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Ibovespa sustenta os 111.000 pontos e fecha em maior marca em 10 meses

Expectativa com estímulos nos EUA e aprovação da vacina da Pfizer no Reino Unido barram realização de lucros após rali

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 09h12.

Última atualização em 2 de dezembro de 2020 às 19h12.

Em pregão volátil, o Ibovespa resistiu à realização de lucros e manteve a marca simbólica dos 111.000 pontos nesta quarta-feira, 2, em linha com as bolsas americanas, que repercutiram boas notícias de vacinas e estímulos para a economia dos Estados Unidos. Depois de cair pela manhã, o índice avançou no início da tarde e chegou a superar os 112.000 pontos pela primeira vez desde fevereiro. O Ibovespa encerrou o dia em alta de 0,43%, aos 111.878 pontos -- melhor marca par ao índice em dez meses.

A alta também foi puxada pela valorização de papéis com grande representação no índice em pontos -- como Petrobras e bancos --, demonstrando que o movimento de rotação setorial de ações continua a orientar decisões de investimento. "Ações de empresas que foram prejudicadas pela pandemia apresentaram bom desempenho com o noticiário mostrando cada vez a proximidade da distribuição de vacinas para a população", afirma Paloma Brum, economista da Toro Investimentos. Leia os destaques da bolsa em detalhes aqui.

Entre os principais índices americanos, o S&P 500 subiu 0,18%, o suficiente para bater recorde e renovar sua alta máxima. O Dow Jones avançou 0,20%, enquanto o Nasdaq caiu 0,1%. O mercado dos EUA repercutiu as últimas notícias em torno de uma nova rodada de negociações de estímulo fiscal para o país.

Nesta quarta-feira, os líderes democratas reforçaram que o Congresso dos Estados Unidos deve iniciar imediatamente as discussões para implementar um plano bipartidário de 908 bilhões de dólares em alívio ao coronavírus.

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Também na tarde de hoje, os chefes do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos e do Federal Reserve renovaram os apelos aos parlamentares para que cheguem a um acordo sobre um pacote de recuperação econômica. Em um segundo dia de depoimentos a comitês do Congresso, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e o chair do Fed, Jerome Powell, disseram ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara que ação fiscal adicional é necessária como seguro contra outra contração na atividade no curto prazo.

Já as notícias sobre vacinas -- que impulsionaram o rali nas bolsas nas últimas semanas -- continuam a influenciar positivamente o mercado. Hoje o Reino Unido autorizou o uso da vacina da Pfizer e anunciou que irá iniciar a vacinação em massa já na próxima semana. Com a declaração, o índice FTSE 100 de Londres fechou em alta de 1,23% e superou a maioria dos pares regionais. O índice pan-europeu STOXX 600 encerrou estável, com desvalorização de 0,05%.

No Brasil, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a vacinação pode começar já em janeiro.

A possibilidade de vacinação no horizonte levou os investidores a procurar ativos de maior risco, e contribuiu para a forte entrada de investimento estrangeiro nos países emergentes e no Brasil no último mês. O saldo de capital externo na bolsa brasileira ficou positivo em 33,3 bilhões de reais em novembro, no segundo mês consecutivo em que as entradas superaram as saídas, de acordo com dados disponibilizados pela B3 nesta quarta-feira, que excluem números sobre IPOs e ofertas subsequentes de ações.

No ano, porém, a saída líquida de estrangeiros do segmento Bovespa ainda alcança 51,56 bilhões de reais, com saldo positivo apenas em três meses: junho (343 milhões de reais), outubro (2,867 milhões de reais), e novembro (33,3 bilhões de reais).

Preocupações à vista

Apesar das boas novas, algumas preocupações rondam o mercado internacional, como a apreensão de que não se chegue um acordo pós-Brexit. Também pesa no humor dos investidores a declaração de Joe Biden de que não pretende tirar as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump sobre a China.

Em entrevista ao editorialista do New York Times Thomas L. Friedman, Joe Biden disse que irá lutar para a atração de investimentos na "América primeiro" e que não irá remover as tarifas adicionais de 25% sobre metade dos produtos importados da China. As declarações, que chegam a se assemelhar às de Trump, sinalizam que a guerra comercial entre as duas maiores potências está longe de um final. "Não vou fazer nenhuma mudança imediata, e o mesmo se aplica às tarifas. Eu não vou prejudicar minhas opções", afirmou Biden.

Já as preocupações em torno do pós-Brexit se devem às recentes declarações de Michel Barnier, responsável da União Europeia pelas negociações com o Reino Unido. Segundo a Bloomberg, o político europeu admitiu, em uma reunião fechada realizada nesta quarta-feira, que as chances de um acordo são pequenas devido a divergências pontuais. A declaração, no entanto, acabou parcialmente eclipsada pelo otimismo com a vacina.

No radar do mercado também estão dados econômicos divulgados nesta manhã. Conhecido como "prévia do payroll", os dados do ADP, que mede a variação dos empregos privados nos Estados Unido revelou a criação de 307.000 vagas em novembro, ficando abaixo das estimativas de 410.000 empregos. No Brasil, o IBGE divulgou os dados de produção industrial, que ficaram também decepcionaram. Na comparação mensal, a produção industrial 1,1% ante alta esperada de 1,4%.

Câmbio

O dólar passou por um leve ajuste de alta nesta quarta-feira, depois da forte queda da véspera que derrubou a moeda a uma mínima em quatro meses, com investidores optando pausar as vendas num dia de hesitação também no exterior.

O dólar à vista subiu 0,27%, a 5,2422 reais na venda, depois de oscilar entre 5,2563 reais (+0,54%) e 5,2068 reais (-0,41%).

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