Investidor prefere esquerdista no México a incerteza no Brasil
Os investidores não gostam do provável vencedor das eleições mexicanas, mas eles preferem o candidato de esquerda à enorme incerteza política no Brasil
Karla Mamona
Publicado em 29 de junho de 2018 às 09h50.
(Bloomberg) -- Os investidores de ações não gostam do provável vencedor da corrida presidencial mexicana deste domingo, mas eles ainda preferem o candidato de esquerda à enorme incerteza política no Brasil.
Alguns analistas dizem que os riscos - incluindo a esperada vitória do líder nas pesquisas Andrés Manuel López Obrador - foram totalmente precificados para os ativos mexicanos. Enquanto isso, espera-se que as ações brasileiras continuem sofrendo antes das eleições de outubro, com um resultado que é um conhecido desconhecido.
"Os riscos já estão precificados, pelo menos no curto prazo, enquanto o valuation e o peso parecem atrativos", escreveram os estrategistas do JPMorgan, liderados por Emy Shayo, em um relatório na quinta-feira, elevando as ações mexicanas para neutras por um melhor cenário para a moeda e uma perspectiva mais confortável para políticas macro no curto prazo. Gruma, Femsa, Banorte, GCC, Pinfra, IENova, Arca e Bachoco são as top picks no curto prazo.
As preocupações com a política fiscal e monetária no Brasil exigem um prêmio de risco mais alto para que os ativos se tornem atrativos, disse Morgan Harting, gestor de recursos da AllianceBernstein em Nova York, em uma entrevista.
No início do mês, o Bank of America Merrill Lynch ajustou sua alocação na América Latina, rebaixando as ações brasileiras de neutras para underweight e elevando as ações do México de neutras para overweight.
Agora é o momento em que os ativos mexicanos apresentam um ponto de entrada atrativo, disseram os analistas do Santander Pedro Balcão Reis e Arturo Espinosa, em uma nota de 14 de junho. O Santander substituiu as ações de beta baixo, defensivas, expostas ao dólar, por ações de beta mais elevado e expostas ao peso mexicano.
O índice S&P BMV IPC do México subiu 5% até agora em junho, enquanto o Ibovespa caiu 8%, prejudicado pelo crescimento econômico mais fraco do que o esperado e pelo persistente enfraquecimento dos candidatos reformistas nas pesquisas de opinião.
No Brasil, "as pesquisas de opinião não são motivo de otimismo entre os investidores. Isso pode pesar sobre a moeda, ações e títulos à medida que nos aproximamos da votação", disse William Jackson, economista sênior de mercados emergentes da Capital Economics, em entrevista.
O iShares NAFTRAC ISHRS, negociado localmente e maior ETF incorporado no México, está liderando os fluxos de entrada para ETFs da América Latina, com mais de US$ 1,1 bilhão, seu melhor ano desde 2011. Enquanto isso, o iShares MSCI Brazil ETF (EWZ) tem US$ 726 milhões em fluxos - o pior desde 2015, se o ano terminasse agora.