Ibovespa desaba 3% e zera alta no ano acompanhando NY; dólar supera R$ 5
Apostas de aperto monetário mais duro nos Estados Unidos disparam, apesar de comentários de Jerome Powell
Guilherme Guilherme
Publicado em 5 de maio de 2022 às 10h40.
Última atualização em 5 de maio de 2022 às 16h42.
Ibovespa hoje: a influência negativa dos Estados Unidos derruba o principal índice da B3 em mais de 3% nesta quinta-feira, 5. Na mínima do dia, o Ibovespa chegou a zerar a alta no ano, voltando à casa dos 104.000 pontos.
- Ibovespa: - 3,23%, 104.847 pontos
A forte reação responde ao ciclo de aperto monetário nos EUA – a taxa de juros no país foi elevada em 0,5 ponto percentual na véspera. No pregão de ontem, os mercados chegaram a reagir positivamente após o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmar que a intensidade do aperto monetário não deveria subir para uma alta de 0,75 p.p. na próxima reunião de junho.
Mas o alívio foi apenas momentâneo. A alta de preços nos Estados Unidos, que está em 8,5% ao consumidor, segue no centro das preocupações e os principais índices de Nova York – que fecharam o último pregão com altas de mais de 2% – hoje operam em forte queda.
O índice de tecnologia Nasdaq, mais dependente de juros baixos na economia americana, tem o pior desempenho de Wall Street, caindo mais de 4%. A queda, até o momento, é a maior já registrada pela bolsa de tecnologia dos Estados Unidos desde junho de 2020.
- S&P 500 (EUA): - 3,37%
- Nasdaq (EUA): - 4,73%
Apesar das declarações do presidente do Fed, o mercado tem aumentado as apostas de um aperto monetário mais duro na economia americana. O rendimento dos títulos do Tesouro com vencimento em 10 anos, que refletem a expectativa de alta de juros para o período, disparam em mais de 17 pontos base, superando a marca de 3%.
A probabilidade de o Fed ter que subir a taxa de juros em 0,75 p.p. já na reunião de junho saltou de 0%, no início do dia, para 82,9%, segundo o monitor do CME Group. A maior parte das apostas já é de que a taxa de referência do Fed, hoje entre o intervalo de 0,75% e 1%, termine o ano acima de 3%, ainda de acordo com o CME.
O sentimento generalizado de aversão a risco prejudica as bolsas e fortalece o dólar, a medida que investidores buscam opções mais seguras de investimento. Assim, a moeda americana – que havia fechado próximo de R$ 4,90 após o discurso de Powell ontem – nesta quinta dispara e volta a ser negociado acima de R$ 5.
- Dólar: + 2,60%, R$ 5,031
Destaques de ações
A valorização do dólar ajuda a impulsionar as ações de empresas exportadoras e produtoras de commodities. Entre as 91 ações do índice, apenas as as siderúrgicas Gerdau (GGBR4) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4) e as exportadoras de celulose Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) operam em alta.
A temporada de balanços também influencia as altas. A Suzano divulgou ontem seus resultados, mostrando uma reversão de prejuízo e um lucro de R$ 10,3 bilhões no primeiro trimestre deste ano.
Já a Gerdau registrou 19% de alta em seu lucro líquido nos três primeiros meses deste ano. Além disso, a empresa e sua subsidiária, a Gerdau Metalúrgica, anunciaram o pagamento de dividendos, o que ajuda no desempenho das ações.
- Gerdau Metalúrgica (GOAU4): + 3,63%
- Suzano (SUZB3): + 2,73%
- Gerdau (GGBR4): + 2,44%
- Klabin (KLBN11): + 0,72%
Entre as quedas, um dos destaques é a BRF (BRFS3), que chegou a desabar 12% ainda no início do pregão, após o resultado do primeiro trimestre ser mal recebido por investidores.
Os papéis, no entanto, reduziram parte das perdas, conforme o foco do mercado mudou para a alta de juros dos Estados Unidos. A companhia, que havia dado lucro de R$ 22 milhões no mesmo período do ano passado, registrou prejuízo líquido de R$ 1,546 bilhão desta vez.
- BRF (BRFS3): - 5,27%