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Ibovespa recua com pressão de reforma tributária e variante da covid-19

Ações mais prejudicadas pelos efeitos da pandemia voltam a figurar entre as maiores quedas

Painel com cotações na B3, a bolsa brasileira (Germano Lüders/Exame)

Painel com cotações na B3, a bolsa brasileira (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 29 de junho de 2021 às 17h24.

Última atualização em 29 de junho de 2021 às 19h53.

O Ibovespa descolou do cenário positivo no exterior e fechou em leve queda nesta terça-feira, 29. Na bolsa, a cautela do mercado sobre as consequências da reforma tributária se somou aos temores quanto à variante delta do coronavírus, com investidores avaliando como serão seus efeitos em países com o ritmo de vacinação mais lento, como é o caso do Brasil. 

O principal índice da B3 encerrou o pregão em leve queda de 0,08%, aos 127.327 pontos. Na mínima, o Ibovespa chegou a perder a marca dos 127.000 pontos, mas o movimento vendedor perdeu força ao final do dia, levando o índice a ficar próximo à estabilidade. O dólar, por outro lado, terminou a sessão em alta. Ante o real, a moeda americana subiu 0,28%, a 4,942 reais, acompanhando o movimento internacional.

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O índice dólar (DXY), que mede a força da divisa contra outras moedas fortes, avançou 0,18% no dia. “As novas infecções podem prejudicar a recuperação econômica global, e, em momentos de estresse, investidores buscam o dólar”, avalia Rafael Bombini, especialista em renda variável da EWZ Capital.

Com a segunda morte confirmada pela variante da covid-19 no país, ações ligadas à reabertura econômica estiveram entre as maiores quedas desde o início de pregão. Na ponta negativa, os papéis da Iguatemi (IGTA3) recuam 3,71%. Entre as demais administradoras de shopping centers, Multiplan (MULT3) e BrMalls (BRML3) tiveram quedas de 2,74% e 2,6%, respectivamente. Já JHSF (JHSF3) e Aliansce Sonae (ALSO3) recuaram 2,15% e 1,65%.

O setor também pode ser afetado pela segunda parte da reforma tributária, apresentada ao Congresso na sexta-feira, 25. Segundo analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), o impacto seria na proposta do fim do regime de tributação do “lucro presumido”. A regra seria aplicada para empresas que auferem mais de 50% da receita de aluguel, como os shoppings.

O mercado também repercutiu a reforma em outras frentes. O setor bancário, que tem peso de quase 15% no Ibovespa, recuou em bloco. Isso porque, caso a proposta seja aprovada como está, os bancos seriam prejudicados pelo fim do benefício fiscal sobre o pagamento de juros sobre capital próprio. 

Com os temores, as ações do Itaú (ITUB4) recuaram 0,99%, seguidas pelos papéis do Bradesco (BBDC4) que caíram 0,61%. As units do Santander (SANB11) tiveram queda de 0,6% e as ações do Banco do Brasil (BBAS3) recuaram de 0,67%.

Outra proposta da reforma tributária que mexe com o humor do mercado é a criação de um imposto de 20% sobre dividendos. Na véspera, o Ibovespa conseguiu se manter no positivo com a declaração do presidente da Câmara, Arthur Lira, dizendo que a alíquota cobrada dos dividendos poderia ser de 15%. 

Hoje, no entanto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, rebateu as falas do presidente da Câmara. Em coletiva, Guedes reforçou que a proposta é bastante moderada, sendo que a alíquota de 20% sobre os dividendos ainda seria pouco. A declaração ajudou a manter o índice no campo negativo.

Investidores também ficaram atentos aos dados de inflação divulgados nesta manhã pela FGV. Conhecido como "inflação do aluguel", o IGP-M de junho ficou desacelerou de 4,1% para 0,6%. O número ficou abaixo da expectativa de 1%. Ainda assim, no acumulado de 12 meses, está em está com alta de 35,75%. Já o índice de preço ao produtor (IPP) ficou em 1%, ante 2,19% do mês passado.

Destaques de ações

Companhias elétricas também foram negociadas em queda na bolsa diante do impacto da crise hídrica sobre o fornecimento de energia. Nesta terça-feira, a energia ficou mais cara após a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovar um reajuste de 52% na bandeira tarifária vermelha. A maior queda do setor ficou com os papéis da Equatorial (EQTL3), que caíram 1,77%.

O que aliviou a pressão sobre o Ibovespa foi a alta das ações da Vale (VALE3), que avançaram 1,73%, mesmo com a desvalorização do minério de ferro na China. As siderúrgicas CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) acompanham o movimento da mineradora, subindo 4,1% e 1,16%. 

“Mineradoras e siderúrgicas subiram com investidores especulando que as companhias poderão adiantar e intensificar o pagamento de dividendos, devido à proposta do governo para a reforma tributária”, avaliam, em nota, analistas da Ativa Investimentos.

Em forte alta nesta sessão, os papéis da Braskem (BRKM5) e Banco Inter (BIDI11) avançaram 5,36% e 4,13%. No caso da Braskem, os papéis reagiram à notícia de que a Novonor (antiga Odebrecht) estendeu para 9 de julho o prazo para recebimento de propostas pela sua participação na petroquímica. O prazo anterior terminava amanhã.

Maiores altas

Maiores quedas

BraskemBRKM5

5,36%

IguatemiIGTA3

-3,74%

Banco InterBIDI11

4,13%

BR DistribuidoraBRDT3

-3,52%

CSNlCSNA3

4,10%

UltraparUGPA3

-3,44%

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