Invest

Ibovespa fecha junho abaixo dos 127 mil pontos mas sobe no mês

Investidores ajustam posições no final de mês e digerem denúncia de propina em compra de vacinas por parte do governo federal

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 30 de junho de 2021 às 17h22.

Última atualização em 30 de junho de 2021 às 17h23.

O Ibovespa recuou nesta quarta-feira, 30 -- último pregão do mês e do semestre -- com investidores ajustando posições e ainda avaliando a disseminação da variante delta do coronavírus no mundo. No Brasil, reforma tributária e denúncias em relação à compra de vacinas pelo governo federal também estiveram no radar. 

O principal índice da B3 recuou 0,41% e fechou o pregão aos 126.801 pontos. Vale lembrar que, no início do mês, o Ibovespa renovou sua máxima histórica por seis pregões consecutivos até atingir 130.776 pontos no dia 7 de junho. No acumulado do mês, o índice apresentou alta de 0,45% -- nos seis primeiros meses do ano, a alta é de 6,5%.

Invista com o maior banco de investimentos da América Latina. Abra sua conta no BTG Pactual digital

Em meio a aversão ao risco internacional com a variante delta, o dólar se valorizou contra as principais moedas emergentes e desenvolvidas. No Brasil, a moeda americana subiu cerca de 0,63%, a 4,973 reais. Na máxima, a moeda americana chegou a ser negociada a 5,023 reais.

Além do ambiente externo, o câmbio foi influenciado pela "briga da Ptax" (taxa referência para contratos em dólar), em que os comprados em dólar tentam fazer com que a moeda suba enquanto os vendidos exercem pressão contrária. A Ptax é calculada diariamente, mas os investidores ficam muito atentos à taxa do último pregão do mês porque ela será utilizada para contratos cambiais do mês seguinte. 

Como pano fundo para a alta do dólar, também estiveram as denúncias sobre pedidos de propinas em negociações para a compra de vacinas pelo governo federal. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o diretor do Ministério da Saúde Roberto Dias pediu 1 dólar para cada uma das 400 milhões de doses da AstraZeneca que vinha sendo negociada com a Davati Medical Supply.

"O dólar está refletindo muito mais os ruídos políticos do que a bolsa. Isso faz com que o investidor estrangeiro postergue o fluxo de investimentos para o Brasil, principalmente na renda fixa, até que o ruído político seja minimizado", afirma Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos.

Segundo Henrique Esteter, analista da Guide, o mercado segue avaliando os possíveis efeitos da denúncia. "Foi uma notícia impactante, que deve minar a possibilidade de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Mas, não é nenhuma bala de prata que culmine em um impeachment. O mercado está voltado para questões que possam surgir na CPI".

Nos Estados Unidos, ocorreu pela manhã a divulgação do principal indicador macroeconômico do dia: a variação de empregos privados. O dado apontou a criação de 692.000 postos de trabalho em junho, ficando acima das expectativas de 600.000. 

O resultado acima do esperado reforça o otimismo sobre a economia americana. Por lá, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,62%, junto com o S&P 500, que subiu 1,13%. O movimento foi na contramão das bolsas europeias, que recuaram em meio a temores da variante da covid-19.

Por aqui, o IBGE também divulgou dados do mercado de trabalho, a taxa de desemprego de abril permaneceu estável em 14,7%, como esperado por economistas.

Destaques da bolsa

Na B3, o principal destaque foram as units do Banco Inter (BIDI11), que disparam 5,36% após uma alta de mesma magnitude no pregão anterior. Além da grande demanda pelos papéis do Inter em oferta subsequente de ações que marcou a entrada da Stone no negócio, ajuda a impulsionar o movimento de alta um relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame) que prevê preço alvo de 90 reais. Atualmente, o ativo é negociado por cerca de 77 reais.

No entanto, foram as ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR3/PETR4) que impediram uma maior queda do Ibovespa. Com grande participação no índice, os papéis de ambas as empresas encerraram negociados em alta, acompanhando os ganhos do minério de ferro e do petróleo, respectivamente. 

A Vale avançou 0,66%, enquanto a Petrobras teve altas de 2,06% e 0,86%. PetroRio (PRIO3) também acompanhou o avanço do petróleo e subiu 2,69%, ficando entre as maiores altas do índice.

No campo negativo, ficaram papéis relacionados às expectativas de reabertura econômica, como os da Cogna (COGN3), que caíram 3,56%. Quedas também para as ações de empresas de varejo, como B2W (BTOW3), que recuou 3,8% e liderou as quedas do Ibovespa. Lojas Americanas (LAME4) e Magazine Luiza (MGLU3), também tiveram quedas, e recuam 2,88% e 2,4%.

Maiores altas

Maiores quedas

Banco InterBIDI11

5,36%

B2WBTOW3

-3,80%

PetroRioPRIO3

2,69%

CognaCOGN3

-3,56%

IguatemiIGTA3

2,67%

WegWEGE3

-2,91%

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresIbovespa

Mais de Invest

Grupo SBF (SBFG3) saltou 40% em 2024: há espaço para mais? Veja cálculos

O que é 'carry trade'? Entenda a operação por trás das quedas do mercado nesta segunda-feira

CPF na nota? Nota Fiscal Paulista abre consulta para sorteio de R$ 1 milhão em agosto

Mais na Exame