Investidores estão eufóricos com Trump, mas Shiller vê "ilusão"
Otimismo entre investidores americanos tem maior nível em 8 anos, diz pesquisa do UBS, mas Nobel de Economia alerta para "ilusão"
João Pedro Caleiro
Publicado em 22 de janeiro de 2017 às 17h45.
Última atualização em 22 de janeiro de 2017 às 18h18.
São Paulo - Muita gente está assustada com a retórica nacionalista e agressiva de Donald Trump, o novo presidente americano, mas os investidores estão vendo oportunidades.
É o que mostra uma pesquisa do banco suíço UBS com 2 mil dos seus mais ricos investidores americanos, aqueles com mais de R$ 1 milhão para serem aplicados em ativos.
A porcentagem daqueles otimistas com a economia pulou de 39% em outubro para 58% em dezembro, a taxa mais alta dos últimos 8 anos desde a crise financeira.
Antes da eleição, 25% esperavam altos retornos no índice acionário norte-americano S&P 500 nos próximos 6 meses. Agora, esse número pulou para 68%.
"O otimismo dos investidores está decolando, alimentado por expectativas de um ambiente de negócios e regulação mais amigável, e um relaxamento da obstrução que tomou Washington", diz o texto.
Trump promete um grande plano de infraestrutura, corte de impostos e menos regras em áreas como meio ambiente, saúde e o setor financeiro - o que anima os investidores.
Outros analistas apontam para o risco embutido na perspectiva de guerras comerciais, turbulência geopolítica e uma eventual explosão do déficit.
Uma das pessoas em alerta é Robert Shiller, vencedor do Nobel de Economia em 2013 e autor de "Exuberância Irracional", clássico de 2000 que coloca em cheque a racionalidade dos agentes econômicos em momentos de euforia.
Em artigo recente para o jornal britânico The Guardian, ele disse que o mercado está superestimando a imagem de Trump como homem de negócios capaz de fazer acordos vantajosos.
Sua agenda e o flerte do Dow Jones com o nível de 20 mil pontos tem um efeito psicológico forte, diz Shiller, mas os investidores devem se lembrar que o mercado tem algo da "caminhada aleatória": tende a choques para cima e para baixo, mas que no longo prazo tendem a se corrigir.