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Ibovespa perde força e devolve ganho alcançado com nota de Bolsonaro

Diminui o alívio no mercado conquistado após declaração conciliatória do presidente; dólar sobe

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 10 de setembro de 2021 às 10h25.

Última atualização em 10 de setembro de 2021 às 16h07.

O Ibovespa opera próximo à estabilidade nesta sexta-feira, 10, com investidores voltando a ficar cautelosos com o cenário político. Às 16h, o principal índice da B3 recua 0,01%, aos 115.353 pontos, devolvendo parte dos ganhos conquistados no pregão da véspera.

O Ibovespa subiu 1,72% ontem após o presidente Jair Bolsonaro colocar panos quentes na crise com o Supremo Tribunal Federal (STF). Seguindo a orientação do ex-presidente Michel Temer, figura respeitada no mercado, Bolsonaro divulgou uma carta de "Declaração à Nação" em que mudou o tom de seu discurso.

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Depois de duras ameaças ao Supremo Tribunal Federal nos atos de 7 de setembro, o presidente disse em carta que foi abalado pelo "calor do momento" e que “nunca teve intenção de agredir quaisquer dos poderes”. O presidente até mesmo elogiou “qualidades como jurista e professor” do ministro Alexandre de Moraes, embora tenha citado “naturais divergências”.

A declaração causou um alívio momentâneo no mercado, mas analistas ainda não estão convencidos de que o sinal de moderação é verdadeiro. “O presidente morde e assopra. Para voltar a morder de novo não custa muito. Enquanto tivermos um presidente beligerante, a situação vai continuar volátil nos mercados”, afirma Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco Modalmais.

Outra fonte de preocupação são os protestos contra o presidente marcados para o final de semana, que podem abreviar a ‘trégua’ declarada ontem. O câmbio reflete essas preocupações com mais força, e o dólar comercial avança 0,48%, a 5,25 reais.

“As demais moedas emergentes ficaram estáveis ou tiveram ligeira queda no pregão de hoje, confirmando que a pressão no real reflete a aversão ao risco no mercado doméstico”, afirma Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest.

Além das dificuldades no ambiente interno, o mercado internacional contribui com o menor apetite por risco. Os principais índices americanos recuam, com investidores pesando a possibilidade de redução dos estímulos monetários do Federal Reserve ( Fed, banco central americano) ainda neste ano.

No Brasil, o principal dado desta manhã foi o de vendas do varejo, que saiu bem melhor do que o esperado, com alta anual de 5,7%. A projeção do mercado era de um crescimento de 3,5%. Já a alta mensal foi de 1,2%.

Destaques da bolsa

Apesar do ambiente misto na bolsa, os juros futuros têm baixa após forte valorização nos últimos dias. Beneficiadas pela queda dos juros longos, as ações de construtoras figuram entre as maiores altas do Ibovespa, com Cyrela (CYRE3) e EzTec (EZTC3) subindo 5,24% e 3,53%, respectivamente. O setor de tecnologia é outro a reagir positivamente, com as ações da Méliuz (CASH3) dispando 11,33% e liderando as altas do índice.

Entre as ações com maior representação no índice, a Vale (VALE3 ) sobe 0,68% e ajuda a impulsionar o índice, mesmo com a queda do minério de ferro no exterior. O BTG Pactual, do mesmo grupo controlador da Exame, afirmou em relatório que o papel está “altamente subvalorizado” e reforçou recomendação de compra.

No campo da siderurgia, a CSN (CSNA3), que adquiriu as operações brasileiras da Holcim, líder global em cimentos, chegou a subir 2,5%mas virou para queda e recua 0,35%.

Na ponta negativa, as ações da varejista Magazine Luiza (MGLU3) lideram as perdas, caindo 5,78%, apesar dos dados positivos sobre o setor. Já Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3) caem 2,82% e 3,06%, respectivamente, após terem disparado na quarta-feira, 8, com a recomendação do Cade para que a fusão entre ambas as companhias fosse aprovada.

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