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Ibovespa salta 1,7% após fala de Powell acalmar mercados

Alta de juros nos Estados Unidos veio acompanhada de comunicado menos duro que o esperado

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 4 de maio de 2022 às 17h26.

Última atualização em 4 de maio de 2022 às 17h46.

Ibovespa hoje: o principal índice da B3 encerrou esta quarta-feira, 4, em alta, em um dia de virada acompanhando a decisão de política monetária nos Estados Unidos.

No início do dia, o Ibovespa chegou a recuar para o patamar dos 104 mil pontos, com investidores temerosos quanto à política monetária dos EUA. O cenário, no entanto, se inverteu após a decisão, e o índice encerrou o dia perto da máxima, em alta de 1,70%, aos 108.344 pontos.

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Como era amplamente esperado pelo mercado, o Federal Reserve ( Fed, banco central americano) elevou a taxa de juros dos Estados Unidos em 0,5 ponto percentual (p.p.), para o intervalo entre 0,75% e 1,00% – na maior alta desta magnitude desde 2000.

Juros mais altos costumam retirar a atratividade das bolsas e fortalecer o dólar, mas o que se viu após a divulgação do Fed foi justamente o contrário. A grande virada veio com o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell. Após a divulgação da decisão, Powell afirmou que a autoridade monetária não tem a intenção de intensificar o ritmo de ajuste monetário para 0,75 p.p., como vinha sendo precificado pelo mercado.

“Um aumento de 0,75 p.p. não é algo que o comitê esteja considerando ativamente. As expectativas são de que começaremos a ver a inflação ‘achatando’”, disse Powell, em coletiva após a decisão do Fed.

“Na percepção dos mercados a fala de Powell na coletiva depois da decisão trouxe um tom mais ‘dovish’ [favorável a juros mais baixos] porque, ainda que tenham sido ressaltados os altos níveis de inflação, elevações de 0,75 p.p. para as próximas subsequentes foram deixadas de lado”, afirmou Luca Mercadante,  economista da Rio Bravo.

A fala impulsionou os principais índices americanos fecharam o dia em fortes altas, com destaque para o índice de tecnologia Nasdaq, cujas empresas estão entre as mais afetadas pela tendência de juros mais altos.

Já o dólar comercial, que chegou a superar a marca dos R$ 5 na máxima do dia, fechou em queda de 1,21% a R$ 4,903 após a decisão.

A tendência de queda, no entanto, pode ser de curto prazo na visão de Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest. “As falas de Powell foram duras e não descartamos uma virada na taxa de câmbio no curto prazo”, disse em nota.

“É possível que o mercado volte a se preocupar com um ritmo de alta de 0,75 p.p. por parte do Fed, ainda mais considerando que o cenário de inflação nos EUA está bastante pressionado”, acrescentou.

Por aqui, investidores aguardam a decisão de juros no Brasil, após às 18h30. A expectativa é por uma nova alta de 100 pontos base, aumentando a taxa Selic para 12,75%. Analistas acreditam que o BC tenha que estender o ciclo de alta para os próximos meses para controlar a ainda crescente inflação.

Destaques de ações

A recuperação dos papéis de tecnologia no exterior se refletiu na bolsa brasileira, com Magazine Luiza (MGLU3), Méliuz (CASH3) e Americanas (AMER3) tomando a liderança do pregão após a decisão do Fed.

Outro destaque do dia ficou com os papéis do Pão de Açúcar (PCAR3), que divulga seus resultados após o fechamento de mercado.

Entre as maiores altas do Ibovespa também estiveram os papéis das petroleiras PetroRio (PRIO3) e 3R (RRRP3). A Petrobras (PETR4), com o segundo maior peso do índice, saltou mais de 6%.

O motivo da alta vem da Europa. Ursula von der Leyen, presidente da comissão europeia, apresentou uma proposta para proibir que países do bloco importem a commodity da Rússia. Como consequência da possível de restrições de oferta, o petróleo Brent sobe, voltando a superar a marca de US$ 110 por barril.

Na ponta oposta, as ações da Marfrig (MRFG3), que reportou resultado do primeiro trimestre na última noite, lideraram as perdas do Ibovespa. A empresa teve lucro líquido de R$ 109 milhões, 61,1% abaixo do registrado no ano passado.

O número saiu muito abaixo do consenso da Bloomberg, que esperava R$ 689,2 milhões de lucro, com aumento do Ebitda e da receita líquida -- que de fato aumentaram, saindo, inclusive, acima do esperado. As despesas financeiras, no entanto, engoliram o resultado, saltando de R$ 346 milhões no mesmo período do ano passado para R$ 1,22 bilhão.

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