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Vale e Petrobras afundam com Evergrande e Ibovespa desaba 3%

Bolsas internacionais registram perdas de mais de 2% com preocupações sobre superendividamento da gigante chinesa

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3  (Germano Lüders/Exame)

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 20 de setembro de 2021 às 09h19.

Última atualização em 20 de setembro de 2021 às 19h07.

O Ibovespa opera em forte queda nesta segunda-feira, 20, acompanhando o cenário global de perdas causado pela crise na China, que derruba as duas maiores ações do índice: Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3/PETR4). Por lá, a Evergrande, uma das maiores incorporadoras do país, corre risco de não pagar suas dívidas, enquanto as restrições à indústria do aço continuam a derrubar os preços do minério de ferro. O resultado é um cenário de tensão em uma semana já agitada por novas decisões monetárias nos Estados Unidos e no Brasil.

Às 15h40, o Ibovespa recua 3,37%, aos 107.680 pontos, se encaminhando para o 5º pregão consecutivo de perdas e registrando a pior pontuação desde novembro do ano passado. E, estendendo os ganhos da última semana, o dólar comercial sobe 1,43%, a 5,358 reais, com os investidores buscando opções mais seguras de investimento em meio à crise.

No exterior, os índices americanos recuam mais de 2% e o índice pan-europeu Stoxx 600 fechou o dia em queda de 1,65%. Na Ásia as baixas foram ainda mais fortes: o índice Hang Seng, em Hong Kong, caiu 3,3% nesta madrugada e as ações da Evergrande despencaram mais de 10%.

A queda ocorreu após a Bloomberg noticiar que a empresa, com um passivo de 300 bilhões de dólares - o maior do mundo -, corre o risco de não pagar os juros de empréstimos bancários que vencem nesta quinta-feira. De acordo com a agência, as autoridades locais estão trabalhando na reestruturação da dívida.

As incertezas provocaram uma grande onda vendedora de ações do setor imobiliário, que é um dos mais importantes para o crescimento da China. Em meio à desaceleração econômica e a maiores restrições na indústria do aço, o minério de ferro voltou a cair e, nesta madrugada, recuou 12% em Singapura, perdendo a faixa dos 100 dólares por tonelada. 

“Toda vez que a China soluça, dá sinais de perda de apetite de fôlego no crescimento, o mundo inteiro sente. É um começo de semana bem difícil, que derruba novamente o minério de ferro e piora o cenário para o Brasil, afetando Vale e o setor de siderurgia”, explicou Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital, na Abertura de Mercado desta segunda-feira.

A desvalorização do minério de ferro leva as ações da Vale (VALE3) para uma queda de 5,05%. Entre as siderúrgicas, CSN (CSNA3) lidera as perdas, caindo 4,83%. 

A maior baixa do dia, no entanto, fica com os papéis da Braskem (BRKM5), que desabam 11,62%. Na sequência, aparecem as ações da PetroRio (PRIO3), com queda de 8,92%. Os papéis da Petrobras (PETR3/PETR4) recuam quase 4%. Isso porque a piora na economia global também afeta o petróleo, que cai em torno de 1,7% de olho em uma possível redução da demanda.

Por aqui, ainda segue no radar a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que terá início nesta terça-feira, 21, com decisão de juros prevista para quarta, 22, junto com a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano). 

As expectativas para quarta é de que o Copom eleve a taxa de juros em 1 ponto percentual para 6,25% ao ano. Até a última semana, o mercado vinha apostando em uma alta de juros mais forte, mas o Banco Central sinalizou que irá manter o “plano de voo”, indicando uma nova alta de 1 ponto percentual.

Nos Estados Unidos, a expectativa é que as taxas de juros continuem próximas de zero. A grande mudança pode vir do volume da recompra de títulos, que pode começar a ser reduzido gradativamente em um processo conhecido como tapering

A redução de estímulos afeta principalmente as ações de tecnologia, mas dependentes de empréstimos para financiar seu crescimento acelerado. Como consequência, o índice de tecnologia Nasdaq é o que mais sofre na bolsa americana, recuando 3,2%.

Crise na China: Impactos para Brasil e Vale

Para quem deseja entender melhor o que acontece no mercado asiático e como isso pode afetar o seu bolso, a EXAME promove uma live com Bruno Lima, analista-chefe de ações do BTG Pactual Digital e Arthur Mota, estrategista internacional do BTG Pactual digital. Acompanhe o bate-papo ao vivo nesta terça-feira, 21, às 10h30.

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