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Ibovespa desaba 3%, volta aos 121 mil pontos e fecha julho em queda

Recuo de quase 6% nas ações da Vale puxam o índice para baixo; dólar dispara e chega a R$ 5,21

Painel de negociações da B3 | Germano Lüders/ Exame (Germano Lüders/Exame)
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Beatriz Quesada

Publicado em 30 de julho de 2021 às 17h26.

Última atualização em 30 de julho de 2021 às 18h03.

O Ibovespa encerrou a última sexta-feira de julho aos 121.800 pontos, em queda de 3,08%. Este foi o maior recuo percentual do índice desde o início de março e a pontuação de fechamento mais baixa desde o dia 14 de maio. Com o resultado, o Ibovespa recuou 3,94% no acumulado do mês de julho.

O principal índice da B3 foi pressionado pela forte queda nas ações da Vale (VALE3) e discussões sobre ampliação do Bolsa Família com recursos fora do teto de gastos. Segundo a Bloomberg, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou em evento no Rio que “há fumaça no ar”, referindo-se a ameaças de novas despesas que afetem o orçamento, mas que está “trabalhando num ataque direto a esse possível fator de desestabilidade” e que o teto não será furado pelo Bolsa Família.

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“Há o receio que o teto dos gastos seja definitivamente abandonado na tentativa de recompor renda via transferências do Bolsa Família. Investidores também ficaram incomodados com a deterioração da inflação de médio prazo e alguns se questionam se o IPCA de 2022 já não poderia estar sendo contaminado”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Necton.

O Ibovespa também acompanhou o cenário de perdas nas bolsas internacionais, com investidores avaliando apertos regulatórios na China, balanços corporativos e a persistente disseminação do coronavírus no mundo.

O câmbio acompanhou o cenário de aversão a risco externo e doméstico. O dólar comercial recuou 2,57% e encerrou o dia negociado a 5,21 reais.

Destaques de ações

Com queda de 5,89%, as ações da Vale (VALE3) exerceram a maior pressão negativa para a queda do Ibovespa. A forte desvalorização dos papéis ocorreu após o minério de ferro despencar mais de 7% nas bolsas de commodities asiáticas, tendo como pano de fundo a expectativa de redução da produção de aço na China, com o controle de poluição no país.

"A política de descarbonização bate de frente com a produção de aço na China, onde parte de suas usinas são antigas e por isso poluem mais", comenta Bruno Lima, analista-chefe de ações do BTG Pactual Digital.

As ações da Bradespar (BRAP4) seguiram a desvalorização da Vale. Com participação relevante na mineradora, as ações da holding do Bradesco recuaram 5,66%, figurando entre as maiores quedas do Ibovespa. As siderúrgicas, que também são prejudicadas pela queda do minério de ferro, também fecharam o dia em queda.

A ponta negativa do índice foi ocupada pelas ações da Localiza (RENT3), que despencaram 7,36%, após a divulgação do resultado trimestral. No segundo trimestre, a companhia registrou lucro líquido de 447,9 milhões de reais, acima das projeções de mercado da Bloomberg, de 414,3 milhões de reais. Por outro lado, a receita ficou 50 milhões de reais abaixo das expectativas de 2,75 bilhões de reais.

A forte desvalorização ocorreu após as ações de sua concorrente Movida (MOVI3) terem disparado mais de 8% na véspera em reação a seu balanço. Nesta sexta, no entanto, as ações da Movida também cederam ao terreno negativo e recuaram 1,97%, enquanto a Unidas (LCAM3), que vem caminhando para concretizar uma fusão com a Localiza, caiu 5,85%.

Apenas duas ações das 84 do Ibovespa fecharam o dia em alta: Telefônica Brasil (VIVT3) JBS (JBSS3) e Cielo (CIEL3) com altas respectivas de 0,39%, 0,34% e 0,3%.

O grande destaque de alta ficou fora do Ibovespa, com as ações da Clear Sale (CLSA3) disparando 14% em seu pregão de estreia na B3. A demanda pelos papéis esteve alta já em sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), com a companhia conseguindo precificar seus papéis no topo da faixa indicativa, a 25 reais. Hoje, eles já são negociados por mais de 29 reais.

Mercado internacional

Em Nova York, o índice de tecnologia Nasdaq fechou o dia em queda de 0,71%, após o resultado da Amazon, divulgado na última noite, ter frustrado as expectativas do mercado. No segundo trimestre, a companhia registrou receita líquida de 113 milhões de dólares, abaixo dos 115 milhões de dólares esperados. Esta foi a primeira vez que o resultado veio abaixo do consenso desde o início da pandemia.

As ações da companhia caíram 7,56% e os BDRs negociados no Brasil ( AMZO34 ) encerraram o pregão em queda de 2,97%.

Na Europa, o Stoxx 600 caiu 0,45%, com investidores avaliando dados econômicos do continente. Divulgado nesta manhã, o PIB da Zona do Euro superou as estimativas de 2%, crescendo 2,2%. Por outro lado, o PIB trimestral da Alemanha avançou apenas 1,5%, abaixo das expectativas de 2%. Já a inflação do bloco europeu veio acima do previsto, com o índice de preço ao consumidor batendo 2,2% no acumulado de 12 meses. O consenso era de 2%.

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