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Ibovespa fecha em alta em sessão volátil, mas segue abaixo de 98 mil

Apesar de tom levemente positivo, mercado ainda pondera efeitos de uma segunda onda de coronavírus e discurso agressivo de Donald Trump contra a China

Bolsa: Ibovespa apresenta leve alta nos primeiros negócios do dia (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 22 de setembro de 2020 às 10h34.

Última atualização em 22 de setembro de 2020 às 17h53.

Em pregão marcada pela alta de volatilidade, o Ibovespa subiu 0,31% nesta terça-feira e encerrou em 97.293,54 pontos, com os investidores em busca de oportunidades, após o índice ter tocado a mínima em quase três meses na sessão anterior. Apesar da alta, os investidores tiveram poucos motivos para comemorar. No radar, estiveram os ataques do presidente Donald Trump contra a China, falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell sobre incertezas econômicas e o anúncio de novas medidas de restrição no Reino Unido, após o aumento do número de casos de coronavírus.

Trump contra China

Em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Donald Trump usou seu tempo de fala para, mais uma vez, atacar a China. Em seu discurso, Trump voltou a chamar o coronavírus de vírus chinês e pediu para que a ONU responsabilizasse o país asiático por sua atuação durante a pandemia. "Nos primeiros dias do vírus, a China bloqueou as viagens domésticas, enquanto permitia que voos partissem da China e infectassem o mundo", disse.

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Futuro "altamente incerto"

Em sua primeira de três aparições no Congresso americano marcadas para esta semana, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, voltou a dizer que a economia americana ainda está longe de ser o que era e que ainda vê um caminho "altamente incerto". "É provável que a recuperação total ocorra apenas quando as pessoas estiverem confiantes de que é seguro retomar uma ampla gama de atividades", afirmou.

Fed Boy

Mesmo com a economia americana ainda fragilizada, o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, mencionou a possibilidade de aumento de juros mesmo antes de a inflação média ficar acima de 2%. Evans também falou da possibilidade de "dinâmica recessiva" sem mais estímulos fiscais. No Congresso americano, estímulos fiscais vêm sendo debatidos há mais de um mês, mas diferenças entre republicanos e democratas impedem um acordo. No mercado, a expectativa é de que o estímulo fiquei ainda mais difícil de ser aprovado com a aproximação das eleições presidenciais.

Segunda onda

Apesar do tom levemente positivo nas bolsas europeias, os investidores globais seguiram avaliando os possíveis impactos de novas restrições no continente. Nesta manhã, o primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciar novas medidas de restrições. “Os investidores estão à procura de barganhas. Alguns ativos caíram demais e algumas ações são beneficiadas pelas quarentenas”, afirma Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos. Segundo ele, essa busca é observada principalmente no melhor desempenho do índice Nasdaq, subiu 1,71% enquanto o Dow Jones, 0,52%. “O Dow Jones representa mais a economia tradicional, que é mais afetada pela pandemia.”

CSN

Mesmo após mais um dia de queda do minério de ferro no mercado internacional, as ações da CSN subiram 3,39% e figuraram entre as maiores altas do Ibovespa, com os investidores ainda repercutindo positivamente a aprovação do IPO de sua frente de mineração. Embora o anúncio tenha sido feito ontem, a pressão negativa no mercado levou os papéis a fecharem em queda. No mercado, há a expectativa de que a operação levante até 10 bilhões de reais - dinheiro que serviria para a equalizar a situação financeira da empresa, que encerrou o segundo trimestre com dívida líquida de 33,1 bilhões de reais - equivalente a 5,7x o Ebitda (lucro antes de juros impostos depreciação e amortização).

Copom

Divulgada nesta manhã, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi interpretada pelos investidores como um sinal de que a taxa básica de juros deve permanecer em 2% ao ano ainda por um tempo. Para Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, a manutenção dos juros baixos é positiva principalmente para o setor de varejo e construção civil. Entre construtoras, as ações da MRV e Cyrela tiveram respectivas altas de 3,73% e 3,16%, enquanto as varejistas Magazine Luiza, Via Varejo e Renner subiram 0,89%, 0,75% e 1,23%, respectivamente. "Maior tempo de juros baixo melhora o desempenho dessas empresas por causa do crédito mais barato", afirma. Por outro lado, as ações da B2W encerraram na lanterna do índice, com queda de 3,8%. "Os investidores vêm realizando lucros nas ações da B2W. Também há uma certa preferência por Via Varejo e Magazine Luiza porque elas também são beneficiadas pelas reaberturas de lojas físicas, que a B2W não tem."

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