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Ibovespa volta a cair com queda histórica do petróleo no exterior

Incerteza sobre duração da pandemia do novo coronavírus aumenta aversão a risco

 (Paulo Whitaker/Reuters)

(Paulo Whitaker/Reuters)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 20 de abril de 2020 às 15h46.

Última atualização em 20 de abril de 2020 às 15h47.

Não durou muito tempo a alta do Ibovespa. O principal índice da bolsa de valores brasileira chegou a inverter o movimento de queda e passou a subir com declarações mais amenas do presidente Jair Bolsonaro. Mas o indicador voltou a cair com o recuo histórico do preço do contrato de futuro de petróleo para o negativo - chegou a ser negociado a menos 7,30 dólares.

Às 15h43, Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, caía 0,38%, para 78.690 pontos.

O petróleo dos EUA caía mais de 100% para menos 7,30 dólares por barril. "É a primeira vez na história, desde 1946, que um contrato futuro de petróleo negocia com valor negativo na bolsa de Chicago [CME]. Está mais caro rolar o contrato de barril de petróleo de maio para junho do que zerar a operação e fazer de novo", comenta Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset. Já o petróleo Brent recuava 6,27%, a 26,32 dólares por barril, às 14h53 (horário de Brasília).

Os preços têm sido pressionados há semanas com a pandemia de coronavírus destruindo a demanda pela commodity.

A Arábia Saudita e a Rússia até chegaram a um acordo há mais de uma semana para cortar a oferta de petróleo em 9,7 milhões de barris por dia, mas isso não deve fazer com que o excesso de oferta global seja reduzido rapidamente.

No Brasil, as previsões desanimam os investidores. O Produto Interno Bruto do país deve cair 2,96% neste ano, segundo a pesquisa semanal Focus, feita pelo Banco Central com analistas de mercado. No levantamento anterior, a retração estimada era de 1,98%.

Ontem, desrespeitando novamente as recomendações de distancimento social para conter a disseminação da pandemia, Bolsonaro participou de uma manifestação em Brasília que pedia um novo Ato Institucional número 5 – que, em 1968, inaugurou o período mais duro da ditadura militar no país – e o fechamento do Congresso Nacional.

O presidente disse a um grupo de manifestantes que acabou a "época da patifaria". "Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás, nós temos um novo Brasil pela frente", disse Bolsonaro, em meio a acessos de tosse, de cima da caçamba de uma caminhonete que usou como palco. Os comentários foram criticados por partidos de todo o espectro político.

Na manhã desta segunda-feira, 20, Bolsonaro usou mais uma vez a tática de desdizer o que havia afirmado para tentar colocar panos quentes na situação. Ao sair de sua residência oficial, o Palácio da Alvorada, disse a jornalistas que defende o Supremo Tribunal Federal e o Congresso "abertos e transparentes".

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