Ibovespa cai 1% em dia de decisão do Copom; bancos puxam queda
Resultado do Santander frustra expectativas de mercado e aumenta pessimismo sobre balanços de gigantes do setor
Guilherme Guilherme
Publicado em 2 de fevereiro de 2022 às 10h32.
Última atualização em 2 de fevereiro de 2022 às 18h22.
O Ibovespa encerrou esta quarta-feira, 2, em queda, pressionado pelo setor financeiro e com investidores de olho na primeira decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano.
Economistas esperam por uma alta de 1,5 ponto percentual, que, se confirmada, irá elevar a taxa Selic de 9,25% para 10,75% ao ano – maior patamar em quase cinco anos. A decisão será anunciada às 18h30.
No câmbio, o dólar registrou leve alta após ter encerrado o último pregão abaixo de 5,30 reais pela primeira vez desde setembro.
No fechamento:
- Ibovespa: - 1,18%, aos 111.894 pontos;
- Dólar comercial: + 0,07%, a 5,276 reais.
O principal índice da B3 registrou sua primeira queda após dois pregões consecutivos de alta e ganhos acumulados de 7% no mês de janeiro. No entanto, o fluxo comprador estrangeiro que vinha impulsionando o Ibovespa hoje cede lugar para a cautela pré-Copom e também para o pessimismo após a divulgação do balanço do Santander (SANB11).
O banco, que foi o primeiro entre os maiores do país a apresentar seu balanço, teve lucro líquido gerencial de 3,88 bilhões no quarto trimestre. O resultado ficou abaixo do consenso da Bloomberg, que era de 4,21 bilhões de reais.
As ações do Santander (SANB11) recuaram quase 3% e arrastaram outros papéis do setor para o terreno negativo.
"Com o Santander sendo o primeiro dos grandes bancos a publicar seus resultados, é usado como uma prévia do resultado para os outros bancos. Considerando que seu resultado veio abaixo do esperado, podemos esperar resultado semelhante dos outros bancos brasileiros", afirma, em nota, Rodrigo Crespi, analista da Guide.
- Santander (SANB11): - 2,99%;
- Bradesco (BBDC4): - 1,79%;
- Banco do Brasil (BBAS3): - 1,66%
- Itaú (ITUB4): - 1,57%.
No exterior, por outro lado, a temporada de balanços tem ajudado os principais índices americanos. O principal destaque de Wall Street nesta quarta-feira foram as ações da Alphabet, holding do Google, que avançaram mais de 7%, após a gigante de tecnologia apresentar resultados acima das estimativas de analistas.
Com o resultado, os índices Nasdaq e S&P 500 voltam a registrar altas. No Brasil, os BDRs da empresa ( GOGL34 ) também fecharam em alta.
- Dow Jones (EUA): + 0,63%
- S&P 500 (EUA): + 0,94%
- Nasdaq (EUA): + 0,50%
- Alphabet (GOGL34): + 7,01%
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Destaques de ações
Os grandes bancos puxaram a queda do Ibovespa nesta quarta, uma vez que suas ações combinadas representam cerca de 15% da carteira teórica do índice. A baixa foi aprofundada pelo recuo da Petrobras (PETR3/PETR4), cujos papéis representam outros 12% do Ibovespa.
A petroleira caiu quase 2% nesta quarta, acompanhando a depreciação do petróleo no exterior. Como pano de fundo das negociações da commodity está a reunião de membros da OPEP.
- Petrobras (PETR3): - 1,79%;
- Petrobras (PETR4): - 1,46%.
Já as ações da BRF (BRFS3) ficaram entre as maiores quedas do dia após a precificação da oferta subsequente da empresa ter saído mais de 7% abaixo do último fechamento e mais de 10% em relação à cotação de segunda-feira.
- BRF (BRFS3): - 7,77%.
Entre as maiores perdas estiveram ações de empresas ligadas à tecnologia, como fintechs e de e-commerce, que são as mais prejudicadas em um cenário de juros altos no Brasil.
- Inter (BIDI11): - 9,54%;
- Banco Pan (BPAN4): - 7,34%;
- Magazine Luiza (MGLU3): - 7,13%;
- Via (VIIA3): - 6,38%.
No radar
Investidores também avaliaram os dados da produção industrial brasileira, que saíram melhores do que o esperado para o mês de dezembro, crescendo 2,9% ante expectativa de 1,5% de alta. Números divulgados no exterior, porém, decepcionaram.
A Zona do Euro apresentou Índice de Preço ao Consumidor de 5,1%, estabelecendo um novo recorde para o acumulado de 12 meses. A expectativa do mercado era de queda da inflação anual de 5% para 4,4%. Os dados, que sugerem políticas mais contracionistas do Banco Central Europeu contribui para a valorização do euro frente ao dólar.
Nos Estados Unidos, as atenções se voltaram para os números de empregos privados, divulgados pelo ADP. Conhecidos por serem a prévia dos dados oficiais, que sairão na sexta-feira, 4, o ADP revelou queda de 301.000 empregos privados, em janeiro, contra a criação esperada de 207.000 postos privados.