressão no índice de preços (como já ocorreu em outras ocasiões) e provável mudança de postura da autoridade monetária", dizem.
Na precificação da curva, o mercado hoje zerou as apostas de aceleração do ritmo de corte da Selic para 0,75 ponto porcentual no Copom de novembro, que já eram minoritárias, com probabilidade em torno de 10% nos últimos dias. Para o encontro de dezembro, o quadro das expectativas traduzido na curva a termo está dividido, 50% a 50%, entre quedas de 0,5 ponto e de 0 25 ponto. Para o fim de 2023, a curva projeta Selic já pouco acima de 11,75% e para o fim do ciclo de flexibilização, 10,75%. Os números são do economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu que para o Copom a magnitude de redução da taxa em 0,50 ponto porcentual a cada reunião é mais adequada. "A gente entende que o 'meio por cento' é um ritmo apropriado hoje dadas as condições", reforçou ao programa da TV Globo "Conversa com Bial" exibido nesta madrugada.
A alta de 0,4% na produção industrial de agosto não chegou a exercer influência sobre os negócios. O resultado veio ligeiramente abaixo da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,5%.