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"Já ficou claro que a recuperação não vai ser em V", diz Pablo Spyer

Em live com a Exame, diretor de operações da Mirae Asset fala sobre efeitos dos lockdowns e de uma possível vitória de Biden

Pablo Spyer: diretor de operações da Mirae Asset (Germano Lüders/Exame)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 29 de outubro de 2020 às 12h21.

Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 21h20.

Com novos lockdowns na Europa, o diretor de operações da Mirae Asset e conhecido pelo bordão “Vai Tourinhooo”, Pablo Spyer teme que seus maiores rivais, os ursos, voltem a dar as caras no mercado. “O medo da onda de isolamento social abala a retomada da economia. A grande preocupação agora é que a recuperação passe de V para W”, afirma em live da Exame realizada na manhã desta quinta-feira, 29. “E já ficou claro que a recuperação não vai ser em V.”

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Spyer também conta que tem visto parte dos investidores aproveitando as quedas para fazer compras de ações, mas acredita que o momento é de cautela. “É aquele famoso caiu, comprou. Temos visto gente enxergando o momento como de oportunidade. Mas não sei se é muito cedo, porque acabou de acontecer um novo confinamento”, diz.

Além das preocupações sobre a segunda onda de coronavírus, Spyer alerta para as mudanças de paradigmas que podem ocorrer com uma possível vitória do candidato democrata Joe Biden nas eleições americanas.

“Se o Joe Biden ganhar, ele pode pressionar o [presidente Donald] Trump para fazer um lockdown agora, porque as internações nos hospitais dos Estados Unidos dispararam”, avalia.

Para Spyer, outra implicação que a vitória de Biden pode trazer é uma pior perspectiva para a indústria petrolífera . “O Biden é meio que contra combustíveis fósseis. Então, o mercado está nervoso de que com a vitória do Biden, ele feche os Estados Unidos e bata na indústria do petróleo”.

Além dos temores sobre a vitória de Biden, Spyer comenta que a desvalorização do petróleo, que já caiu cerca de 10% somente nesta semana, tem relação com os fechamentos na Europa. “Tudo que a gente vê é petróleo. Então, se consome menos, naturalmente, consome menos petróleo. Então isso derruba também o preço do petróleo.”

Spyer explica que a queda do petróleo tem potencial de desvalorizar o real. “O preço do petróleo é inversamente proporcional ao dólar. Os Estados Unidos são os maiores consumidores de petróleo do mundo e nós, vendedores. Então se o preço do petróleo cai, os Estados Unidos têm que mandar menos dólares para o Brasil para comprar petróleo."

-(EXAME Research/Exame)

Por outro lado, segundo ele, a vitória de Biden pode aumentar o volume dos estímulos econômicos nos Estados Unidos. “[Nesse cenário], a gente acha que os republicanos vão até instigar a colocar mais dinheiro. A gente acredita que vem um pacote maior e que o Trump vai, imediatamente, falar ‘você tinha razão Biden, não precisamos de 2,5 trilhões de dólares, precisamos de 5 trilhões de dólares’. Aí ele machuca o Biden, que vai ter que explicar que não pode dar tanto dinheiro – que é exatamente a estratégia dos democratas agora.”

Dicas do Touro de Ouro

Na live, Spyer também deu dicas para os novos investidores da bolsa. “Investir na bolsa é poupar em ações. Pôr ação por ação no cofrinho. Tem que ir devagar. Não ache que vai chegar especulando contra grandes tesoureiros dos grandes bancos e levar vantagem contra eles. Claro que não. Eles são os mais bem pagos do mundo. São os melhores cérebros do mercado.”

Na busca por qual ação escolher, Spyer recomenda ter uma carteira diversificada e, principalmente, com ações que pagam bons dividendos. “Por que uma empresa pagadora de dividendo é boa? É certeza que dá lucro; que o comando da empresa é competente e gosta de dividir o dinheiro [com os acionistas]; o preço da ação pode subir; quando ela for captar dinheiro para crescer é mais fácil. Essa é a empresa que eu quero ser sócio.”

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