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Ibovespa fecha semana em queda de 1,3%; Americanas despenca 8%

Recuperação da economia brasileira é ofuscada por temporada de balanços; varejistas lideram perdas após resultados

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 13 de agosto de 2021 às 17h34.

Última atualização em 13 de agosto de 2021 às 20h10.

O Ibovespa subiu nesta sexta-feira, 13, acompanhando a alta das bolsas internacionais, com investidores avaliando balanços e dados macroeconômicos. O principal índice da B3 subiu 0,41%, fechando o pregão aos 121.193 pontos. 

Na semana, no entanto, o Ibovespa acumulou queda de 1,32%. “A semana foi marcada pela apreensão do mercado em relação à alta da inflação, combinada a uma política expansionista do Planalto de olho nas eleições de 2022. A sensação é de que vai ficar um pouco mais interessante ter renda fixa, tirando parte da atratividade da renda variável”, explica Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos.

Foi esse cenário que levou o Ibovespa a atingir o menor patamar em três meses no pregão de quinta-feira. Hoje, o índice recuperou parte dessas perdas, mas continua atrás se comparado aos mercados internacionais. 

No exterior, o americano Dow Jones superou um novo recorde enquanto o europeu Stoxx 600 registrou o 10º dia consecutivo de alta. Já o dólar comercial recuou 0,35%, a 5,23 reais, acompanhando o seu movimento contra outras moedas emergentes. 

No pregão de hoje, o mercado digeriu os dados de atividade econômica divulgados nesta manhã pelo Banco Central. O IBC-Br, conhecido popularmente como "prévia do PIB", subiu mais do que o esperado para o mês de junho, ficando em 1,14% ante expectativa de 0,4%. O número confirma a sólida recuperação já sinalizada por dados do setor de serviços que saíram na véspera.

Apesar dos dados positivos, o setor de varejo, que estaria entre os mais beneficiados pelo aquecimento da economia local, ficou entre as maiores quedas da bolsa. As ações das Americanas (AMER3) despencaram 7,88%, mesmo após seu resultado, apresentado na última noite, superar as estimativas de mercado. No segundo trimestre, a empresa teve lucro líquido de 225 milhões de reais, com sua receita batendo 6,92 bilhões de reais, quase o dobro do esperado, segundo consenso da Bloomberg.

Com a desvalorização de hoje, os papéis da Americanas, que sofre uma crise de desconfiança devido à reestruturação societária, passa a acumular desvalorização de 42,9% no ano. Os papéis das Lojas Americanas (LAME4) também recuaram 9,13% nesta sexta-feira, acumulando queda de 77% no ano.

"O papel das Americanas já caiu o que tinha que cair. Se o investidor não está olhando para o curto prazo, existem oportunidades. Isso tanto pelas sinergias com a B2W e também porque a empresa  mostrou que virou a página e já está indo às compras. Na minha visão o foco não deveria ser o resultado do trimestre, mas sim as compras de Hortifruti e Natural da Terra" , afirma Cruz.

Outra ação que sofreu perdas foi a da Magazine Luiza (MGLU3), que caiu 3,34%, com investidores também reagindo ao balanço trimestral. No segundo trimestre, as vendas totais da companhia cresceram 60% para 13,7 bilhões de reais. O e-commerce, que representou 72% de todas as vendas, cresceu 46%. Ainda maior que a expansão média de vendas digitais de 16,8%, segundo a Neotrust, o ritmo da Magazine Luiza desacelerou em relação ao primeiro trimestre, quando o e-commerce da companhia cresceu 114%.

Outros fatores também impactam as varejistas. Segundo Thayná Vieira, analista da Toro Investimentos, as incertezas fiscais e a rotação de carteiras são parte da explicação das quedas de hoje. “Esta semana tivemos ainda a divulgação dos dados das vendas do comércio varejista para o mês de junho, que vieram abaixo das expectativas do mercado. As incertezas macroeconômicas, como alta nas taxas de juros e inflação, também permanecem no radar dos investidores", diz. Via (VVAR3) fechou em queda de 6,38%. 

Maiores altas

Maiores quedas

CPFL EnergiaCPFE3

8,28%

Lojas AmericanasLAME4

-9,13%

EmbraerEMBR3

7,28%

AmericanasAMER3

-7,88%

HeringHGTX3

5,40%

ViaVVAR3

-6,38%

Na ponta positiva, CPFL Energia (CPFE3) subiu 8,28%, após informar lucro de 1,1 bilhão de reais em seu balanço do segundo trimestre. 

As ações da Embraer (EMBR3) também figuraram entre as maiores altas, subindo 7,28%, após a companhia ter apresentado lucro líquido de 43,6 milhões de reais, revertendo o prejuízo de 198,8 milhões de reais do segundo trimestre do ano passado.

Já as ações da Hering (HGTX3) avançaram 5,4%, após o forte resultado da Soma (SOMA3). Ambas as empresas acertaram um acordo de fusão. No segundo trimestre, a Soma reverteu seu prejuízo de 23,3 milhões de reais e deu lucro líquido de 66,2 milhões de reais. A receita quase triplicou, passando de 188,4 milhões de reais para 506,6 milhões de reais. Fora do Ibovespa, os papéis da Soma dispararam 7,05%.

Também fora do índice, as ações da Kora Saúde (KRSA3) subiram 11,67% em dia de estreia na B3 após IPO.

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