Bolsa: Ibovespa sobe 2,51% e encerra próximo dos 98.000 pontos (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 8 de outubro de 2020 às 10h40.
Última atualização em 8 de outubro de 2020 às 17h19.
Em pregão marcado por fortes valorizações na bolsa brasileira, o Ibovespa subiu 2,51% nesta quinta-feira, 8, e encerrou em 97.919,73 pontos. O movimento foi impulsionado pelas ações dos grandes bancos, que chegaram a se valorizar mais de 8%. Como pano de fundo das negociações estiveram conversas sobre um novo estímulo nos Estados Unidos e uma melhora da percepção dos investidores sobre o candidato democrata Joe Biden.
A forte alta das ações dos grandes bancos ocorreu após a divulgação do relatório em que analistas do UBS alertam sobre a possibilidade do setor apresentar aumento de lucro de 16% no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior e prever menores provisões. As ações do Santander avançaram 8,11% e lideraram as altas do setor. Itaú, Bradesco e Banco do Brasil avançaram 6,04%, 5,67% e 4,83%, respectivamente.
No mercado, também há a quase um consenso de que o setor está "barato". "Os bancos estão bem descontados. Com os balanços do terceiro trimestre chegando, existe a expectativa de reprecificação dos ativos, principalmente a chance de os provisionamentos serem reduzidos, o que beneficiaria os resultados", afirma Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
As ordinárias da Petrobras subiram 3,42% e as preferenciais 3,28%, também contribuindo para a alta do Ibovespa. A forte valorização acompanhou a apreciação semelhante do barril de petróleo no mercado internacional. A alta da commodity ocorre em meio à passagem do furacão Delta sobre o Golfo do México, reduzindo a exploração de petróleo da região em cerca de 80%, segundo a Secretária de Segurança e Fiscalização Ambiental dos Estados Unidos (BSEE, na sigla em inglês).
Apesar das fortes altas dos bancos e da Petrobras terem puxado Ibovespa, devido a seus pesos no índice, foram as ações do IRB Brasil que lideraram as altas. No pregão, o ativo disparou 20,19%, depois de ter acumulado perdas de 23% nos últimos dois dias, com o relatório pessimista do UBS sobre a empresa.
“O movimento de hoje foi extremamente especulativo. O aluguel das ações estava ficando muito caro. Teve muito cara de [short] squeeze”, comenta Pedro Lang, diretor de renda variável da Valor Investimentos.
As ações da Magazine Luiza se valorizaram 3,29%, após ter sido aprovada o desdobramento de ações de 1 para 4, que deve proporcionar maior liquidez para o ativo, tendo em vista sua maior acessibilidade. Os papéis da companhia são cotados a cerca de 90 reais.
Depois de novas conversas com o secretário do Tesouro americano, a presidente da Câmara democrata, Nancy Pelosi, afirmou que não aceitará dar mais incentivos econômicos às companhias aéreas desmembrada de um pacote de estímulo mais robusto. Uma ajuda financeira ao setor foi um pedido do presidente Donald Trump feito há dois dias, poucas horas após suspender as conversas sobre estímulos entre sua equipe e líderes democratas.
Apesar de mais um entrave nas negociações, o mercado acredita que é apenas uma questão de tempo para que novos estímulos sejam feitos. A expectativa é de que, caso o candidato democrata Joe Biden seja eleito, os incentivos fiscais sejam ainda maiores do que em um possível segundo governo Trump.
Amplamente a frente nas pesquisas eleitorais, o nome de Joe Biden começa a ser melhor aceito pelos investidores, tradicionalmente favoráveis a candidatos republicanos. “O mercado está começando a digerir melhor. Agora, o medo é de que a vitória de Biden seja apertada, o que possibilitaria questionamentos por parte de Trump. Se ele ficar muito a frente, a chance de isso acontecer é menor”, afirma Lang.
No radar econômico, estão os pedidos semanais de desemprego dos Estados Unidos, que ficaram levemente piores que o esperado, em 840.000 ante a expectativa de 820.000. Mas, como os números da semana anterior foram revisados de 837.000 para 849.000, os dados desta semana foram os melhores desde o início dos impactos da pandemia no mercado de trabalho americano.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou as vendas do varejo de agosto, que tiveram o quarto mês de recuperação consecutiva. A alta mensal foi de 3,4% contra o crescimento esperado de 3,1%. No entanto, a alta anual decepcionou, ficando em 6,1%, ante as estimativas de um aumento de 7%.