Ibovespa ignora NY e sobe com ajuda da Vale; Eletrobras avança mais de 6%
Em dia de IPCA e ata do Copom, ações de tecnologia ficam entre as maiores quedas do pregão repercutindo os temores de inflação nos Estados Unidos
Beatriz Quesada
Publicado em 11 de maio de 2021 às 17h25.
Última atualização em 11 de maio de 2021 às 17h38.
Após alternar entre queda e estabilidade ao longo do dia, o Ibovespa virou para alta e acelerou os ganhos nos últimos minutos do pregão desta terça-feira, 11. O índice encerrou o dia em alta de 0,87%, aos 122.964 pontos – melhor resultado desde janeiro –, após passar toda a manhã em queda, refletindo a preocupação internacional sobre a inflação americana.
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O tom, porém, melhorou com a volta de discussões sobre privatizações em Brasília, com a divulgação de dados do IPCA e da ata do Copom e também com a ajuda das ações da Vale (VALE3), que puxaram a alta do índice.
Impulsionada pela apreciação do minério de ferro, que voltou a subir na China após ter disparado 10% no início da semana, as ações da Vale avançaram 3,51%. A valorização é acompanhada pelos papéis de outras empresas do setor: Gerdau (GGBR4) subiu 3,49%, CSN (CSNA3) avançou 2,03% e Usiminas (USIM5) registrou alta de 0,81%.
A Petrobras também fechou no positivo. As ações ordinárias da companhia (PETR3) avançaram 1,32% e enquanto os papéis preferenciais (PETR4) tiveram alta de 1,82%, seguindo a alta de 0,55% no petróleo WTI e de 0,335 no petróleo Brent. Vale lembrar que a empresa divulga na próxima quinta-feira, 13, seu resultado no primeiro trimestre de 2021.
A forte alta das commodities e injeções de dinheiro na economia global, no entanto, vêm aumentando a percepção de inflação nos Estados Unidos, onde as bolsas recuaram antes da divulgação do índice de preços ao consumidor (IPC) americano nesta quarta-feira, 12.
"A expectativa de inflação nos Estados Unidos está muito elevada. Com a inflação mais alta, os governos precisam adotar uma política de juros maiores para tirar o dinheiro da economia e colocar em títulos públicos, em renda fixa", comenta Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.
O temor dos investidores é de que o Federal Reserve ( Fed, banco central americano) decida conter a inflação subindo as taxas de juros antes do esperado. O Fed, por outro lado, tem defendido que a inflação será transitória, o que manteria as taxas de juros próximas de zero, favorecendo investimentos mais arriscados como a renda variável.
Apesar das preocupações, as ações de tecnologia, que mais sofrem com esse movimento, demonstraram alguma reação no mercado americano. Por lá, o índice Nasdaq - com maior concentração de papéis do setor - passou da pior performance entre os índices americanos para a melhor no início desta tarde, encerrando o dia em queda de apenas 0,09% após um recuo de 2,55%. O índice Dow Jones, mais ligado a empresas tradicionais, foi o que mais caiu, recuando 1,36%.
Destaques
No mercado local, no entanto, as empresas de tecnologia continuaram entre os piores desempenhos do dia, com as ações da Totvs (TOTS3) caindo 3,69% e liderando as quedas do Ibovespa. Na sequência, vieram os papéis da Locamerica (LCAM3), recuando 2,13%.
Já no campo positivo do índice, o destaque ficou com as ações da Eletrobras (ELET3; ELET6), que registraram altas de 6,54% e 4,64%, respectivamente, após avanços na discussão sobre a privatização da empresa. O deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), relator da medida provisória (MP) de privatização da Eletrobras na Câmara, apresentou nesta terça-feira um relatório preliminar com suas propostas para o processo de desestatização.
A primeira versão do texto foi apresentada a líderes partidários em uma reunião que contou também com a presença do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de acordo com informações da assessoria de imprensa da liderança do DEM. Segundo a assessoria, a expectativa é que o relatório possa começar a ser analisado na próxima semana.
Maiores altas | Maiores quedas | |||||
Eletrobras | ELET3 | 6,54% | Totvs | TOTS3 | -3,70% | |
Eneva | ENEV3 | 4,85% | Locamerica | LCAM3 | -2,13% | |
Eletrobras | ELET6 | 4,64% | Ultrapar | UGPA3 | -2,12% |
IPCA e ata do Copom
No mercado local, investidores também repercutiram o IPCA de abril, que ficou praticamente em linha com as expectativas, com alta mensal de 0,31%. No acumulado de 12 meses, o IPCA subiu de 6,10% para 6,76%, como esperado. O teto da meta de inflação para este ano é de 5,25%.
"O resultado vai em linha com a acomodação recente, mas não altera a previsão de o IPCA superando 7,5% no acumulado de 12 meses nas próximas divulgações", avaliam analistas da Exame Invest Pro.
Para controlar a inflação, investidores esperam que o Copom dê continuidade ao movimento de alta de juros iniciado ainda em março. Na ata da última reunião, divulgada nesta manhã, o Copom voltou a sinalizar que um novo ajuste de 0,75 ponto percentual poderá ser feito na próxima reunião, em junho.
"Levando em conta o cenário básico e o balanço de riscos, o Comitê avaliou que na próxima reunião seria adequado outro ajuste da mesma magnitude, caso não haja mudança nos condicionantes de inflação", diz a ata.
A ata, no entanto, foi considerada ligeiramente mais branda que o comunicado da semana passada. “A comunicação de que o Copom pretende juros abaixo do patamar considerado neutro, de 6,5%, é algo que favorece a bolsa”, afirma Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos.
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