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Ibovespa termina a semana no vermelho e dólar volta a subir

Com ausência de notícias no cenário político, bolsa sucumbiu à fraqueza dos bancos

Operadores na Bovespa: o desempenho relativo dos fundos decepcionou (Germano Luders/Exame)

Operadores na Bovespa: o desempenho relativo dos fundos decepcionou (Germano Luders/Exame)

TL

Tais Laporta

Publicado em 19 de julho de 2019 às 17h33.

Última atualização em 19 de julho de 2019 às 18h02.

Praticamente anulando os ganhos da véspera, o Ibovespa encerrou a semana no vermelho, puxado pela fraqueza nas ações dos bancos. O maior índice de ações do Brasil recuou 1,21% nesta sexta-feira (19), a 103.451 pontos. Na semana, o Ibovespa cedeu cerca de 0,43%.

Após o otimismo da véspera com a expectativa de corte de juros nos Estados Unidos e no Brasil, investidores modularam as apostas nesta sessão.

A ausência de corte de juros pelo Banco Central neste mês causaria uma "decepção" no mercado, que discute sua magnitude, disse à Reuters Fernando Gonçalves, superintendente de pesquisa econômica do Itaú Unibanco.

A XP Investimentos afirmou esperar uma temporada fraca de resultados das empresas brasileiras, que começa semana que vem, diante da fraca atividade econômica do país.

Em Wall Street, os índices fecharam em queda após o "Wall Street Journal" informar que o Federal Reserve deve cortar as taxas de juros em 25 pontos-base no fim deste mês, apenas um dia depois de comentários de uma autoridade do banco central fortalecerem expectativas de uma redução maior.

Destaques da bolsa

As ações dos bancos ITAÚ UNIBANCO e BRADESCO caíram 2,6% e 2,26%. O jornal "O Globo" publicou nesta sexta que o ex-ministro Antonio Palocci disse em acordo de delação premiada que alguns dos maiores bancos do país doaram 50 milhões de reais para campanhas eleitorais do PT em troca de benefícios nos governos dos ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O índice financeiro recuou 1,01%.

A rede de móveis e eletrodomésticos VIA VAREJO perdeu 3,12%, entre as maiores quedas da sessão, mas ainda o papel que mais valorizou no mês.

A mineradora VALE subiu 0,25%, após o contrato de minério de ferro negociado em Dalian, para entrega em setembro, subir 2,4% para 916 iuanes por tonelada, marcando a sexta semana consecutiva de alta.

A estatal de saneamento SABESP caiu 1,82%, em sessão de ajustes, após a ação saltar 4,45% e fechar em nova máxima histórica na véspera.

A resseguradora IRB BRASIL recuou 1,56%, após oferta secundária de ações, precificada na véspera a 88 reais por papel, desconto em relação ao fechamento da quinta-feira. Na operação, o governo brasileiro e a BB Seguros, ambos acionistas do IRB, levantaram cerca de 7,4 bilhões de reais.

O pappel do BANCO INTER saltou 4,63%, após confirmar oferta primária de ações com esforços restritos. A precificação da oferta ocorrerá no dia 29 de julho.

Dólar ganha força e vai a R$ 3,74

Já o dólar subiu frente ao real nesta sexta, seguindo o ajuste de alta da moeda no exterior. Operadores reduziram de forma consistente a expectativa de um corte de juros mais intenso nos Estados Unidos no fim deste mês. A moeda valorizou 0,43%, a 3,7453 reais na venda.

Na véspera, o dólar chegou ao menor nível em cinco meses, aprofundando a queda com declaração do presidente do Fed de Nova York, John Williams, de que as autoridades não podem esperar um desastre econômico para adotar estímulos. Pouco depois, o vice-chair do Fed, Richard Clarida,reforçou a mensagem.

Os mercados globais interpretaram as falas como fortes sinais de que o banco central dos EUA optaria por um corte mais agressivo de juros, acima de 0,25 ponto percentual que investidores projetavam. Mas no fim do dia, um representante do Fed de Nova York esclareceu que as declarações de Williams não se referiam à política monetária, o que levou o dólar a recuperar as perdas.

Hoje foi dia de reposicionamento global das apostas quanto ao corte de juros que o Fed, com investidores voltando a se concentrar em uma redução de 0,25 ponto percentual.

"O dólar voltou naturalmente com a sinalização de que, se (o Fed) cortar, será em 0,25 ponto percentual, e não 0,5 ponto. Com o Fed sendo mais conservador no corte, voltou a valorizar o dólar", explicou à Reuters o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.

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