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Ibovespa vira para alta nos instantes finais e tem melhor maio em 11 anos

Presidente Donald Trump não descarta “fase 1” do acordo comercial e alivia tensão de investidores

BOLSA: o dólar americano fechou o dia valendo 5,08 reais. / REUTERS/Paulo Whitaker (REUTERS/Paulo Whitaker/Reuters)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 29 de maio de 2020 às 17h30.

Última atualização em 29 de maio de 2020 às 17h58.

O Ibovespa, principal índice brasileiro de ações, reverteu as perdas nos instantes finais do pregão desta sexta-feira, 29, alinhando-se às bolsas americanas, que subiram, após o discurso presidente Donald Trump sobre a China ter sido mais brando do que o mercado esperava. Por aqui, o Ibovespa encerrou em alta de 0,52%, em 87.402,59 pontos. No mês, o índice subiu 8,57% - a maior valorização para maio desde 2009.

Na maior parte do dia, o índice permaneceu em terreno negativo à espera de que o presidente Donald Trump fizesse um discurso mais duro em resposta à tentativa da China de exercer maior controle sobre Hong Kong com a aprovação da lei de segurança nacional sobre o território autônomo. Entre os investidores, havia grande preocupação de que Trump rasgasse o "fase 1" do acordo comercial - o que não ocorreu.

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“A sinalização de que ele não deve fugir da “fase 1” do acordo tirou o pior cenário da frente. Apesar de ele ter elevado o tom com a China, Trump não vai levar tudo a perder”, afirmou Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital.

Em seu discurso, porém, Donald Trump reiterou as ameaças às empresas chinesas listadas no mercado americano, com o intuito de limitar investimentos de americanos nessas companhias. A possibilidade de empresas chinesas serem deslistadas de bolsas americanas vinha sendo sondado desde meados de maio. "Ele só confirmou", disse Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos. Segundo o analista, o discurso "gerou alívio".  "[ Donald Trump ] limitou suas críticas à ação de Pequim contra a autonomia de Hong Kong, sem anunciar nenhum medida de retaliação mais forte, principalmente na relação comercial", comentou.

Mas a tensão entre os dois países promete novos desdobramentos. Com a aproximação das eleições americanas, Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, acredita que a disputa entre China e Estados Unidos deve se acirrar nos próximos meses, já que o eleitorado de Trump é favorável aos embates com os chineses.

Recentemente, Trump chegou a acusar a China de espalhar notícias falsas para favorecer seu concorrente, o democrata Joe Biden, na corrida pela Casa Branca.

"É possível que o tom aumente, sobretudo com o crescimento do Joe Biden nas pesquisas eleitorais. O Trump vai querer ressaltar as diferenças", afirmou Arbetman.

No radar dos investidores também esteve o PIB brasileiro do primeiro trimestre, que teve contração de 0,3% na comparação anual, enquanto a mediana das projeções apontava para uma queda de 0,4%. “O mercado gostou. Esse 0,1% faz toda diferença”, afirmou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. Ainda antes da abertura do mercado à vista, o Ibovespa futuro chegou a operar em alta, logo após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) a divulgar o resultado.

Na bolsa, o setor de ações ligadas ao setor de aço e minério de ferro foram as grandes responsáveis pela alta. Os papéis ações da Vale, que possuem a maior participação no Ibovespa entre os que compõem a carteira teórica, avançaram 5,8%. Já as ações da CSN e Usiminas disparam 7,4% e 4,3%, respectivamente.

“A alta reflete o preço do minério de ferro no mercado internacional, que chegou perto dos 100 dólares, com a expectativa de uma demanda ainda mais forte da China. Também há a queda de demanda, devido a menor atividade da Vale”, disse Zanlorenzi

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