Ibovespa recua mais de 1% com inflação em alta no Brasil e no mundo
Bolsas internacionais operam em queda com temor de aperto na política monetária global
Beatriz Quesada
Publicado em 11 de abril de 2022 às 17h23.
Última atualização em 11 de abril de 2022 às 17h26.
Ibovespa hoje: o principal índice da B3 fechou esta segunda-feira, 11, em queda de 1,16% aos 116.952 pontos. O recuo acompanhou as baixas nos mercados globais, com investidores preocupados com a inflação – tanto no Brasil quanto no mundo. Por aqui, o IPCA de março surpreendeu o mercado na última sexta-feira e reforçou a expectativa de analistas para novas altas na taxa básica de juros, a Selic.
A tendência de queda ganhou impulso após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmar nesta manhã que o BC irá analisar a “surpresa” com a inflação, abrindo espaço para uma mudança na trajetória da política monetária brasileira. Vale lembrar que, antes da divulgação do índice, o Banco Central vinha defendendo que a Selic encerraria seu ciclo de alta em 12,75% ao ano.
Juros mais altos aumentam a atratividade da renda fixa e prejudicam o desempenho das ações, em especial as associadas à economia doméstica. Com o movimento, o Ibovespa caiu abaixo da marca dos 117.000 pontos – o que não acontecia desde o dia 21 de março.
No exterior, a disparada dos preços também causou preocupações. Nesta madrugada, a China divulgou que a inflação ao consumidor subiu 1,5% em março na comparação com o mesmo mês de 2021, com aceleração em relação ao 0,9% de fevereiro.
Porém, as maiores expectativas estão concentradas nos índices de preços da Europa e dos Estados Unidos, que serão divulgados a partir de terça-feira, 12, e podem influenciar as perspectivas sobre o aperto monetário do Federal Reserve ( Fed, banco central americano) e do BCE (Banco Central Europeu).
Com investidores apreensivos, os principais índices americanos recuaram, assim como as bolsas europeias.
- Dow Jones (EUA): - 1,19%
- S&P 500 (EUA): - 1,69%
- Nasdaq (EUA): - 2,18%
- Stoxx 600 (Europa): - 0,59%
O cenário de aversão a risco também impactou o dólar mais cedo, e a moeda chegou a ganhar força no final da manhã. Ao longo do pregão, porém, a volatilidade fez a moeda apagar os ganhos contra o real e fechar o dia em queda de 0,41%, a 4,689 reais. Na última semana, o dólar subiu 0,91% contra a moeda brasileira.
Destaques de ações
O principal destaque de queda do dia foram as ações da BRF (BRFS3), que recuaram mais de 7% no pregão. Os papéis da companhia foram rebaixados pelo Goldman Sachs, que recomendou a venda das ações. O novo preço-alvo, de 14,50 reais, representa um potencial de baixa de 17% em relação ao último fechamento da ação.
Os analistas do banco, liderados por Thiago Bortoluci, destacaram em relatório que a recente alta dos papéis não deve ser sustentada. Entre os principais desafios estão a inflação sustentada no Brasil e o cenário “desafiador” para o consumo interno.
- BRF (BRFS3): - 7,11%
Com a inflação no radar, ações relacionadas ao consumo doméstico também foram penalizadas no pregão desta segunda-feira. Cogna (COGN3), Positivo (POSI3) e Petz (PETZ3) ficaram entre as maiores perdas.
- Cogna (COGN3): - 5,65%
- Weg (WEGE3): - 4,66%
- Soma (SOMA3): - 3,93%
O Ibovespa também foi pressionado pela queda das ações com maior participação no índice: Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3/PETR4). As ações acompanharam as baixas, respectivamente, do minério de ferro e do petróleo, que recuam com novos lockdowns na China.
- Petrobras (PETR3): - 1,32%
- Vale (VALE3): - 1,21%
- Petrobras (PETR4): - 0,76%
Entre as maiores altas, o destaque ficou com os papéis da Braskem (BRKM5). As ações avançaram após notícia de que a J&F estaria interessada em comprar a totalidade da petroquímica. Segundo a coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, a J&F pretende adquirir a fatia de 36% detida pela Petrobras além dos 38% da Novonor (ex-Odebrecht).
- Braskem (BRKM5): + 1,88%
Já a Ambev (ABEV3) subiu com investidores no aguardo do Investor Day da companhia, que será realizado amanhã. O evento deve trazer perspectivas para o futuro da empresa.
- Ambev (ABEV3): + 1,81%