Ibovespa abre novembro em alta de mais de 2% após desabar em outubro
Em véspera de feriado, investidores ficam atentos à agenda movimentada para os próximos dias com ata do Copom e decisão do Fed
Beatriz Quesada
Publicado em 1 de novembro de 2021 às 09h14.
Última atualização em 1 de novembro de 2021 às 17h11.
O Ibovespa acompanha o dia positivo no exterior e opera em forte alta nesta segunda-feira, 1. Às 16h15, o principal índice da B3 sobe 2,37%, aos 105.948 pontos, recuperando parte das perdas do último pregão. Na última sessão de outubro, o Ibovespa caiu 2,09% e registrou a pior perda mensal do ano, de 6,74%.
Nesta segunda, o tom é de correção na bolsa, porém -- por ser véspera de feriado de Finados -- o pregão é mais esvaziado. Investidores ficam no aguardo da agenda de quarta-feira, que terá ata do Copom, decisão de política monetária do Fed e votação da PEC dos Precatórios.
Entre as ações, os principais destaques são os papéis que mais sofreram em outubro. A Azul (AZUL4), por exemplo, avança 8,52% no pregão de hoje após acumular perdas de 36% em outubro – o papel teve o segundo pior desempenho do Ibovespa no mês. A Méliuz (CASH3), que teve o pior desempenho do índice em outubro, hoje sobe 8,16%.
Dia de ganhos também para as varejistas, com Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) subindo 7,64% e 5,89%, respectivamente.
Já as ações do Inter (BIDI11/BIDI4), que são o principal destaque positivo do dia, disparam 20,45% e 19,3%, respectivamente, após o Nubank divulgar o prospecto preliminar de seu IPO. A abertura de capital será realizado simultaneamente na Nyse e na B3, através de BDRs. Vale lembrar que o Inter também está preparando seu IPO na Nasdaq.
Fora do Ibovespa, as ações da BK Brasil (BKBR3),dona das redes de fast food Burger King e Popeyes no Brasil, registram forte alta de 9,46% após a empresa anunciar que desistiu de assumir o controle da DP Brasil, dona da Domino's Pizza no País.
Na ponta negativa, as ações dos frigoríficos, que foram destaque positivo em outubro, devolvem parte dos ganhos, com Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3) caindo 3,93% e 4,15%, respectivamente.
As siderúrgicas Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4) também operam em baixa, recuando cerca de 0,6% em linha com o 4º dia consecutivo de perdas para o minério de ferro. A Vale (VALE3), que chegou a operar em baixa, virou para alta e sobe 1,44%, se recuperando das fortes perdas de quase 3% no pregão passado.
Entre as ações de maior participação no índice, as da Petrobras (PETR3/PETR4) avançam 4,45% e 3,38% após o presidente Jair Bolsonaro ter dito que pediu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para começar medidas para privatizar a estatal. O chefe do Executivo também afirmou que sabe, de forma extraoficial, que a estatal fará um novo reajuste nos preços dos combustíveis dentro de 20 dias.
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Ata do Copom
Na volta do feriado, a primeira divulgação do dia será a da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que elevou a taxa básica de juros da economia em 1,5 ponto percentual, levando a Selic para 7,75% ao ano.
As atenções devem se voltar para o foco da política monetária entre 2022 e 2033. Alguns analistas também consideraram menos enfático do que o previsto o tom do BC sobre os riscos inflacionários e fiscais.
O boletim Focus, divulgado esta manhã pelo BC, já apontou deterioração do cenário macroeconômico brasileiro. Economistas ouvidos pelo Banco Central aumentaram as expectativas para a inflação para 2022, de 4,40% para 4,55%. Para este ano, as estimativas subiram de 8,96% para 9,17%, na 30ª semana consecutiva de alta nas projeções.
O mercado também deve ficar atento à votação da PEC dos Precatórios, que foi adiada para esta quarta-feira, 3. A dificuldade do governo em aprovar a emenda, que viabilizaria o novo programa social Auxílio Brasil, gerou no mercado o receio de abandono da PEC e adoção de medidas potencialmente ainda mais negativas para as contas públicas, como a extensão do auxílio emergencial por meio de crédito extraordinário.
Vale lembrar que os riscos fiscais foram um dos principais motivos para a derrocada do Ibovespa em outubro. O índice já recua 21% desde a máxima histórica alcançada em 7 de junho.
O câmbio ainda reflete os temores, com o dólar comercial avançando 0,46% contra o real. A moeda é negociada a 5,672 reais.
Fed, tapering e bolsas em alta
Lá fora, o foco do investidor esta semana será na reunião de política monetária do Federal Reserv e (Fed, banco central americano), na terça e quarta-feira.
A expectativa é que o Fomc, comitê de política monetária do Fed, anuncie na quarta o início da retirada gradual do programa de recompra de títulos – processo conhecido como tapering. A compra mensal de 120 bilhões em títulos foi adotada no ano passado como uma das medidas emergenciais para apoiar a economia americana durante a pandemia.
De olho no Fed, o rendimento do tesouro americano avança, com as treasuries de 10 anos – usada como termômetro para as expectativas de inflação – avançando para 1,596%. Porém, mesmo com os mercados de títulos reagindo, o mercado de renda variável continua batendo novos recordes.
Os principais índices americanos operam em alta, com o Dow Jones subindo 0,14%, o S&P 500 avançando 0,05% e o Nasdaq registrando alta de 0,38%. O Fed está no radar, mas investidores estão reagindo à temporada de balanços nos Estados Unidos, onde as empresas têm mostrado forte recuperação em relação ao ano de 2020, marcado pela pandemia de covid-19.
Levantamento da Bloomberg aponta que, das 279 empresas do S&P 500 que já relataram resultados trimestrais, 87% atenderam ou excederam as estimativas. Já entre as companhias do Stoxx 600 europeu, 68% superaram as expectativas. O Stoxx 600 opera fechou o dia em alta de 0,71%.