Ibovespa fecha em queda e se afasta dos 100 mil com piora do exterior
Bolsas americanas viram ao longo do dia e têm terceira queda semanal consecutiva
Guilherme Guilherme
Publicado em 18 de setembro de 2020 às 10h31.
Última atualização em 18 de setembro de 2020 às 17h46.
A bolsa brasileira encerrou em queda nesta sexta-feira, 18, acompanhando a piora das bolsas americanas, que tiveram a terceira queda semanal consecutiva. O Ibovespa, principal índice da B3, caiu 1,81% e encerrou em 98.289,71 pontos.
Segundo Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research, os 98.500 pontos perdidos hoje foi uma marca importante de resistência para a bolsa. "Se cair mais, vamos lá para 93 mil a 94 mil. A bolsa está com dinâmica ruim. Ninguém quer tomar risco. Nada ajuda. O mercado americano está estagnado e Nasdaq, dando sinais de cansaço."
EUA
Depois de abrirem em alta, os índices de ações do mercado americano entraram no terreno negativo e aceleraram as perdas no início da tarde. O índice da bolsa de Nasdaq, onde estão listadas as principais empresas de tecnologia do país, chegou a superar 2% de queda, mas atenuou as perdas, encerrando em queda de 1,07%. O S&P 500 caiu 1,12%
Além da continuidade do movimento de correção visto na semana passada e retrasada, o mercado segue pressionado pela falta de novos incentivos fiscais e monetários. "O Federal Reserve anunciou que vai manter as taxas de juros próximas de 0% até 2023. Mas quando olha nas entrelinhas, é visível que para a maior economia do mundo deixar o juro zerado por tanto tempo o problema é grande. E ainda o pacote fiscal de [1,5 trilhão de dólares] não sai no Congresso americano", comenta Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo.
Europa
O ressurgimento de casos de coronavírus em países europeus voltou a pressionar o mercado global, após a cidade de Madri retomar o confinamento parcial da cidade, o que deve afetar quase 1 milhão de pessoas.Mais cedo, o diretor regional para Europa da Organização Mundial da Saúde, disse que “há uma situação muito séria se desenrolando diante de nós” ao se referir aos mais de 30 milhões de infectados pela doença no mundo. "A volta das quarentenas é tudo que o mercado não quer. Na sexta-feira, por ser véspera de fim de semana, já é comum um fluxo vendedor mais forte. Ainda mais com notícia negativa. Tem muita gente desfazendo posição [para não passar o fim de semana comprado]", afirma Gustavo Bertotti, economista da Messem
Tik Tok
Também segue no radar do mercado o anúncio do presidente Donald Trump desta manhã em que anuncia o bloqueio de downloads do aplicativo chinês Tik Tok a partir de domingo e restrições de transferências por meio do também chinês WeChat. Embora possa reacender os temores sobre a guerra comercial entre China e Estados Unidos, a notícia, no entanto, teve impacto limitado nos negócios, mas se somou às preocupações do dia. “A gente está assistindo a uma novela Tik Tok. Cachorro que late não morde e ele está latindo”, afirma Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset.
IGP-M
A segunda prévia do Índice Geral de Preço de Mercado de setembro, divulgado nesta sexta pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ficou em 4,57%, superando a primeira prévia e aumentando os temores sobre inflação. "É uma ameaça de inflação. O Banco Central ver esse pico de inflação como momentâneo. Mas o mercado está muito mais preocupado que o BC. Mesmo se o ritmo de inflação melhorar lá na frente, o o cenário ainda é tem a piora fiscal", afirma Marcel Zambello, analista da Necton.
Exportadoras
Em meio à alta do dólar no mercado de câmbio, as ações da companhias de papel e celulose Suzano lideraram as altas da sessão, 2,1%. Pela manhã, as ações de frigoríficos também esboçaram uma reação positiva, mas entraram no vermelho com a piora do cenário internacional.
Cielo
No extremo negativo, estão as ações da Cielo, que tiveram a recomendação rebaixada por analistas do JPMorgan, que veem o cenário concorrencial desafiador para a companhia. Os papéis da companhia de maquininhas cai 5,58%.
Desdobramentos
As ações da da Raia Drogasil sobem 1,29%, após o anúncio do desdobramento de ações. Embora o valor da companhia se mantenha o mesmo, após o desdobramento, a tendência é que sua liquidez aumente. "É como se um pizza que era cortada em dois pedaços passasse a ser cortada em quatro pedaços" exemplifica Zambello. As ações da Raia Drogasil, serão dividas em cinco. Outra empresa que anunciou desdobramento foi a Magazine Luiza, que será de um para quatro. A ação da varejista fechou em alta de 0,13%.
Big caps
Entre as ações com maior peso no Ibovespa, todas encerraram em queda. O destaque negativou ficou com os papéis da Petrobras, que caíram cerca de 2,4%, acompanhando o preço do barril de petróleo, que recua, após ter batido quase 10% de valorização nesta semana. As ações dos grandes bancos de varejo também pressionam no lado negativo, com Itaú caindo 2,5%, Banco do Brasil, 2,5% e Bradesco 2,4%. Os papéis da Vale, que também vinham positivo, agora caíram 0,68%, mesmo após a alta do minério de ferro em Dalian.