JBS adia IPO de negócios internacionais para o fim de 2018
Atraso nos planos da companhia ocorrem depois do escândalo causado pelas delações premiadas de seus executivos
Reuters
Publicado em 15 de agosto de 2017 às 11h15.
São Paulo - O grupo processador de carne JBS está adiando planos para uma aguardada oferta pública inicial (IPO) de ações de seus negócios internacionais para o final de 2018, depois do escândalo causado pelas delações premiadas de seus executivos.
Em teleconferência com analistas nesta terça-feira, o presidente-executivo da JBS, Wesley Batista, não citou nominalmente as delações dele e do irmão Joesley em maio, mas comentou que após eventos recentes "é lógico que vamos ter um atraso no plano (de IPO)".
"A discussão é quando e não se" a JBS fará IPO da JBS Foods International, disse Batista na teleconferência. "A companhia vai continuar perseguindo isso porque acredita que é o melhor a ser feito... Tenho objetivo pessoal de que a gente consiga estar pronto, se o mercado permitir, para a gente postular o IPO na segunda metade de 2018", acrescentou.
Em meados de maio, Batista chegou a afirmar, também em teleconferência com analistas, que "um IPO no segundo semestre (de 2017) é o momento mais próximo para tentarmos sair ao mercado".
As delações premiadas dos irmãos Batista e de outros ex-executivos da JBS e da holding controladora J&F Investimentos forçaram a processadora de carne a anunciar um programa de venda de ativos para levantar 6 bilhões de reais e a renegociar dívidas com bancos.
Dentro do programa de venda de ativos, o presidente da JBS afirmou que a companhia está em fase avançada para a venda de sua unidade britânica Moy Park e que a empresa não tem intenção de novos desinvestimentos além dos anunciados no programa. Ele não citou prazo para a conclusão da venda.
Segundo Batista, a JBS espera acelerar já no atual trimestre a redução de seus níveis de endividamento e deve antecipar do fim de 2018 para o final deste ano o cumprimento da meta de atingir uma alavancagem de 3,5 vezes.
A JBS terminou junho com dívida líquida de cerca de 50 bilhões de reais e uma dívida líquida sobre Ebitda de 4,16 vezes. O lucro do segundo trimestre caiu 80 por cento sobre um ano antes, impactado por câmbio e aumento de despesas.
O executivo evitou comentar as manifestações do BNDES, acionista da JBS, que informou no final da segunda-feira que defenderá em assembleia marcada para 1 de setembro abertura de processo de responsabilidade contra os irmãos Batista e outros ex-executivos do grupo. O BNDES afirmou ainda que vai defender na assembleia de acionistas a saída de Wesley da presidência-executiva da JBS.
Segundo Batista, a reunião de setembro será "uma ótima oportunidade para mostrar o que foi feito", disse ele referindo-se às medidas de ajuste da JBS após o estouro do escândalo criado pelas delações.
O executivo voltou a afirmar aos analistas que unidades e executivos do grupo nos Estados Unidos não cometeram "atos incorretos" e que espera finalizar "de forma positiva" as discussões com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos iniciadas após as confissões dos executivos do grupo no Brasil.