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Ibovespa aprofunda perdas e cai mais de 2% com inflação global no radar

Índices de Wall Street recuam com expectativa de redução de estímulos nos EUA; Inter lidera quedas

Painel de cotação da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotação da B3 (Germano Lüders/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 4 de outubro de 2021 às 09h35.

Última atualização em 4 de outubro de 2021 às 16h54.

O Ibovespa inicia a semana em queda e recua 2,48%, aos 110.122 pontos, por volta das 14h35 desta segunda-feira, 4. O recuo acompanha o desempenho das bolsas globais, que operam em queda com investidores preocupados com o avanço da inflação e aguardando a redução de estímulos nos Estados Unidos. 

A bolsa brasileira aprofundou as perdas após a abertura do mercado em Wall Stret, onde os três principais índices operam em forte queda. O S&P 500 cai 1,53%, o Dow Jones recua 1,13% e o Nasdaq, índice ligado às ações de tecnologia, afunda 2,39%. 

Vale lembrar que os papéis de tecnologia são os mais afetados por uma possível elevação na taxa de juros, preocupação que voltou ao radar dos investidores americanos e europeus nesta segunda-feira. Nos EUA, aumentam as apostas de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) possa aumentar os juros antes do esperado.

Por lá, investidores devem ficar cautelosos até a divulgação do payroll na sexta-feira, 8. O relatório oficial de empregos não agrícolas é o principal termômetro da recuperação econômica nos EUA, e pode dar maiores pistas sobre a possível retirada de estímulos por parte do Fed.

As preocupações com a inflação também crescem na Europa. Nesta manhã, o vice-presidente do Banco Central Europeu, Luis de Guindos, afirmou que a postura expansionista do BCE teria que mudar se a inflação se tornar permanente na região – o aumento dos preços na zona do euro saltou para 3,4% no mês passado. A declaração aumentou a percepção de um aperto monetário por parte do BCE.

No Brasil, a inflação – e novas elevações na taxa Selic – também são fonte de preocupação. Os economistas do mercado financeiro elevaram mais uma vez suas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no relatório Focus divulgado hoje. As projeções passaram de 8,45% na semana passada para 8,51% nesta segunda-feira. Para 2022 a previsão subiu de 4,12% para 4,11%. 

Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, os mercados também estão repercutindo a notícia de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foram citados nas investigações chamadas de ‘Pandora Papers’. 

O vazamento de cerca de 11,9 milhões de documentos mostra riquezas escondidas em offshores em paraísos fiscais. “O mercado fica esperando para entender o que ainda pode ser divulgado, mas não acredito que seja um motivo para queda de Guedes”, afirma Cruz.

Destaques da bolsa

Os papéis do Inter (BIDI11/BIDI4) são o principal destaque negativo nesta segunda-feira. Mais cedo, o banco adiantou a divulgação de sua prévia do terceiro trimestre, mostrando que manteve o nível de provisões para perdas com inadimplência, dispersando especulações de que faria uma provisão extra. 

O anúncio não foi suficiente para reverter a trajetória de perda dos papéis, que também repercutem uma possível fusão com a Stone e um cenário global de aversão a papéis de tecnologia diante de possíveis altas nos juros. As ações do Inter despencam 12% e lideram as perdas do Ibovespa.

Méliuz (CASH3) e Tovts (TOTS3) são outras ações tech que sofrem na bolsa hoje, recuando em torno de 7%.

No setor bancário, os papéis de Banco Pan (BPAN4) e BTG Pactual (BPAC11) recuam 9% e 6,61% após o Pan, do qual o BTG é acionista anunciar a aquisição da Mosaico (MOSI3). Os papéis do Pan chegaram a liderar as altas do dia, mas viraram para queda conforme aumentaram as pressões sobre os papéis de tech.

Já as ações da Mosaico dispararam 20% nos primeiros negócios do pregão e ainda sobem 9% por volta das 13h20. Segundo analistas, o negócio é positivo tanto para a Mosaico quanto para o Pan.

Entre as ações com maior participação no Ibovespa, os bancos pesam negativamente, com destaque para o Bradesco (BBDC4), que cai mais de 3%, e Santander (SANB11), em queda de mais de 2,5%. Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) superam 1% de desvalorização. Já as ações da B3 (B3SA3) caem quase 6%.

Na ponta positiva do pregão, as ações da Petrobras (PETR3/PETR4) lideram os ganhos do Ibovespa e são um dos poucos destaques positivos do dia. Os papéis repercutem a alta do petróleo após a reunião da Opep+. A organização dos países exportadores de petróleo e seus aliados decidiu manter o acordo para elevar a produção de petróleo em 400.000 barris por dia em novembro, apesar da pressão de consumidores para esfriar o mercado da commodity.

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