Bolsa: Ibovespa sobe, após Copom sinalizar novo corte de juros (Juan Mabromata/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 18 de junho de 2020 às 17h00.
Última atualização em 18 de junho de 2020 às 17h21.
A bolsa brasileira fechou em alta, nesta quinta-feira. Na bolsa, a expectativa de novo de juros e o maior otimismo sobre a economia, após o IBC-Br de abril sair melhor do o esperado, se sobrepuseram ao efeito negativo da prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro. O Ibovespa, principal índice de ações, subiu 0,60% e encerrou em 96.125,24 pontos.
Na véspera, o Copom reduziu a taxa básica de juro Selic em 0,75 ponto percentual para 2,25% ao ano, renovando a mínima histórica. A medida por si só poderia ser favorável à bolsa, uma vez que tende a aumentar a migração de ativos de renda fixa, mas a sinalização de um mais corte residual de 0,25 p.p. deu fôlego extra.
Também esteve no radar o IBC-Br de abril. Conhecido como "prévia" do PIB, o índice do Banco Central apontou para queda mensal de 9,73% em relação ao mês de março. Embora tenha sido o pior resultado da série histórica iniciada em 2003, o dado foi considerado positivo pelo mercado, tendo em vista que as expectativas eram de contração de 11% no mês.
“Acho que a expectativa de novos cortes da Selic foi motivo de novas compras na bolsa. Com IBC-Br e últimos dados da economia real tão enfraquecidos, os agentes de mercado ainda enxergam essa necessidade de queda na taxa de juro e estímulos na economia brasileira”, afirmou Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
O maior otimismo com a economia, no entanto, contrastou com o pessimismo com o cenário político, após a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro. Mais cedo, o Ibovespa abriu em queda, com os investidores repercutindo a notícia.
"Isso gerou uma preocupação na abertura dos negócios e deve seguir no radar dos investidores, principalmente pelos desdobramentos", disse Chinchila.
A prisão de Queiroz foi efetuada nesta manhã por agentes de Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco) como parte da Operação Anjo. Queiroz é suspeito de ter feito “rachadinhas” no gabinete de Flávio Bolsonaro, quando este ainda era deputado estadual do Rio de Janeiro.
Queiroz foi preso em um imóvel do advogado Frederick Wassef, que defende o presidente Jair Bolsonaro no caso da facada de Adélio Bispo, o que aumenta a pressão sobre o governo.
"Acaba tendo impacto bem negativo em temos de projeção de reformas. O cenário politico não parece muito sustentável, dado o novo problema na família do presidente", afirmou Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.
Para o mercado, a postura do presidente pode ser ainda mais importante do que própria prisão do ex-assessor de seu filho, avalia André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos. "Por si só, a operação não é perigosa para o presidente. Mas se ele reagir de forma muito violenta, vai pôr mais caldo na fervura e o tensionamento vai ser maior”, comentou.
Destaques
Na bolsa, o movimento de alta foi sustentado, principalmente, pela ação do Itaú, que tem o segundo maior peso do Ibovespa, atrás somente dos papéis da Vale. Nesta quinta, os papéis do banco foi na contramão dos outros grandes bancos e subiram cerca de 4%. A alta ocorreu após a recomendação de compra por parte do BTG Pactual. Em relatório, analistas destacaram o forte movimento de alta dos papéis da XP, nos Estados Unidos. O Itaú é o maior acionista da XP, com parcipação de 46% na empresa. Na sessão, os papéis do BTG também apresentaram valorização acentuada, subindo pouco mais de 8%