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Bolsa fecha em queda e dólar em alta após ameaças de Trump sobre China

Declarações dos EUA desencorajaram apostas positivas sobre o desfecho das negociações comerciais entre Washington e Pequim

Índice de referência do mercado acionário brasileiro caiu 1,03 %, a 95.071,35 pontos (NurPhoto/Getty Images)

Índice de referência do mercado acionário brasileiro caiu 1,03 %, a 95.071,35 pontos (NurPhoto/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 6 de maio de 2019 às 17h23.

Última atualização em 6 de maio de 2019 às 18h40.

São Paulo - O Ibovespa fechou em queda de cerca de 1 por cento nesta segunda-feira, pressionado pelo viés negativo no exterior, após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desencorajarem apostas positivas sobre o desfecho das negociações comerciais entre Washington e Pequim.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,04 por cento, a 95.008,66 pontos. O volume financeiro somava 9,68 bilhões e reais.

Donald Trump elevou de forma enfática a pressão sobre a China no domingo para alcançar um acordo comercial ao anunciar que irá deliberadamente aumentar as tarifas norte-americanas sobre produtos chineses, em anúncio que levantou dúvidas sobre apostas anteriores de um acordo próximo entre os países.

"Se há uma coisa que os mercados não gostam, é o inesperado e o tuíte de Trump pegou os mercados completamente desprevenidos", afirmou o analista Jasper Lawler, chefe de pesquisa no London Capital Group.

Nesta segunda-feira, Trump pareceu defender sua declaração da véspera, citando o déficit comercial entre EUA e China. "Desculpe, não vamos mais fazer isso!", disse o presidente norte-americano no Twitter. Ainda assim, há expectativa de que as negociações comerciais entre os gigantes econômicos continuem.

Conforme destacou a equipe da XP em nota mais cedo, se as negociações de fato forem canceladas, a probabilidade de um aumento nas tarifas aumentou, o que pode levar a uma desaceleração no crescimento mundial.

No cenário brasileiro, uma bateria de balanços corporativos, entre eles os resultados das gigantes Petrobras e Vale, dividem a atenção de agentes financeiros nos próximos dias com o começo da análise da proposta de reforma da Previdência na comissão especial da Câmara dos Deputados a partir de terça-feira.

Destaques

- BRADESCO PN fechou em baixa de 2,7 por cento, em sessão negativa para bancos como um todo. Antes da abertura, o segundo maior banco privado do país anunciou acordo para aquisição do norte-americano BAC Florida Bank por cerca de 500 milhões dólares, no primeiro movimento do Bradesco de aquisição fora do Brasil. BRADESCO ON recuou 3,25 por cento. No setor, o rival ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 2,2 por cento.

- VALE recuou 1,5 por cento, contaminada pela aversão a risco no exterior em meio à guinada nas negociações comerciais entre Washington e Pequim. A mineradora substituiu o presidente de seu conselho de administração na última semana, com o cargo sendo assumido por José Maurício Pereira Coelho, presidente da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

- PETROBRAS PN fechou em baixa de 0,3 por cento, contaminada pela aversão a risco, mas com a pressão de baixa atenuada pela melhora do petróleo no exterior.

- MAGAZINE LUIZA valorizou-se 2 por cento, antes da divulgação do balanço prevista para após o fechamento do mercado. Para a equipe do Brasil Plural, o resultado do primeiro trimestre do Magazine Luiza não deve impressionar, com o forte crescimento das receitas sendo compensado pela continuação de sua agenda de investimentos. No setor, B2W subiu 1,8 por cento e VIA VAREJO avançou 0,9 por cento.

- AZUL PN encerrou em baixa de 3 por cento, entre as maiores quedas, na estreia no Ibovespa nesta segunda-feira, assim como IRB Brasil, que recuou 1,6 por cento. No caso da Azul, a companhia aérea ainda tinha de pano de fundo a alta do dólar e a suspensão do leilão de ativos da concorrente Avianca Brasil. GOL PN cedeu 1,65 por cento.

Dólar

O dólar fechou em alta nesta segunda-feira, mas perdeu força em relação à máxima do dia, após ter chegado a superar 3,97 reais diante do aumento das incertezas comerciais entre China e EUA.

No fim do pregão, o dólar interbancário subiu 0,48 por cento, a 3,958 reais na venda.

Na máxima, a cotação marcou 3,9753, alta de 0,92 por cento.

Na B3, o dólar futuro subia 0,49 por cento.

O movimento seguiu os mercados internacionais, conforme investidores buscaram a segurança da moeda norte-americana em meio à escalada do embate tarifário entre as duas maiores economias do mundo.

Ao longo do dia, o nervosismo global diminuiu, o que ajudou o dólar no Brasil a abandonar as máximas.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou nesta segunda-feira a China devido a suas práticas comerciais, dizendo que os EUA estão perdendo bilhões de dólares para Pequim e prometendo proteger o comércio norte-americano.

No domingo, Trump havia dito que elevaria as tarifas sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses, intensificando as disputas entre Pequim e Washington em meio à expectativa de que as negociações continuem nesta semana.

Do lado doméstico, analistas dizem que fatores técnicos seguem pressionando o real.

Athanasios Vamvakidis, estrategista de câmbio do BofA, disse que o mercado registrou uma "cruz dourada" recentemente --quando a média móvel de 50 dias ultrapassa a de 200 dias, indicador técnico de compra de dólares.

"Embora desejemos fazer mais observações para considerar o sinal, achamos que, tecnicamente, essa ocorrência ampara o viés de alta do dólar", afirmou Vamvakidis em nota. Oficialmente, o BofA estima dólar a 3,60 reais no fim de 2019.

Karen Jones, analista do alemão Commerzbank, afirmou que apenas a queda do dólar para baixo de 3,74 reais levaria o banco a adotar visão tecnicamente favorável ao real. "Apenas isso traria de volta ao radar as taxas de 3,67 reais do fim de janeiro, início de fevereiro", completou. 

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