Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 29 de setembro de 2021 às 09h11.
Última atualização em 29 de setembro de 2021 às 16h30.
O Ibovespa sobe nesta quarta-feira, 29, seguindo o tom das bolsas globais se recuperam das fortes quedas da véspera. Apesar de ainda não estarem solucionadas, as preocupações com os riscos de inflação nos EUA e a crise energética na China ficam em segundo plano e as bolsas sobem.
Às 16h30, o Ibovespa avança 1,03%, aos 111.256 pontos, com investidores indo às compras após forte liquidação no mercado acionário ontem. Já o dólar comercial avança 0,33%, a 5,44 reais, acompanhando o desempenho da moeda americana no mundo e demonstrando que os temores continuam no radar.
O principal ponto de preocupação é o avanço da inflação nos Estados Unidos, que aumentou as perspectivas de aumento nas taxas de juros e fez disparar os rendimentos dos títulos americanos, provocando duras quedas nas bolsas ontem – o Ibovespa caiu 3%.
Após as quedas da véspera, investidores retomam hoje suas posições em ativos de risco, mas as preocupações continuam. “Não há mal que dure para sempre, então o mercado passa por um movimento clássico de correção. O que preocupa é que 90% dessa alta é em cima de preço, porque os ativos estão descontados”, afirmou Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital, na Abertura de Mercado desta quarta-feira.
Em Wall Street, os três principais índices operam em alta durante toda a manhã, mas o Nasdaq virou para queda no início da tarde. O índice, que tem maior peso do setor de tecnologia, recua 0,18%, após um tombo de quase 3% na véspera. A sensibilidade do índice é maior porque os papéis de tech são os mais afetados em casos de elevação na taxa de juros.
No Brasil, os dados de emprego surpreenderam positivamente, ajudando a manter o Ibovespa em campo positivo. O País registrou abertura de 372.265 vagas formais de trabalho em agosto, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) – a expectativa da Reuters era de criação de 272.500 postos de trabalho.
As reformas são outro ponto de atenção. Em evento realizado ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a aprovação da PEC dos precatórios e da reforma do Imposto de Renda poderiam tranquilizar o mercado. Guedes defende que a aprovação dos dois projetos abriria espaço no orçamento para o novo projeto social defendido pelo governo, o Auxílio Brasil, respeitando o teto de gastos – principal âncora fiscal do País.
“Precisamos desses avanços no cenário local para destravar valor. Enquanto isso, ficamos à mercê do mercado internacional com um cenário frágil. A questão fiscal deixa o Brasil mais suscetível aos ventos internacionais”, defendeu Zanlorenzi.
A ação do Ibovespa que mais sobe nesta quarta-feira é a da Braskem (BRKM5) , que avança 9%. A alta é seguida pela JBS (JBSS3), que sobe 5,43%. Já os frigoríficos Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3), avançam em torno de 3%. Na última sexta-feira, o Cade autorizou a aquisição de ações da BRF pela Marfrig, renovando o apetite dos investidores pelo setor. No radar dos investidores também está a coletiva do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin, que disse que o governo brasileiro está negociando exportação de frango para o Reino Unido. Líder do mercado global de frangos, a BRF (BRFS3) sobe 2,79%.
Ainda entre as maiores valorizações também estão as ações da Méliuz (CASH3), com alta de 4,3%. Os papéis passam por um movimento de correção após a queda de mais de 8% ontem, que deixou a Méliuz na lanterna do Ibovespa.
Entre as ações com maior peso no índice, os papéis da Vale (VALE3) voltam a subir após forte alta de 5% ontem. No pregão desta quarta-feira, as ações da mineradora sobem quase 2% em linha com a valorização de 2,1% do minério de ferro na China. As siderúrgicas seguem o movimento, com Usiminas (USIM5) avançando 5,75% e figurando entre as maiores altas do dia.
Fora do Ibovespa, as ações da M. Dias Branco (MDIA3) sobem 4,53%, após a empresa anunciar a compra da Latinex, dona da marca Fit Food.
Na ponta oposta, os papéis do Inter (BIDI11/BIDI4) voltaram a aparecer entre as maiores quedas do dia. Após perdas de mais de 11% na véspera, hoje os papéis recuam cerca de 4%. Investidores continuam penalizando ações ligadas à tecnologia e ao financiamento intensivo, mesmo com o arrefecimento do movimento no exterior. Vale lembrar ainda que o Inter avançou bastante no acumulado anual, deixando espaço para as atuais correções. Nos últimos 12 meses, as units BIDI11 acumulam alta de 187%.
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